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— Tem certeza de que é por aqui? — Aspen perguntou assim que atravessaram o lodaçal no meio do bosque

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Tem certeza de que é por aqui? — Aspen perguntou assim que atravessaram o lodaçal no meio do bosque. Durante todo o tempo que levaram embrenhados na mata, uma estranha excitação foi tomando conta dele, e era a primeira vez que abria a boca para reclamar de alguma coisa.

Mesmo assim, o comentário não foi muito bem recebido.

— É claro que eu tenho! Já usei este caminho muitas vezes. — Pavetta resmungou, ela mesma aparentando impaciência com a demora em chegar ao destino. Calendra suspeitou que, na verdade, estivessem perdidos, mas sabia que a amiga jamais admitiria tal coisa.

Isso porque, a fim de encurtar o caminho, Pavetta sugerira que seguissem direto pelo bosque ao saírem da taverna de Vaughn. Os demais concordaram sem hesitar, mas logo perceberam que tal ideia não havia sido das melhores. Ao se embrenharem no matagal cerrado, depararam-se com um clima terrivelmente congelante.

Havia neve acumulada nos sapatos, que, quando derretida, encharcava-os por completo. O vento cortava a pele sem piedade. O frio fazia com que tremessem com violência. E para piorar, tiveram de passar por um terreno lodoso que deixou as roupas completamente arruinadas. Já era tragédia suficiente para se suportar sem que se fizessem mais comentários que, apesar de pertinentes, transformavam o humor de Pavetta em algo deveras azedo.

Calendra tentava enxergar a situação com bons olhos, pois, ao contrário do que se poderia imaginar, sentia-se muito contente. Volta e meia espiava os dois amigos e sentia um pequeno sorriso se desenhar em seus lábios. Estava aliviada por ter partilhado o fardo de seu segredo com alguém, maravilhada ao perceber que Pavetta se encarregara da situação como se fosse a atitude mais óbvia de se tomar, satisfeita por Aspen tê-las seguido sem hesitação. Ressentia-se somente do fato de seu irmão não estar entre eles, mas algo dentro de si lhe dizia que era importante para ela estar só.

— Eu acho que conheço aquela trilha. — Calendra disse ao avistar uma singela abertura entre as árvores. O chão estava coberto de neve, mas, mesmo assim, reconheceu a inclinação da colina e o formato e disposição das plantas e das pedras pelo caminho.

Pavetta soltou um suspiro aliviado.

— Ótimo! Tome a frente se quiser.

Seguiram a passos apressados na direção indicada por Calendra, guiados pelas lembranças que rapidamente foram convertidas em certeza quando, de longe, seus narizes começaram a farejar os odores indiscutíveis de fumaça e tabaco.

Aspen apontou para frente, animado.

— Vejam! Aquilo ali é uma casa?

De fato, quando se olhava com atenção a construção rústica e tosca metida dentre as raízes do solo lamacento, verificava-se que, sim, era uma casa. Entretanto, estava tão escondida em meio às urzes e o matagal que não se podia ter certeza. De qualquer modo, a sua constituição não era de grandes proporções. Era um lugar sombrio, o telhado coberto de hera e trepadeiras de folhas robustas mescladas à neve, que fazia o restante do trabalho em cobrir as telhas. Impressionante ainda se manter em pé com tanto peso.

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