Tudo poderia ficar melhor.

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Foi uma evidente agitação quando Noah retomou a consciência. Os médicos correram para o quarto e todos ali foram varridos para fora, mas dessa vez com sorrisos no rosto. E, enquanto tudo isso acontecia, Finn estava trancado no banheiro da lanchonete em que havia parado para comprar comida. Seus olhos estavam arregalados e suas mãos claramente tremulas, sem que ele conseguisse respirar direito. Finn não estava bem. Desde a morte de Dylan ele não esteve e o luto o atingiu de uma forma que ele não esperava: raiva. Ele queria culpar alguém e isso explicava os ataques que fez a Noah nos últimos meses. Mas a culpa atingiu seus ombros naquele momento, quando ele percebeu que a raiva só o levou a mais dor e, aquela dor, não poderia ser curada.

Sua cabeça pairava sobre Noah e como havia cometido um erro terrível. A imagem do menino deitado na cama contrastavam com as de quando ele o conheceu pela primeira vez. O sorriso do garoto, que antes era brilhante, agora coberto por máquinas e tubos. Finn tentou engolir as lágrimas que caiam pelo seu rosto, mas não conseguiu. Por todo sua face pálida, rastros do líquido eram visíveis, enquanto ele tinha que se segurar para não perder o equilibro dos mesmos e cair ali. Seus cachos eram uma bagunça e suas olheiras estampavam metade de seu rosto. Ao fechar os olhos quase conseguiu ouvir a voz do seu amigo o repreendendo: Finn, seu idiota. Vá resolver isso. Anda!

Uma batida na porta do banheiro ecoou no interior e Finn abriu os olhos, atentos. Ainda com as lágrimas, caindo, ele se virou na direção da porta.

— Ei, garoto! Se entrou nesse banheiro pra se drogar, caí fora! Não me faça chamar a polícia!— uma voz masculina disse do outro lado.

O menino arregalou os olhos e abriu a porta.  Encarou o homem, que agora tinha uma feição preocupada e passou os braços pelo rosto rapidamente.

— Sem drogas. Sinto muito.— ele disse baixinho e saiu do banheiro, indo em passos rápidos até o caixa e comprar a comida.

Finn ignorou os chamados do homem atrás dele, mexendo a perna ansiosamente enquanto esperava. Checou seu celular um milhão de vezes, à espera de alguma notícia, mas não havia nada e ele não julgaria nenhum deles se não quisessem o avisar de nada. Pensou na Millie, em seu rosto preocupado no hospital, o desespero de Jack e o olhar de desprezo de Ellie. Ele sabia o que merecia.

Com uma voz trêmula fez seu pedido e começou a bater nervosamente os dedos no balcão de forma ansiosa. Conseguiu segurar as lágrimas agora que estava em público, mas não sua feição preocupada e um tanto quando impaciente. Assim que ficou pronto, ele agarrou o pedido e saiu às pressas dali.

Seu caminho até o hospital foi como um flash. Ele acelerou o carro e foi. Passou pelos sinais vermelhos, sentiu que quase bateu em alguns carros no caminho, mas manteve seu olhar firme a frente e seus dedos apertando o volante com força. Ele começou a entender a dor de Noah. A dor de apenas sentir coisas ruins.

Correu para dentro do hospital, analisando seus amigos ali. Millie foi a primeira a notar sua presença e correu em sua direção, o abraçando. Um suspiro saiu dos seus lábios e ele mal pode retribuir a atitude devido suas mãos estarem ocupadas, mas apoiou sua cabeça na dela.

— Tem notícias?— a voz quebradiça de Finn ecoou pelo espaço.

— Ele está bem. Ele... acordou.— a voz da menina era uma mistura de alívio e de felicidade. Logo que a mesma se afastou, ele viu um pequeno fio de felicidade em seu rosto de novo. Aquilo foi o suficiente para aquecer um pouco seu coração.

— Eu sinto muito.— ele disse num tom baixo e olhou pela primeira vez naquela tarde nos olhos da menina— eu não deveria ter feito aquilo. Eu sinto muito.

— Ei... acho que você deveria dizer isso a ele. Mas tá tudo bem. Agora vai ficar tudo bem.

Finn notou que Millie falava mais como se estivesse tentando convencer ela mesma do que o outro, mas aquilo bastou pelo momento. Ele encostou sua testa na dela e respirou fundo. O momento foi interrompido somente por um barulho de passos pesados vindos de uma salinha atrás deles. O olhar de ambos virou para a mãe de Noah. Millie murmurou algo como louca, quando ela voltou a gritar insultos e xingamentos aos seguranças.

When I see you again  [Joah +Fillie]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant