SHE | S.M ( completo)

11

Ela anda sobre seus saltos pretos e finos até a frente de todos onde o apresentador está no palanque que antes foi um pequeno centro para as modelos que mostram as novas peças exclusivas e absurdamente caras da Gucci.

— Boa noite a todos. — A voz suave, e com uma leve rouquidão de Natália reflete quando ela aproxima o rosto do pequeno microfone atrás do apoio usado normalmente em discursos ou cultos. — Estou imensamente fez por fazer parte desse evento, Gucci é uma marca mundialmente conhecida e muito respeitada por ter um legado incrível e roupas igualmente marcantes. — Começa a falar e seu olhar passa pelas pessoas.

Levanto andando pelo canto do lugar até estar próximo da sacada, onde tenho uma visão de todo o ambiente e irei ver caso alguma coisa muito esquisita ocorra. Apesar de estar aqui fazendo companhia a Natália, ainda assim não posso esquecer que estamos sendo vigiados por um stalker que provavelmente não é um "simples fã obcecado".

— Lembro-me de alguns anos atrás quando ainda não era uma atriz da Broadway tão conhecida, e me recordo de ver diversas famosas em tapetes vermelhos com roupas lindas de cortes famosos. E me questionar quando isso iria acontecer comigo. — Natália da uma pausa como se sua mente tivesse de repente viajado para além de onde estamos, o silencio no ambiente é ensurdecedor, e seu semblante é um grande vazio com algumas pitadas misteriosas. — E assim como eu, sei que tem diversas pessoas pelo mundo inteiro que amam a moda, e a forma como tudo está se transformando constantemente nesse mundo, o que já passou pode retornar, podemos reinventar novas tendências, e até mesmo nunca esquece-las. — Ela sorrir passando o olhar pelas celebridades que lhe observam atentamente. — A moda é isso, é muito mais que peças de roupa. Através dela vemos histórias, lutas, vemos toda uma geração que passou ou que está vivendo o agora, vemos tendências, e marcas de movimentos. — Ela completa e os aplausos contidos é como um escape para que ela saiba que já deu o momento dela no palco, então graciosamente desce voltando para sua mesa, e então parece notar que não estou por perto.

Eu sei que tenho que estar próximo dela, mas ao mesmo tempo sinto que preciso de um pouco de distancia dessa mulher porque a cada segundo que fico mais perto dela, do seu perfume, do seu corpo, e daqueles olhares nada sutis. É como se um novo corte fosse feito sobre a minha pele, e eu sei que Natália está tentando enfiar suas unhas dentro da minha carne e rasgar meus ossos enquanto seus olhos demoníacos continuam me seduzindo cada vez mais, é como eu disse, esquisito pra caralho.

No entanto, o pior não é isso. O pior é que eu gosto da sensação do jogo, desse vai e vem, dessa disputa pelo poder que é excitante pra cacete, e isso poderia funcionar perfeitamente com qualquer outra mulher. Mas não com Natália, ela é a porra da fantasia de metade da população estadunidense, e eu sei que ela sabe muito bem como ser totalmente desapegada das pessoas exatamente por isso, não quero ser sua chamada de emergência a noite para esquentar sua cama, e durante o dia estar atrás da porra do psicopata que está atrás dela.

Isso seria a porra da receita perfeita para o maior desastre já visto.

Não conseguiria me privar de começar a sentir coisas além do que um pouco de sexo seria capaz de trazer ao meu corpo, provavelmente as coisas começariam a se confundir entre nós dois, ou pelo menos só para mim. E não estou procurando por problemas na minha vida. E começar a me envolver com uma cliente é totalmente fora dos meus termos, exatamente por isso, só traria mais problemas. Já quero quebrar o desgraçado agora, imagine então se eu começasse a passar ainda mais tempo com Natália e consequentemente nutrir sentimentos por ela? Algo que eu sei que não é difícil.

As coisas ficariam muito...muito feias.

Porque isso se tornaria pessoal pra mim, e quando algo se torna pessoal para mim...Eu vou até o inferno pra foder com esse cara.