Uma nova chance

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Noah conseguia ouvir a voz de sua mãe. Estava sentado em meio a um vazio, com a visão de Dylan a sua frente. Ele ainda não entendia muito bem o que ele representava. Se era mesmo o menino, ou se tudo aquilo não passava de uma tentativa desesperada de sua mente e corpo resistirem a sua tentativa. Tudo que ele sabia, era que não gostaria de ouvir aquilo. Pra ele, todas as palavras que ecoavam ali eram vãs. Eram desculpas impulsionadas pelo desespero e culpa. Noah sabia que se aquilo não tivesse acontecido, sua mãe não estaria chorando e segurando sua mão.

— Eu não quero ouvir.— ele sussurrou e enfiou o rosto no meio das pernas. Dylan, a sua frente, levantou seu rosto com o indicador e fez os olhos de ambos ficarem unidos.

— Não tem nada mais a perder. Escuta.— ele murmurou. E assim, Noah fechou os olhos e deixo que a imagem e o som de sua mãe invadissem sua cabeça.

Ela estava, realmente, causando um tumulto. Quando o médico liberou a entrada para o quarto, os adolescentes foram os primeiros a correrem até o local. Foi uma verdadeira briga, já que a mãe do menino soltava insultos e culpava eles pelo o que havia acontecido.

— Vá se foder!— Ellie esbravejou, quando as ofensas continuaram e chegou a agarrar os cabelos da mulher e lhe dar um tapa no rosto. Foi necessário que Finn, Jack e o médico puxassem a menina, ou capaz da mulher ser a próxima em uma maca.

Agora, ela estava ali, segurando a frágil mão de Noah com força, sua bochecha esquerda marcada com a palma de Ellie e as lágrimas saindo de forma descontrolada. Suas mãos tremiam, sua mente gritava mediante ao erro que tinha cometido, que ela sabia que tinha cometido. A culpa pesava em seus ombros de uma forma que ele jamais sentirá antes e sua mente entrava em pânico a qualquer menção em perder seu filho. Sim, a mulher agiu de forma imprudente, mas quem poderia a julgar pelo arrependimento? Saber que suas próprias atitudes pudessem sentenciar o seu filho a um destino tão cruel era demais. Tremulando, ela acariciou a mão do menino e suspirou.

— Eu sinto muito.— ela murmurou de forma baixa. Foi tudo que conseguiu falar, antes de um choro alto sair de sua boca. Lágrimas passaram a escorrer de forma ainda mais descontrolada; enquanto a mulher balbuciava palavras desconexas.

Enquanto isso, o grupo estava do lado de fora do quarto. Millie, Jack e Finn estavam em um canto, enquanto Ellie tinha suas costas apoiadas na parede e um olhar sério na direção de Jack. Ele conhecia bem aquilo, a garota não estava brava, mas sim decepcionada. Ele sentiu a culpa mais uma vez invadir seu corpo e seu coração se retorceu, como se fosse explodir.

— Jack?— a voz de Finn o tirou da transe em que estava, focado no olhar de Ellie e ele encarou o outro— eu vou buscar alguma coisa pra comer. Você quer alguma coisa?

Jack negou prontamente, sem conseguir entender direito o que o amigo tinha dito. Sua cabeça estava doendo e seu corpo também. Ele mal respirava, mas se recusou a dar sinais que estava em uma crise, não causaria mais problemas. Não quando escutou um grito dentro do quarto de Noah e o barulho de máquinas apitando.

— Ela me prometeu as mesmas coisas da última vez!— Noah protestou, ouvindo a mãe chorando e fazendo promessas, como que o protegeria, Nuncs mais o deixaria. Palavras todas que ele já tinha ouvido, promessas descomprimas e ele estava farto delas.

— Noah. Você ainda tem mais gente pra ouvir— a voz de Dylan ecoou e ele olhou diretamente nos olhos do amigo— não é a hora de ir.

Noah, mesmo que relutante, apenas concordou com a cabeça. Fechou seus olhos e voltou a ficar na situação do hospital, aonde seu coração tinha parado por instantes. Voltando ao normal, mas ainda insconsciente, a mãe do garoto foi retirada do quartos e foi evidente o seu descontrole: da sua boca saiam berros e xingamentos contra os médicos. Ellie sentiu que poderia bater nela de novo.

When I see you again  [Joah +Fillie]Where stories live. Discover now