Adrenalina, nunca mais

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 Kirishima acabaria se arrependendo de entrar na onda de Bakugo qualquer dia desses, porém permaneceria a acatar as ideias dele até a chegada deste momento. Não era lá a melhor ideia ir para o morro fora do horário de trabalho, exatamente por ser território da liga da quebrada e, pior ainda, ao lado da boca controlada por Mr. Compress. Tentava não parecer suspeito ao passar o mais longe possível do QG, escondendo-se do jeito que conseguia e cobrindo o rosto.

 Bateu na porta da casa, nervoso quando um dos traficantes olhou em sua direção, encostado em uma parede pichada com as iniciais "L.D.Q" e conversando com outro jovem de moletom. A entrada foi liberada, alívio percorrendo o mais novo por estar bem, quem estava lhe fitando aparentava ter perdido o interesse:

 — Tá emocionado, hein? — perturbou o loiro — Relaxa, o coroa tá em outro canto, só tem o gerente aí hoje e os cara daqui é tudo lerdo.

 — Podia ter me falado antes de vir. — fez bico — Não sei muita coisa sobre como é por aqui, só lido com a SH.

 — Não se preocupa, eu também me fodo se te acham aqui e não tô afim de morrer não. Tá amarrado vir o coroa ou o Dabi atrás de mim.

 — Dabi fica aqui por perto também é? — começou a se fazer mais confortável na casa alheia, tirando o casaco aberto que vestia.

 — Rua de cima, acho. — dirigiu-se ao próprio quarto, fazendo um sinal com a cabeça para que o parceiro o seguisse.

 Se mantinham no estágio de ficar, Bakugo principalmente preferia assim por achar que algo sério o atrapalharia por ter que dividir seu foco entre um namoro e seus objetivos. Trabalhava para sair da casa dos pais e fazia faculdade, considerando os obstáculos colocados para estudantes do sistema público de ensino, foi atrasado em sua vida acadêmica, no caso principalmente por greves de professores.

 Pelo menos por hoje já estava bom de estudos, teria a oportunidade de relaxar em paz, sendo que os pais só estariam de volta pouco antes do toque de recolher ilegalmente instituído na área. Já no cômodo desejado, o menor passou a analisar a decoração do local, constatando o quão organizado era, de certo modo combinava com o dono, quem o puxou para perto e o beijou antes que pudesse fazer qualquer outra análise.

 Acabou contra a parede, a mão alheia em sua cintura descendo enquanto seus dedos se instalavam entre os fios claros. O mais alto parou por um segundo, se afastando ao sentir uma superfície peculiar pela calça:

 — Você trouxe sua arma? — puxou a camisa do outro para cima, confirmando suas suspeitas.

 — Fiquei com receio de acontecer algum imprevisto tipo no dia do baile e eu não poder fazer nada de novo. — explicou, escutando um suspiro em resposta.

 — Porra, só larga essa droga na bancada mesmo.

 Acatou o dito, logo retomando a atividade anterior, desta vez com Eijiro sentado sobre o colchão e o companheiro em seu colo. O toque do ruivo subindo pelo torso definido e trazendo o tecido preto consigo, separando os lábios somente pelo tempo necessário para finalmente remover a regata. Aproveitou a pele exposta para passar os dentes pontudos no ombro alvo, de modo instigante, antes de fabricar ali uma marca.

 Mais uma camisa foi ao piso, era a vez do maior distribuir mordidas no corpo agora deitado sob si, agradado com os sons expelidos pela boca do parceiro. Infelizmente chegou aos seus ouvidos um barulho que causou a reação completamente oposta, saindo de cima do companheiro:

 — Que porra é essa, Katsuki? — sua mãe questionou ao abrir a porta.

 — Que desgraça, velha, sabe bater não? — reclamou para esconder a vergonha da situação com raiva.

 — Na minha casa não tem essa de bater não, e enquanto tiver de baixo do meu teto é melhor ter respeito, seu ingrato.

 — Sai daqui logo!

 Como se a situação não pudesse piorar, Mitsuki logo percebeu a presença da pistola na superfície de madeira, arregalando os olhos com a pior hipótese em mente:

 — A arma é dele?

 — Velha, se acalma.

 — Senhora, não sou traficante, se é isso que te preocupa. — Kirishima fez sua primeira contribuição à conversa, segurando a camisa que conseguiu coletar por estar perto da cama.

 — Pode ir se explicando então. — a mulher cruzou os braços, aguardando com uma carranca.

 — Sou policial militar, mas não atuo nessa área.

 — Pois a tolerância aqui é zero e eu não vou correr risco de acharem que sou x9, pode ir saindo por onde entrou.

 A adrenalina com certeza não estava valendo à pena, vestiu-se ao passo em que o ficante discutia com a mãe, guardando o objeto de metal com cuidado para que não fosse visível. A loira o encarou ao sair, fazendo um último comentário:

 — Eu te conheço. — demorou um pouco para identificar com o cabelo para baixo, porém a conclusão chegou — Você é aquele soldado que ficou botando problema quando eu fui registrar um B.O.

 A memória dela gritando consigo e Tamaki retornou assim que escutou a versão claramente parcial do acontecido, demorou um pouco considerando a quantidade de pessoas que já havia visto na delegacia no meio tempo, o qual já era um tanto quanto extenso. O chilique posto repassando na memória, sabia que não estava errado na hora, apenas seguindo procedimentos impostos, e definitivamente não sabia como responder àquilo:

 — Você deve ter é berrado com a delegacia inteira, isso sim. — acusou o Bakugo mais novo.

 — Você não tem moral pra falar de nada, moleque endiabrado! — a briga voltou a todo vapor.

 Eijiro simplesmente saiu, largando os parentes ocupados um com o outro, Masaru se aproximou com uma expressão calma, acostumado com a energia caótica da casa:

 — Não tenho nada contra você, rapaz, espero que entenda porque não podemos te ter aqui.

 — Desculpa qualquer problema, senhor.

 — Eles são assim mesmo, não se sinta mal.

 Por último, saiu da residência, descendo o morro com a cena repetindo em sua cabeça e a vergonha fresca em si. Tomou a decisão que já deveria ter escolhido há algum tempo, concordando consigo mesmo que acatar uma ideia dessas, nunca mais.


 Opa eae kkkkk. Então... nossas aparições esparsas à parte, temos uma pergunta para fazer a vocês, nossos leitores: se importam se a gente pular a parte da luta principal? Em poucos capítulos ela deve chegar, porém nenhuma de nós consegue exatamente adaptar o que aconteceu no arco do Overhaul no mangá e anime para o universo dessa fanfic, utilizando armas. Mesmo que tentássemos, duvidamos do quão interessante seria de se ler, visto que o foco daqui tá mais para drama do que ação.

 Aguardamos a resposta de vocês e esse último parágrafo será só alguns agradecimentos e reflexões. Obrigada a todos que leram, votaram e comentaram até agora, tento sempre responder mas às vezes simplesmente não sei o que acrescentar kkkkk. Essa fanfic vai fazer dois anos já, além de estar perto dos 2k de leituras, portanto estamos considerando uma comemoração, só não decidimos exatamente qual ainda, talvez um capítulo extra com menos ligação com a história principal.

Boku no morroWhere stories live. Discover now