Baile funk

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 Por mais que Midoriya trabalhasse com o controle da parte criminosa, era impossível esquecer do lado bom da comunidade, ainda mais quando possuía uma amiga morando no morro. Mina era uma de suas amigas mais animadas, assim como adorava uma festa, obviamente a sexta-feira presente não seria nada diferente do costume da mulher. Izuku e Kirishima foram convidados para um baile funk a tomar lugar no território do Shie Hassaikai, porém nesse momento, esqueceriam o posto na polícia.

 Os dois jovens se encontraram na porta da casa da rosada, ao ter o nome chamado ela apareceu na laje e acenou, gritando que já estava descendo. Ambos então ficaram a conversar, percebendo que não sabiam sequer onde diabos era a tal festa para qual iriam. A porta se abriu revelando Ashido e um outro garoto de cabelo preto:

 — Vamos? — empolgou-se, já montando em sua moto e estendendo um segundo capacete para quem quer que fosse na garupa — Ah, vocês lembram do Sero né?

 Já conheciam o homem de outras saídas ao shopping onde o amigo acompanhava, aparentemente as maiores pérolas das redes sociais da funkeira vinham da união dele com Kaminari e um outro loiro com o qual ainda não tiveram contato. Hanta sorriu cumprimentando os outros com um toca aqui cada, antes de anunciar:

 — A gente vai de moto então alguém sobe comigo e alguém com Mina.

 — Eu vou com você então. — resolveu o de íris vermelhas, se ajustando no veículo em seguida.

 O esverdeado também se aconchegou no respectivo assento, tomando as precauções de segurança necessárias e sendo incapaz de fazer a pergunta que o incomodava antes que a motorista desse partida. Foram um pouco morro acima, até virarem em diversas esquinas e passar por ruas tanto estreitas quanto regulares que por mais que tentasse, Izuku não conseguia reconhecer no momento.

 Pararam as motos na garagem da casa de Sero e andaram o resto do caminho, não demorando para que encontrassem a aglomeração em uma rua formada na frente de um palco instalado ali, onde uma musicista de cabelos roxos e franja desigual cantava para todos. Um duo com cervejas nas mãos veio na direção do grupo, depois de um pouco mais de aproximação foi possível distinguir duas cabeleiras loiras:

 — Até que enfim porra. — reclamou o mais alto dos recém chegados, ajustando o boné nos fios espetados — Demora do caralho.

 — Já sabe quem foi né? — Sero sinalizou para a mulher da panelinha com a cabeça — Essa aqui não parava de me perguntar qual short era melhor.

 — Ah mas esse branco desfiado não é melhor que os outros? — defendeu-se.

 — Tanto faz que merda você veste. — o maior observou os dois novatos no local — Quem são as estátuas aí?

 Algo sobre o olhar dirigido a ele pelas orbes escarlates alheias fez Midoriya eriçar os pelos em alerta, simplesmente recebia uma energia negativa ao ser fitado de cima a baixo. Aproveitou o silêncio estranho para o analisar também, o outro vestia uma regata branca e uma bermuda larga preta com folhas que lembravam palmeiras na estampa, isso em conjunto com o boné vermelho virado para trás.

 Aparentemente as sensações ruins reteram-se no mais baixo, Eijiro não demonstrava uma ponta sequer de hesitação ao apresentar-se, recebendo uma introdução meia-boca com cara de tanto faz de Katsuki. Ao iniciar sua fala, o jovem de olhos esmeralda gaguejou, o que já foi motivo para receber zoação por parte de Bakugo. Por vinte minutos seguiram conversando, bebendo e dançando, nesse tempo, Denki constantemente mantinha Izuku em seu campo de visão, coisa que o observado notou.

 Em um dado instante, andou para trás, já um pouco tonto com a ingestão de álcool, esbarrando em alguém com as costas, rapidamente virou-se para se desculpar:

 — Sinto muito!

 — "Sinto muito"? Cara, tu não mora aqui, mora? — foi a resposta que recebeu, sua surpresa ficou visível quando ergueu as sobrancelhas bicolores ao perceber quem havia encostado em si — Você é PM, tava no rapa.

 — É daí que eu te conheço! — completou Kaminari estalando os dedos e apontando como se tivesse feito a descoberta do século.

 — É o quê? — enfureceu o outro loiro indo na direção da amiga — Que desgraça é essa, Mina? Trazendo PM pra favela?

 — Fala baixo, mano! — repreendeu parando de dançar para responder às acusações — Se acalma que ele não tá com o distintivo nem nada, a SH tá cagando pra quem faz o que se não tiver fardado. Os que ficam coletando identidade de policial é a LDQ.

 — É melhor seu amigo ficar na dele mesmo porque o Overhaul tá aqui.

 — É sério?

 — É, merda! O Chronostasis tá do lado, não tá vendo a multidão de novinha ao redor dele, não?

 Realmente, somente quando apontado as mulheres foram notadas, se juntavam ao redor de Chrono como formigas em uma pilha de açúcar. A situação se dava pois nenhuma conseguia a atenção de Overhaul, germafóbico como era, raramente prestigiava os bailes em seu morro, preferindo ficar no canto quando ia, vestindo as habituais luvas e máscara. Seu braço direito era quem dava esperança às presentes, sendo mais educado e retornando alguns dos flertes que lhe eram direcionados.

 Trajando diversos tons de cinza como lhe era habitual, era verdade que o platinado era muito bonito, não surpreendendo que chamasse atenção do sexo oposto. O apelido que tinha vinha, não da forma peculiar de sua franja, mas sim da extensa coleção de relógios caros, um gosto custoso que sustentava com seu posto na facção:

 — Por que tamo aqui se o Bêbado nem apareceu? — Kai questionou, irritado com o fato que conseguira apenas um semicírculo de curto raio de espaço pessoal, estando de costas para a parede na qual se recusava a recostar-se sobre.

 — Deidoro vem, calma, cara. — tranquilizou, acostumado a lidar com a impaciência do superior — Ele deve só tar pegando mais algumas cervejas.

 — E o outro, cadê? — sem mais o que fazer, ajeitou a faixa que segurava o fuzil atravessado atrás de si.

 — Shin me disse que tá vindo na nossa direção. — constatou ao desbloquear o smartphone.

 Dito e feito, o homem apareceu em no máximo dois minutos, com um rifle nas costas e a justificativa de sua demora ao seu lado, cambaleando como sempre:

 — Foi mal aí chefe, sabe como é, esse aqui não para quieto. — ajudava o outro a se manter em pé, com certa dificuldade.

 — Olhaaaa se não é meu dono do morro favorito! — exaltou-se com um sorriso torto no rosto, poderia ser considerado assustador ou suspeito por outros, mas levadas em conta as circunstâncias, era certamente nada mais nada menos que o estado constante do alcoólatra.

Boku no morroWhere stories live. Discover now