22 - Caminho reverso

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     O alvoroço de curiosos rodeava o pilar da torre azul, com os olhos atentos a multidão tentava obter respostas sobre o ocorrido e se Sorah ali caída ainda estava viva

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     O alvoroço de curiosos rodeava o pilar da torre azul, com os olhos atentos a multidão tentava obter respostas sobre o ocorrido e se Sorah ali caída ainda estava viva. O mover de um braço causou a comoção de todos que assistiam, e o abrir dos olhos veio com um susto, pois estar no centro de um tumulto era algo aterrorizante para a pobre garota, a confirmação de que seu corpo ainda habitava vida despertou uma reação negativa em alguns membros da esquadra azul que lamentavam por ela ter sobrevivido.

     Os comentários negativos e frustrados com a sobrevivência dela gerou uma grande revolta que a fazia arder em ódio, mesmo fragilizada por causa dos ferimentos em seu corpo, forçou-se a usar todas as suas forças para se levantar e sair daquele aglomerado, a cada passo a multidão abria espaço para a sua passagem, sua caminhada cada vez mais rápida causou curiosidade, quando alcançou a ponte de acesso ao pilar central onde situava-se o túnel do destino, todos os olhos atentavam para Sorah, imaginavam as mais diversas possibilidades.

     Depois de locomover-se até a extremidade do túnel do destino, ela situou-se na saída, todos atentos imaginavam o que poderia ocorrer caso a lenda do caminho reverso de fato fosse concretizada ali naquele momento, nos tempos atuais ninguém ousou enfrentar o resultado do túnel, então as histórias de pessoas que haviam refeito o caminho não passavam de uma lenda. Abruptamente, Sorah arrancou de si o manto azul símbolo da esquadra e o lançou ao alto deixando o vento o carregar, sentindo-se livre deu passos em direção ao túnel, diante de uma lenda todos ali presentes ficaram atônitos e testemunhavam aquela cena desenrolar-se lentamente.

     Antes de ultrapassar o diâmetro do túnel, Sorah teve seu braço puxado para trás impedindo-a de concretizar sua ação, ao olhar para quem a impossibilitava de prosseguir um rosto conhecido tomou forma, Urion com uma feição de extrema apreensão desabafou:

     — Sorah! Por favor, não faça isso, você realizou um feito grande demais para terminar assim, jamais um ser servil conseguiu entrar na esquadra azul e você sendo a primeira virou a heroína de toda uma classe, não pode jogar isso fora dessa maneira. — Ofegante, Urion confessou num tom mais baixo. — Coisa que imaginei apenas enquanto dormia você concretizou no mundo, em suas mãos tem o meu sonho não vá desperdiçar.

     — O seu sonho. — Com força, Sorah puxou seu braço e soltou-se, carregada de emoção falou. — Não o meu, se este é o seu sonho quem deve realizar é você, não eu. Eu não ficarei na esquadra azul apenas pela gloria de estar na esquadra mais poderosa, passei minha vida toda sendo escorraçada, não quero passar por isso novamente. Buscarei o meu caminho, um lugar onde eu seja aceita como sou!

     Os minutos seguintes foram de extrema reflexão, Urion apesar de não concordar com a atitude de sua amiga entendia seus sentimentos e quando a viu prosseguir pelo túnel não a impediu mais.

     A visão limitando-se a escuridão, tudo desaparecendo e a essência de sentir aflorava-se nas incertezas, o túnel do destino estava sendo contrariado por um ser que buscava outro caminho que diferia do destinado por ele. Quanto mais andava pelo interior do monumento os sentidos de Sorah esvaiam-se e o que a mantinha firme na caminhada era sua vontade de mudar seu destino, ao ver a luz do outro lado do túnel sua mente foi invadida por um alto barulho como o de marteladas definindo um decreto, ao ultrapassar toda a extensão do túnel um forte brilho a cegou fazendo-a desmaiar, antes que sua mente desligasse totalmente uma frase ecoou "ninguém é senhor do seu destino."

     Labirintos, em sua frente, Sorah via uma imensidão de túneis os quais não parecia haver fim, um barulho estrondoso chamou sua atenção e ao verificar a procedência viu uma forte luz branca em sua retaguarda, observando por alguns instantes notou que a luz apagava tudo que alcançava. Em alta velocidade a branquidão vinha devastando tudo, com temor de ser alcançada, ela transformou-se em sua forma mágica e voou o mais rápido que pôde tentando distanciar-se da luz.

     Por caminhos desconhecidos, Sorah voava pelos túneis sem saber onde terminaria, nesse momento seu único intuito era fugir da destruição. Com tantas possibilidades tremulava pela direita engatava a esquerda, revoava para cima e abaixo, seu limite era até onde pudesse escapar, após a intensa retirada surgiu à luz no fim do túnel ao perecia aquela intensa jornada havia chegado ao fim.

     Atravessando o túnel a gloria não chegou, pois do outro lado havia uma barreira que a impedia de escapar, Sorah desesperou-se naquele instante a luz terminava de apagar todo túnel e continuava avançando. Decidida a não se entregar, ela continuou a voar mesmo sem nenhum destino a frente seguiria até onde pudesse, ao esbarrar no limite surgiu uma nova ruma de rotas com destinos infinitos e seus olhos abriram-se.

     Acordando novamente rodeada por uma multidão, Sorah sentiu suas mãos aquecer, e mesmo desorientada estava amparada, ao enxergar o rosto de Urion a sua frente segurando suas mãos e a frase que a confortou:

     — Agora você é dona do seu destino.

Há MagiaWhere stories live. Discover now