27 de Outubro - parte 4

42 4 0
                                    

Apesar de exausta, não conseguia dormir, atormentada pela pergunta: o que Arthur queria comigo? Deitei na cama. Toda a alegria que senti no beijo desaparecera. Permanecia apenas a tristeza da briga.


    Duas horas se passaram. Por causa da dor eu só havia cochilado. Levantei-me morrendo de fome, indo até a cozinha para achar alguma coisa para comer. Peguei um cacho de uvas, resolvendo andar pela casa. No final do corredor havia uma porta que vivia trancada. Sabia que dava para a sacada, mas mesmo de fora da casa não conseguia enxergá-la. Naquela madrugada a porta se encontrava aberta. Encostada, com um feixe de luz escapando por uma brecha.

    Meus passos tinham um ritmo lento e disciplinado, e a respiração saía da minha boca em plumas brancas de vapor que voltavam agudas e frias como cacos de gelo. Ao entrar na sacada minha expressão ficou escancarada. O lugar parecia Paris.

    Havia uma piscina repleta de luzes coloridas, enfeitando uma cascata artificial. Vários arbustos de flores também estavam enfeitados com essas lâmpadas, que me lembravam do Natal. Dois balanços brancos, como aqueles típicos de filmes, estavam ao centro. Existia também um caldeirão de ferro preto borbulhando um líquido roxo.

   Sentado em um dos balanços se encontrava Arthur. Vestia calça e camisa brancas. Segurava uma garrafa de vinho ainda fechada, usava chinelos, e mostrou um olhar levemente intrigado quando entrei. Arthur serviu vinho em dois cálices, e depois se sentou, colocando os pés sobre um dos balanços.

    – À loucura! – disse ele fazendo um brinde.

   Sem muita opção acabei aceitando:

  – À loucura!

A FadaWhere stories live. Discover now