— Minha mãe era francesa. — Responde. — Cresci nessa cidade.

É uma informação que me pega totalmente despreparada, nunca imaginaria qualquer coisa só tipo. Soube que Shawn é canadense então cogitei que ele teria crescido no Canadá e provavelmente sua família seria como aquelas famílias tradicionais do país que a casa tem cheiro de bolinho,  final de ano procuram um pinheiro juntos e são obcecados por hóquei

— Você ficou calada, devo me preocupar?— Shawn questiona me olhando de relance, e percebo que ele está me provocando. O que me faz rir mesmo diante da expressão neutra do meu segurança.

Ele tem senso de humor até demais, só não costuma mostrar.

— Estou perplexa, para ser sincera.

— É difícil imaginar que cresci em Paris?— Shawn vira agora o rosto na minha direção,  e por estarmos praticamente lado a lado, faz com que nossos rostos fiquem aliados.

— É difícil imaginar que não nasceu adulto. — O provoco. — Tipo, que já foi uma criança.

Sua expressão me faz querer rir, a forma como sua sobrancelha Arqueia levemente e ele faz um som de desdém com a respiração ao virar a cabeça novamente na direção da torre.

— Sua mãe deveria ser uma mulher magnífica. Falam isso das parisienses  — Falo sem ignorar que a citar a mãe ele falou no sentido do passado, não vou perguntar o que aconteceu com ela, não tenho o direito. Se ele quiser falar, dirá isso naturalmente.

— Sim, ela era incrível. — Confessa com sua voz um pouco mais jovial, meus olhos passam por sua expressão percebendo pela primeira vez o quão mais jovem Shawn é do que parece. Não em questão física, mas ele da a entender que passou por muita coisa e realmente deve ter passado. Mas também, é visível que por dentro tem um garoto ali.

— Não tenho muito o que falar sobre minha infância. —  Dou de ombros apoiando minha mão para trás no chão e deixando meu corpo pender um pouco para trás também. — Meu pai nunca me deixaria chegar a sair de casa sem sua permissão, imagine então descobrir um prédio abandonado para brincar.

Rio imaginando o quão absurdo isso até soa pra mim, principalmente pelo pai que eu sei que tenho.

—  Minha mãe não sabia que eu aprontava dessa forma, mas acredito que ela não teria ficado furiosa. Provavelmente só preocupada.— Shawn responde ainda com seu olhar focado na torre e um sorrio triste me escapa.

—  Meu pai fica furioso com tudo.—  Respondo sentindo agora seus olhos sobre mim, como se isso chamasse sua atenção, e percebo que vai soar como um alerta em sua mente. Shawn não é burro, e no momento ele parece inteligente até demais para que eu consiga lidar caso comece com questionamentos.

Mas felizmente ele não fala nada e continuamos calados até percebo que talvez seja mais tarde do que planejavamos ficar, mas está tão bom. Não somente pela companhia dele aqui comigo, mas me sentir um pouco anonima as vezes, vendo a torre brilhante a minha frente, e o vento bagunçando meu cabelo sem me importar de mante-lo arrumado  pro caso de um paparazzo estar por perto.

—  Obrigada de novo.—  Agradeço virando meu rosto para o rapaz que também vira a cabeça em minha direção, e novamente nossos rostos ficam proximos.

Sinto sua respiração a poucos centimetros dos meus lábios, e me questiono como nos aproximamos tanto sem perceber, em um tipo de magnetismo incapaz de ser notado mas que está aqui o tempo todo.

Shawn não me responde, seus olhos continuam focados nos meus, e me movimento um pouco desconfortavel diante da sensação que sobe por meu corpo fazendo-me arrepiar, e sei que não é por causa do vento frio que passa por nós.

Nessa ação a alça do meu vestido cai descendo por meu ombro até parar no meu braço, fazendo um pedaço do decote aumentar e os olhos de Shawn acompanharem calmamente esse movimento. Antes que eu possa fazer alguma coisa, ele ergue a mão tocando a minha pele do braço retirando minha respiração, fazendo-me ofegar como uma pré adolescente proxima do crush de escola. 

Ele tem esse poder sobre mim.

Seu dedo indicador passa por baixo da alça ficando entre ela e a pele do meu braço, e observo isso sob meus cílios com meu queixo quase tocando meu ombro enquanto sua respiração reflete em minha pele causando arrepios inadequados.

Devagar sinto seu polegar subir com a alça roçando contra minha pele, fazendo-me quase fechar os olhos no gesto, e é patética a forma como meu coração está acelerado quando a alça volta ao seu lugar seu toque se distancia da minha pele. 

Ergo meus olhos encontrando os seus diretamente conectados a mim, meus lábios estão entreabertos e nunca senti uma necessidade tão profunda de beijar alguém, um desejo tão ardente como este.

— Robert daqui a pouco irá me ligar novamente.—  Shawn fala de repente se levantando e continuo parada como estava sem acreditar que ele vai mesmo ignorar o que quase aconteceu aqui. 

—  Ele deve estar te confundindo com minha babá.—  Respondo também não me importando se ele vai ou não ignorar o clima que apareceu anteriormente, se ele quer assim, então ótimo.

Não vou ficar correndo atrás dele, sinceramente, cansei e nem mesmo tenho psicológico mais para isso. Não depois dos últimos dias infernais, a unica coisa que eu quero é que essa peça acabe logo e meu nome suma dos noticiários por tempo o suficiente para que eu possa me iludir pensando que esse inferno acabou para que eu retorne de novo.

Shawn não fala mais nada enquanto descemos os degraus do edifício, ele me ajuda em alguns momentos quando desconfia se o degrau é confiável me dando sua mão para que eu me apoie, mas somente isso.

Até que cheguemos ao hotel o silencio é mortal, mas ainda assim me sinto ainda agradecida a ele por hoje porque sei que sua intenção foi nobre ao me levar aquele terraço para desestressar um pouco. E isso  é um gesto é que eu não vou esquecer.

 E isso  é um gesto é que eu não vou esquecer

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SHE | S.M ( completo)Where stories live. Discover now