18 - Vida E Morte, A Separação

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ELE ESTÁ PASSANDO OS DEDOS PELO MEU CABELO, na minha nuca posso sentir sua respiração. É esquisito... São tantas coisas juntas e emboladas, e mesmo assim quase não sinto necessidade de falar. Não acredito que fiz isso... Que nós fizemos isso. Tenho que admitir que, mesmo embalada por sentimentos e desejos por ele, não pude evitar de ficar no mínimo nervosa. Mas ele foi tão atencioso e cuidadoso comigo que me senti segura. Sim, doeu de início, não é um mar de rosas como falam alguns. Mas apenas por ser com ele, a dor era apenas um pequeno detalhe que logo se ofuscou. O amor dói, não é?

Ele deu um beijo molhado no meu pescoço, minha pele ainda estava sensível, então me provocou um arrepio por todo meu corpo. Sorri. Estávamos deitados debaixo da imensa árvore, nossos corpos colados sobre grama fofa que conseguia crescer perto da força que a árvore irradiava.

Me viro para ele, e me aconchego em seus braços, respirando profundamente seu aroma. Ele me dá um beijo no topo da cabeça que quase me derrete.

— Precisamos conversar... — ele fala com um tom pesado, diferente do de momentos antes. — Muito.

Eu afastei meu rosto o suficiente para vê-lo melhor, seus cabelos estavam lindamente bagunçados, algo que eu fiz questão de fazer. Seus olhos tinham um brilho... Eram de um verde tão lindo. Seus lábios estavam avermelhados dos beijos que o dei. E quer saber, eu dei mais um.

— É sério... — Samael diz afastando seus lábios dos meus com carinho e um sorrisinho.

— Eu também tenho coisas para perguntar.

Ele continua me olhando, segura uma das minhas mãos e entrelaça nossos dedos.

— Por que você não me falou antes? Por onde você esteve esse tempo todo? Por que...

Wow, pode ir com mais calma? — Ele logo fica quieto esperando suas respostas. — Eu não te escondi nada, eu também não sabia.

— Como você poderia não saber? — perguntou ele indignado.

— Eu não me lembro de muitas coisas... Só tive algumas poucas lembranças, enquanto estive sozinha aqui. O lugar e outras coisas parecem que reativaram essas memórias.

— Do que se lembra? — ele pergunta um pouco exaltado, e apertando um pouco a minha mão.

— De você. Lembro de te conhecer, e perguntar seu nome. De você falando que eu não podia evitar a morte... — Sorrio ao perceber algo que ainda não tinha notado. — Quando nós conversamos pela primeira vez no meu quarto, te perguntei como se chamava, e você disse que era a primeira vez que uma humana te perguntava isso.

Ele sorri também, e seus olhos ficam brilhantes.

— Mas, eu não tenho idéia do que aconteceu para chegar até mim, Amélia — digo com o meu ânimo se esvaindo.

— Como se isso fosse ser fácil assim... — ele reclama baixinho.

Falando nisso, não consigo não pensar na última memória, aquela confusa e nada clara.

— Tem algo que eu me lembro muito mal, não sei o que aconteceu direito. Lembro de estarmos aqui conversando alguma coisa, daí muita luz e escuridão, tudo some da minha cabeça. O que aconteceu nesse dia?

Samael faz uma feição doce que logo é substituída por uma estranha. Ele começa a me contar. 

 

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