09 - Sem magia

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   O tempo reconstruiu o mundo e as cicatrizes deixadas pelo ataque dimensional ainda afligia muitos seres, mesmo com a reestruturação plena aquele mundo vivia mergulhado em magoas do passado

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   O tempo reconstruiu o mundo e as cicatrizes deixadas pelo ataque dimensional ainda afligia muitos seres, mesmo com a reestruturação plena aquele mundo vivia mergulhado em magoas do passado. A sociedade manteve-se adepta dos antigos costumes apesar de algumas evoluções com o passar o tempo as tradições ainda se mantinham como uma ordem geral.

   Nos campos onde o capim alto era dobrado pelo vento encontrava-se uma jovem, a pequena Sorah havia crescido, em seus cabelos negros e curtos destacava-se um broxe brilhante, sua pele clara queimava sob o sol, suas roupas sujas demonstravam o tamanho esforço que ela executava. Levantando entre o capim verde, ela debatia a sujeira de sua saia e reposicionava sua jaqueta de manga curta sobre sua blusa preta, seu olhar era triste ao ver seu estado decadente e baixinho sua voz murmurou consigo mesma:

   - Realmente estavam certos? Eu não sei se posso lutar contra as acusações a meu respeito, nem a minha própria família acredita em mim. Vencer as adversidades não é fácil, mas não vou aceitar ser uma "sem magia" mesmo que não considere isso uma ofensa eu vou tentar de tudo para conseguir me transformar na forma mágica, eu quero muito isso.

   Com um par de asas curvas e finas um ser mágico sobrevoava os campos, tratava-se de Lirin, seus cabelos negros destacavam sua pele branca, o seu vestido verde claro expelia faíscas durante o voo, observando os arredores do campo, ela via a movimentação de sua prima que lentamente posicionou-se concentrada com seus olhos fechados, então Sorah passou a emitir uma luz, a energia começou a correr em seu corpo e ao sentir uma forte dor, ela gritou e caiu novamente na relva.

   Ao ver a situação decadente da prima caída sobre o capim, Lirin sobrevoou e projetou sua sombra sobre a face de Sorah que lentamente abriu os olhos e ao captar a imagem os fechou novamente demonstrando aborrecimento. Sabendo que conseguiu o efeito desejado, Lirin começou a rir debochando de sua prima que a ignorava, com o intuito de despertar ainda mais a ira de Sorah, ela ironicamente falou:

   - Já desistiu prima? Pelo seu estado não deve ter conseguido resultado algum!

   - Sai! - Levantando apressada, Sorah caminha se distanciando da conversa rude.

   - Não gosta de encarar meu sucesso perante o seu fracasso. - Persistindo em afrontar sua prima, Lirin segue-a ao gritar. - Fracassada!

   - O que você ganha se comparando com uma fracassada? - Ao sair do campo e caminhar por uma estrada de terra estreita, Sorah encara sua prima ao falar. - Perto de muitos seres talentosos que tem por aí você não é nada excepcional!

   Uma verdade que doeu na alma, Lirin poderia ser a jovem mais talentosa da família Esperança, mas o mundo mágico era cheio de seres poderosos e prodígios cujo fama percorria todos os cantos. Ferida com aquelas palavras, Lirin apressou o voo e pousou na frente de Sorah, encarando-a com ódio, insultou:

   - Sem magia!

   Diante de uma afronta que feria sua alma e sonhos, Sorah paralisou, sentir-se incapaz de viver seus sonhos e provar o seu potencial perante a desconfiança e acusações resultava numa fúria momentânea. Pressionando o punho como se todo o foco da sua raiva estivesse ali, ela instintivamente socou o rosto de Lirin usando toda a sua força, o impacto do golpe a lançou pelos ares e ao perder o controle do voo caiu sobre o solo.

   Vendo Lirin levantar-se lentamente com expressão de dor, Sorah percebeu seu erro, sua atitude desagradaria seu pai que sempre pregou que a violência destruía almas. Depois de recompor-se o evidente ódio que exalava de Lirin clamava por vingança, voando rapidamente na direção de sua prima seu objetivo era feri-la.

   - Eu sinto muito, não queria machucá-la, me desculpe. - Sorah reconheceu seu erro e tentou se redimir.

   Ignorando as desculpas o ódio havia tapado os ouvidos de Lirin deixando-a impossibilitada de perdoar, com seu voo rápido logo alcançou a prima e tentou acertá-la com um soco. Numa manobra rápida, Sorah segurou o punho da adversaria e impediu que o golpe a acertasse, tentando barrar a briga lançou-a para longe.

   Recompondo-se, Lirin plainou pelo ar e sustentou o voo com dificuldades, mas sua a expressão demonstrava o desequilíbrio emocional, com a falha em revidar a fúria consumia sua sanidade. Posicionando os braços cruzados diante do corpo, as mãos dela começaram a emitir uma luz esverdeada indicando que ela estava carregando sua magia para realizar alguma ativação.

   - Eu não terei pena de uma sem magia, usarei sua deficiência contra você. - Num movimento rápido, Lirin descruzou os braços enquanto gritava enraivecida. - "Fragmento vivo!"

   As partículas mágicas que rodeavam Lirin formaram vários paralelogramos esverdeados e conforme a garota movimentava seus braços essas formas eram lançadas com o propósito de atacar. Sendo alvo dessa magia, Sorah agilmente esquivava com grande êxito, porém, num momento de descuido um fragmento passou próximo ao seu rosto e o leve toque causou um corte em sua bochecha.

   Ao passar a mão sob o corte, Sorah viu o sangue manchar sua mão o que a assustou e a desconcentrou totalmente da batalha ficando assim desprotegida, outro fragmento veio em sua direção acertando sua perna e ocasionando uma queda. Os ataques cessaram assim que Sorah caiu ferida, Lirin cancelou a magia, pois sentiu medo de provocar algo mais grave.

   Focada no sangue em sua mão, Sorah tem sua mente invadida por pensamentos existencialistas "Ela não hesitou em me ferir, eu sei o que todos pensam de mim, mas não sabia que o ódio era tamanho a ponto de me atacar com propósitos de execução." Ainda no chão, ela havia caído próxima a algumas pedras, esticando seu braço a garota alcançou a maior pedra que conseguiu, enquanto pensava consigo "Eu posso estar em desvantagem, mas tenho coragem para enfrentar meus adversários."

   Com uma movimentação rápida, Sorah lançou com precisão a pedra que acertou seu alvo

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   Com uma movimentação rápida, Sorah lançou com precisão a pedra que acertou seu alvo. Devido ao forte impacto que recebeu na cabeça, Lirin perdeu o controle do voo e caiu desorientada, enfraquecida pelo golpe, sua forma mágica desapareceu dando lugar a humana, mesmo com a vista embasada viu as gotas de sangue escorrerem de sua testa e marcarem o chão.

   Levantando com dificuldades, Lirin estava possuída por um ódio ainda maior, além da humilhação de ter sido confrontada por alguém que nem mesmo consegue transformar-se em ser mágico, o segundo golpe era como uma derrota, pois findou com o retrocesso a sua forma humana. Correndo desesperada para mais um confronto, ela buscava vencer a qualquer custo como se ganhar pudesse restabelecer sua gloria, extravasando todo o rancor que sentia, ela gritou:

   - Mesmo depois de me acertar você não deixou de ser um fracasso, a maior humilhação da família Esperança uma "sem magia!"

   O eco daquelas palavras nos ouvidos de Sorah deixou-a enfurecida e o instinto de batalha reascendeu-se novamente, as duas garotas corriam para o confronto, cheio de ressentimentos, contradições e ódio. Aquela corrida parecia uma longa maratona em câmera lenta, onde os pensamentos de ambas se centravam na representatividade que a vitória traria.

   Quando enfim aproximaram-se o suficiente para o confronto, as duas armaram os punhos para atacar, e então sentiram um forte aperto no pulso. Um ser mágico surgiu no meio da batalha e as segurou pelo braço antes que elas deferissem qualquer golpe, a agilidade momentânea não poderia ser parada facilmente, para que as garotas não se atacassem o ser às distanciou, lançando-as em direções opostas.

Há MagiaWhere stories live. Discover now