Há Magia

52 - Mais uma dor

   Em um ambiente dominado pela escuridão, os pequenos feixes de luz solar invadiam e guiavam Genitor em busca de seu caminho, assim que avistou o grande trono rochoso o ser fúnebre lançou o corpo de Urion ao chão e ajoelhou-se. Levantando a face vagarosamente, Genitor encarou seu filho que estava acomodado no trono e passou os dados:

   — Grande Filius, trouxe-lhe mais um de sua lista, a cota da família Nution está completa.

   Encarando Urion com seus olhos sombrios contornado por um forte anelado de olheiras, Filius via que seu grande plano estava prestes a se montar por completo, com uma voz fraca e rouca, ele falou:

   — Faltam poucos seres para completar a minha lista. — Depois de uma curta pausa, ele ordenou. — Agora vamos levá-lo.

   Acatando ao mandado, Genitor usou uma de suas ramas sombrias e agarrou Urion ainda desacordado o que facilitou o processo de transporte. Depois de alguns minutos, eles alcançaram um extenso salão e dali em diante soltaram novamente o pobre garoto desmaiado no solo empoeirado.

   — Aqui é uma boa posição para a família Nution? — Questionou, Genitor enquanto encarava um buraco bem-posicionado no salão.

   — Aqui está ótimo para ele. — Respondeu Filios calmamente.

   Após a confirmação, Genitor pegou o corpo de Urion e o colocou dentro do buraco e instantaneamente a areia começou a realocar-se soterrando o corpo do garoto deixando apenas sua cabeça para o lado de fora.

   Alguns minutos depois, Urion acordou, com praticamente todo o seu corpo soterrado o garoto sentia-se sufocado e ofegante ele gritou:

   — Me soltem. — Mesmo forçando o corpo, ele não conseguia mover-se. — Que lugar bizarro é esse?

   — Calma filho, em breve terá essa resposta! — Disse Genitor.

   Afastando-se do buraco onde deixaram Urion, Filius e Genitor caminhavam próximos enquanto conversava:

   — Hora de ativar? — Questionou Genitor.

   — Sim. — Filius montou um círculo com as mãos e recitou a execução. — "Fitas das origens divinas."

   Assim que houve a ativação, o corpo de Urion começou a brilhar e uma luz saiu de seu corpo causando-lhe grande dor e em seguida misturou-se a outras luzes que surgiram por ali, e o forte clarão que se formou revelou a imagem total daquele lugar e via-se vários outros seres soterrados, todas as luzes misturaram-se em um grande globo multicor. Aquele maravilhoso objeto guardava a força vital de todos os seres que foram capturados por Filius e seus aliados, e assim seu plano estava cada vez mais próximo de se concretizar.

   — Em breve eu terei o DNA de todos os seres desse mundo, e finalmente me tornarei filho dele.

   Caminhando sobre a areia fofa e vermelha do deserto, Sorah estava totalmente debilitada e mal conseguia se mover, seu corpo travou por um instante o que a fez cair no imenso areal. Nos céus a equipe triuno que fazia uma ronda matinal viu aquele exato momento e partiu em direção a garota, ao aproximar-se, Titânio a ajudou e levantando-a questionou:

   — O que houve, você está péssima?

   — Fomos atacados. — Ofegante, Sorah tinha dificuldades para falar. — Ele levou meu amigo.

   — Não me diga que... — Com grande preocupação, Jhérfs deduziu. — Foram os sequestradores.

  — Foi um ser fúnebre que se chamava de Genitor. — Relatando tudo o que sabia, Sorah falou de suas suspeitas. — Acho que ele tem alguma ligação com Genetriz.

   — Nas nossas investigações já ouvimos falar dele. — Quione contou. — Eles nunca foram vistos juntos, mas estão praticando as mesmas atividades em sincronia, também acreditamos que esses dois estejam juntos.

   Prestando os primeiros socorros ao tratar das feridas de Sorah, Titânio parecia bastante preocupado, mesmo que há poucas horas eles fossem rivais agora tinham um inimigo em comum o que os tornavam aliados. Decidido o líder do triuno deu o comando:

  — Levem-na para a trincheira, ela precisa ser tratada, eu irei vascular a área para ver se encontro alguma pista.

   — Acho que pelo menos um de nós deveria te acompanhar, pois sabemos que esses inimigos são poderosos. — Jhérfs mostrou seu ponto de vista em relação a ordem do líder.

   — Eu tenho que garantir a segurança dessa garota e por isso preciso que os dois levem-na. — Respondendo a objeção do companheiro, Titânio falou. — Eu sei me cuidar.

   Seguindo o comando do líder da equipe, Jhérfs e Quione agarram a garota ferida pelos braços e alçaram voo em direção a grande trincheira dos desertores para que ela recebesse o tratamento adequado. De todas as dores que Sorah sentia em seu corpo a pior era o sentimento de incapacidade que batia forte em seu coração, pois mais uma vez ela deixou que levassem alguém com quem se importava.