Capítulo 21

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Alice
16/11/2019

Sempre adorei os filmes da Disney e todos os contos de princesas que ela possui. Desde clássicos do tipo A Branca de Neve até versões mais empoderadas como Valente. Mas tenho que admitir que os meus favoritos quando criança eram justamente Cinderela, A Bela Adormecida e A Pequena Sereia. O motivo? Todos eles apresentam um ponto em comum: o amor à primeira.

Minha eu de dezesseis anos acreditava fielmente nessa metodologia. Talvez seja por isso que fiquei tão obcecada por Vinícius na época do fim do ensino médio, afinal, eu tinha enfiado na minha cabeça que desde a primeira vez que o vi eu tinha me apaixonado, assim como a minha tão querida Ariel.

É engraçado pensar que em tão pouco tempo as coisas podem mudar completamente. Em um dia eu era a menina apaixonada que pensava estar vivendo em um dos livros de romance que eu tanto lia e, no outro, a vida real chegou e me derrubou com a melhor rasteira que conseguiu.

No início do ano lembro de ter pego a versão live action de Cinderella para rever com Emma. Meu amor pela história continua o mesmo, mas hoje em dia eu consigo reconhecer que aquilo não passa de ficção.

Quando esse filme lançou eu tinha dezesseis anos e estava no meio do meu namoro com o Vinícius, meu pai ainda morava dentro de casa e minha vida ainda era considerada perfeita. Lembro-me de sair do cinema como se estivesse nas nuvens e a única coisa que eu conseguia pensar era que minha história e do meu namorado iria ter o mesmo final e que iríamos viver felizes para sempre.

Eu era tão ingênua.

Acabou que eu e Em assistimos o filme inteiro dando muitas risadas sobre o quanto tudo aquilo era absurdo e o quanto a vida real era completamente diferente dos contos de fadas.

Lembro que de madrugada estávamos deitadas no sofá, quase dormindo, quando minha melhor amiga soltou um questionamento antes de apagar ao meu lado:

— Como será que o amor acontece?

Depois que essas palavras saíram por sua boca, todo o sono que sentia escorreu pelo ralo e eu me lembro de sentar no sofá e ficar encarando a tela pausada nos créditos do filme por mais tempo do que pretendia. Eu refleti tanto sobre essa pergunta, buscando inúmeras respostas, baseadas desde os milhares livros e filmes de romance dos quais sou uma ávida consumidora, até a minha própria experiência com o Vinícius.

A questão é que mesmo depois de horas, sentada ali, apenas pensando, eu não consegui encontrar uma resposta e sim apenas mais perguntas.

"Como que eu sei que amo alguém?"

"O que fazemos para parar de amar uma pessoa?"

Na época fiquei extremamente confusa por ter passado por todas as etapas de um relacionamento e mesmo assim não possuir aquelas respostas. Afinal, como eu pude amar um menino e depois parar de amá-lo sem não ter nem ideia de como isso tudo aconteceu?

Agora, deitada na minha cama em posição fetal, eu tenho a resposta para isso.

Eu não amei Vinícius.

Eu realmente, por muito tempo, pensei que aquilo era amor, mas hoje consigo ver que não passava do meu subconsciente desesperado para ter alguém em quem se apoiar.

Blair Waldorf, uma das minhas personagens favoritas do mundo todo, uma vez disse:

Tenho agido como se estivesse bem, mas não estou... Chamam de coração partido, mas meu corpo todo dói. E se eu ficar assim para sempre? E se eu nunca superar o Chuck?

DEFENCELESS | H.S |Where stories live. Discover now