8 - Como fica a vida sem Morte

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FAZ CINCO DIAS QUE SAMAEL SAIU com Mammon e ainda não voltou. Nada em relação a luz, ou energia celestial aconteceu. É como se nada tivesse mudado. Tirando o fato de agora ando com a Carly.

Sabia que ela era uma pessoa legal e interessante, tem um estilo meio estranho, mas não tinha criado tantas expectativas. Me divirto bastante com ela durante a aula; preciso me esforçar pra não perder matéria. Porém ela e Katherine não se dão tão bem assim. Carly se auto exclui, às vezes até sumindo de vista inventando alguma tarefa. E Katherine se segura, por assim dizer, ficando pouco à vontade, beirando o constrangimento. O que não é característica dela.

Elas continuam sem saber de nada. Como contaria que conheci um anjo,a Morte, sem acharem que enlouqueci? Não, é melhor assim. Ao menos elas normais pra me manter sã.

Tenho pensado muito no Samael. Sei que ele é forte pela luta que houve na minha rua, só que ele foi e ainda não voltou. Estou ficando preocupada, quer dizer, ele foi pro inferno. E não em uma viagem de férias. Está devendo à Rainha de lá, e isso não me pareceu nada bom. E zero notícias dele... Nós estávamos começando a nos dar bem... Isso sem contar com o lance de luz celestial que ele ficou de resolver.

Os pensamentos foram deixados para trás no momento em que escuto gritos do lado de fora de casa.

— Vem logo! Se demorar mais vou sozinha!

Carly estava gritando esticada em direção a janela do meu quarto, o que ela pensa que está fazendo gritando a essa hora? Quando é ela a atrasada, tudo bem né.

Fui até a cama e peguei a mochila que estava sobre ela. Voltei até a janela e coloquei a cabeça para fora.

— Tô indo, para de gritar! — Carly lançou um pequeno sorrisinho vitorioso, seguindo com uma referência e sussurrou.

— Bom dia pra você também, vamos !

Não pude conter, e revirei os olhos fechando a janela com uma certa força desnecessária. Caminhei para fora do quarto tomando cuidado para não fazer barulho enquanto descia as escadas, meu pai estava dormindo no quarto, este por sua vez, parecia estar me evitando desde aquela noite. Mesmo estando apagado por causa das bebidas, não queria correr o risco de acordá-lo. Desci passando pela sala e saí de casa.

Carly estava parada com uma mão na cintura olhando pra cima, vendo as nuvens. Usava uma calça escura um tanto surrada, com regata bem cavada cinza escura com rabiscos e símbolos de bandas, um top preto por baixo e botas coturno.

— Bom dia.

Comprimentei Carly, ela se aproximou com um leve sorriso e fomos andando.

O dia estava lindo, o sol já alto clareando todo o céu e as nuvens estavam espalhadas, como lençóis desarrumados brilhando fortemente. Meus olhos doeram, e observei meus passos, no meu allstar azul .

— Está quieta... — Carly brutalmente interrompe meus pensamentos sobre o nada.

— Não tenho nada pra comentar, só do meu pai, mas não é hora pra isso.

Soltei uma risadinha no final, mesmo sentindo um amargor mencionando o meu pai. Eu e Carly conversamos muito durante o dia, quando não tinha nada sobre o que falar criava-se um clima estranho.

Estávamos passando pela esquina onde normalmente encontrava com Katherine, já era o segundo dia que ela não estava lá para irmos juntas. Não tínhamos um acordo verbal sobre aqui, eu apenas passava e ela estava lá. Agora não mais e eu desconfiava do motivo ser a Carly... Mas esse não era um bom assunto para aquela hora do dia.

— Bom, eu não dormi bem esta noite — Carly confessou, levantou a cabeça com um sorriso simpático. — Na verdade, eu nem dormi — disse rindo, as palavras se perderam numa risada honesta; linda, que ela dava.

De Cara Com A MorteWhere stories live. Discover now