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Antes que Ravenna tivesse como responder, sua fala foi interrompida pelo som inconfundível de risadas infantis, uma gritaria vinda desde os aposentos do segundo andar e uma agitação característica de gente recém-desperta

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Antes que Ravenna tivesse como responder, sua fala foi interrompida pelo som inconfundível de risadas infantis, uma gritaria vinda desde os aposentos do segundo andar e uma agitação característica de gente recém-desperta. Calendra ouviu os passos de Marion no corredor e logo sua figura surgiu, seguida de perto pela de Adilah. Os olhos da embaixatriz seguiram diretamente para as duas mulheres, seu semblante mudando para algo mais suave ao notar as crianças descendo as escadas imediatamente atrás delas, aos tropeções.

— Oh, mas que bela cena! — Exclamou ela, contente, o que acabou por surpreender a todos, que ainda não haviam notado a sua presença. — Estávamos muito ansiosas à espera de vocês!

— Minha cara! — Marion exclamou ao se deparar com Ravenna. Seus olhos rapidamente esquadrinharam o ambiente, desde a embaixatriz em sua sala de estar até Calendra, sentada em frente, e Calendra tentou imaginar o que poderia estar se passando por trás daquele par de olhos verdes, tão parecidos com os de sua mãe. Apesar da certeza de que estivesse estranhando aquela cena, ela não permitiu que nada transparecesse em seu semblante. — Será que dormi mais do que a cama ou o nosso horário era mais cedo do que eu me recordava? Não sabia que você já estava aqui.

Ravenna acenou com a mão, dispensando formalidades.

— Não se preocupe, eu que acabei me adiantando, mas sua bela sobrinha se encarregou de me recepcionar. Ela foi tão gentil e atenciosa que nem notei o tempo passar. — Ao mencionar a palavra tempo, ela se voltou para Calendra e discretamente lhe lançou uma piscadela, como se ambas compartilhassem um segredo.

O olhar desconfiado não deixou o rosto de Marion.

— Estou vendo.

Como se a conversa com Calendra nunca tivesse acontecido, Ravenna se ergueu da poltrona, indo na direção de Marion e a cumprimentando de modo respeitoso. Os lábios desenhavam um sorriso polido, e uma aura reflexiva se sustentava em sua expressão misteriosa. Logo em seguida, aproximou-se de Adilah para a saudar, ainda que não da mesma maneira como havia feito com Marion. Calendra aproveitou o momento para escapulir de fininho, lançando um novo chute às costas de Rohden. Desta vez, ele despertou, guinando a cabeça em um sobressalto tal que fez seu pescoço estalar.

Ele soltou um muxoxo, esfregando a região dolorida.

— Pelo fogo que me arde! O que foi, Calendra? Isso é jeito de acordar quem está dormindo? — Havia evidente irritação em sua voz, além de uma carranca em seu rosto, mas ela as ignorou, sussurrando perto de seu ouvido para que somente ele pudesse ouvir:

— Levante-se logo, Rohden. Ravenna está aqui!

— Oh? — Ainda atordoado, ele se levantou, chutando a coberta para um canto escondido atrás do sofá e jogando as almofadas de volta ao lugar de origem. Por sorte, Marion havia envolvido Ravenna em uma conversa e isso fizera com que nenhuma delas percebesse o pequeno caos que era Rohden naquela manhã. Calendra se aproximou dele e esfregou seu rosto na tentativa de aplainar uma das tantas marcas rosadas deixadas em sua pele pelas horas de sono. Ele limpou a saliva do canto da boca antes de exclamar: — Por que você não me acordou logo? Faz muito tempo que ela chegou?

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