QUANDO ME DEI CONTA, ele já não estava mais lá. A janela escancarada, e a cortina voando delicadamente. Desobedecendo a ordem que me foi dada, com um pouco de pavor, saí imediatamente do quarto. A casa estava intacta, nada fora do normal; eles estavam do lado de fora. Parei subitamente na escada quando a pressão que senti quando conheci Samael voltou, entretanto, não tão intensa. Podia sentir um cheiro desagradável, forte. Sufocante.
Quando passei pela porta, o sol pegou diretamente nos meus olhos me fazendo perder a visão por instantes. Parecia que havia levado uma flechada no peito, uma dor incomparável; mas não porque era uma dor absurda — não era. E sim porque a sensação era única, intensa, que se prendeu ao meu peito. E o cheiro insuportável de frutas podres, de morte, impregnava o local. Se não fosse o sol, diria que estávamos em um ambiente fechado.
Quando consegui normalizar minha visão, deparei-me com uma cena provavelmente traumática para alguém que não sabia o que estava acontecendo — não que eu soubesse. Samael posicionava-se para atacar com uma karambit em cada mão, de frente para um monstro.
O ser era de tons de vermelho bordô e cinza que parecia ser carne morta e podre, ensanguentado com um líquido negro, e completamente deformado. Aquilo tinha dois membros extras, que não sei dizer se são pernas ou braços. Eu procurei por olhos. Mas não encontrei.
Soltei um grito ao ver a criatura se contorcendo no chão igualmente pronta para o ataque.
O meu grito distraiu Samael; que virou-se para me ver com igual pavor e um brilho de raiva no fundo. E no momento em que voltou para o seu adversário, a criatura deu um bote em cima do anjo; mordendo-o e o rasgando, derrubando-o no chão. A ferida foi dilacerante, perto da orelha à clavícula. Eles caíram, Samael por baixo levando o impacto da queda. O monstro aproveitou para cravar suas unhas a onde podia. Sangue escorria enquanto feridas eram feitas por todo o corpo pelas garras da fera.
Samael com um rosnado, cravou suas duas lâminas nas costas do monstro, o mais forte que pôde, e as deslizou até onde conseguiu. A fera soltou um gemido alto soltando Samael, e se jogou para longe. O monstro estava se recompondo em um canto do outro lado da rua; o salto que ele deu foi de uma distância incrível, mesmo com os membros estranhos. Ele examinou rapidamente as feridas, e logo arrancou as lâminas que Samael havia cravado em suas costas.
Enquanto isso, Samael estava deitado ferido no chão tentando recuperar o fôlego. Ele me olhou e eu me senti péssima. Se tivesse obedecido... eu fiz isso. Por que saí do quarto?
Não conseguia olhar para Samael agora, minha mente me alertou novamente da fera, e a procurei com os olhos; acredite ou não, quase não a encontrei, estava quase como embaçada. E ele estava tão imóvel e confiante na sua posição, que se não fosse assustador diria que era um cão da vizinhança. Mas ele estava me olhando; apesar de não ter certeza, a fera não exibia ter olhos. E se posicionando... Percebi, ele havia parado porque o alvo agora sou eu. Estremeci, a criatura se contorcia enquanto andava, quando perto o suficiente para um salto preciso até mim, um grito.
— SAI DAÍ ! — gritou o anjo caído, com dor nas palavras. E ao som do grito, a fera pulou.
Não consegui me mover o bastante para fugir da mira. Apenas soltei um grito fechando meus olhos, enquanto levava meus braços ao rosto tentando criar uma inútil proteção.
Senti algo eletrizante me percorrer, a pressão e a dor do peito desaparecerem. Uma leveza me invadiu, e eu me entreguei aquilo. Já pensava que poderia estar morrendo.
Mas, não. Uma luz tão clara quanto o dia, mas sem ser quente, cobriu o lugar ofuscando todo o ambiente. Foi como uma supernova — ou como eu imagino ser. A luz parecia estar saindo da onde eu estava. Essa coisa aparentemente queimava o monstro. Não pôde contra uma luz é? Ele soltou quase um grito de dor dessa vez, semelhante a quando as karambits se prenderam nas suas costas. Afastou-se completamente, procurando por um refúgio.
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De Cara Com A Morte
Teen FictionAnjos e demônios existem. E você descubrirá isso junto comigo. Um simples sonho, simples e misterioso. Um sonho com a Morte, o anjo da morte na verdade. Mas eu não sabia disso até ele aparecer na minha escola e me dizer que a minha morte estava pró...