Informante

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 — Chegamos, desce aqui que eu vou estacionar mais pra lá. — comunicou o irmão, parando a moto na esquina da rua desejada.

 — É pra te esperar? — Shoto perguntou, descendo do veículo e guardando o capacete.

 — Nem, vai se divertir, dar uns pega em alguém. A gente se encontra quando quiser ir embora, tu me manda uma mensagem que eu apareço, agora eu tenho que achar uma pessoa.

 — Vai na fé. — virou-se e adentrou o baile.

 Toya encontrou um local adequado para deixar o automóvel e sacou o celular, andando em direção ao ponto de encontro. Instalado ao lado de onde as bebidas eram servidas, ficou com o semblante indiferente, vendo que quem esperava não estava visível. Com o smartphone em uma mão e o cigarro que trouxe em outra, digitou uma mensagem para o informante:

 "Kd vc?"

 Enviada, esperou mais cinco minutos, começando a se frustrar, já estava em um lugar que não gostava, seguiu enviando:

 "Melhor aparecer logo"

 Aguardou mais seis minutos, cada vez mais impaciente. Precisou de mais uma tragada para relaxar, decidindo tentar uma última vez:

 "Vai me deixar plantado mesmo é, fdp?"

 — Tanta mensagem, pra quem nunca me chama... isso tudo foi saudade? — brincou o loiro apoiando o braço dobrado no ombro esquerdo de Dabi — E que folgado você é, nem quis ir lá no bar eu que tive que vir até você...

 — E ainda demorou. — estendeu a substância enrolada ao vê-lo encarando o objeto — Vai?

 — Eu não aceito nada que não seja dinheiro dos meus compradores.

 — Sério? Da última vez que eu chequei não foi bem assim que você reagiu com maneiras alternativas de pagamento.

 — O que eu posso dizer? Toda regra tem sua exceção. — piscou, animado pelo rumo da conversa.

 — Se acalme, você ainda tá aqui como informante. — deslizou o cotovelo alheio até se libertar completamente — Me diga então... — soprou fumaça — o que tem para me contar hoje, passarinho?

 — Eu hein, trabalho tanto para ser chamado de Falcão e tu vem com essa, daqui a pouco viro um bem-te-vi.

 Ajeitou a jaqueta enquanto zombava da situação, ah, aquela jaqueta: marrom claro e felpuda no final das mangas, detalhe horrível que tirava todo o ar estiloso que a vestimenta lhe dava. O mais importante ali eram as asas, eram vermelhas e pintadas à mão sob o tecido, a sua origem era desconhecida para quase todos, todavia era óbvio que não havia outro no mercado, se é que foi vendido alguma vez:

 — Você lava essa jaqueta por acaso? — questionou — Parece que só tem isso pra vestir.

 — Que onda, me deixe. Tá limpinha, lavei ontem, como você é exagerado. — passou a mão pelo cabelo com um olhar galanteador para falar a próxima frase — Se bem que eu sei que me prefere sem nada.

 — Como eu disse, informante: — enfatizou a última palavra — Acalme esse seu fogo no cu.

 — Beleza, parei. — riu levemente, mantendo o sorriso sacana — O que quer saber?

 Fitou os arredores antes de requisitar o que precisava, tendo certeza da distração das pessoas presentes e encontrando o heterocromático, pelo qual se sentia responsável, com um grupo de pessoas desconhecidas, mais especificamente conversando com um jovem mais baixo de cabeleira verde:

 — Não sabia que PM vinha pra baile funk nas horas vagas. — constatou Todoroki tomando mais um gole do conteúdo da lata que segurava.

 — Eu me divirto também, não tem nada de errado nisso. — fez bico — E meu nome é Midoriya, Izuku Midoriya.

 — Pode me chamar de Shoto. — omitiu o sobrenome com receio de ser reconhecido, mesmo que o pai fosse do âmbito federal, era provável saber quem era.

 — Psst, Kami, olha lá! — Ashido encostou o ombro no amigo chamado, sacudindo-o apenas o suficiente para conseguir sua atenção.

 A cena que convidou a assistir era, nada mais, nada menos que Katsuki atracado com Eijiro em um canto aleatório, claro que o outro loiro tinha que brincar:

 — A gente só vai ver o Bakugo amanhã agora.

 — Pra quem tava revoltado que eu trouxe PM pra cá ele parece muito feliz. — sussurrou para que somente os mais próximos escutassem.

 — Pera, ele é também? — Sero intrometeu-se.

 — É, mas fala nada não, deixa pra contar depois. — deu risada da situação, para em seguida desviar o assunto — E o resto de vocês? Vão pegar boy nenhum não?

 — Eu vou me aventurar é com as novinhas hoje, sem saco pra ficar procurando quem é e quem não é. — informou Denki.

 — To nessa também. — concordou Hanta.

 — E tu? — se dirigiu ao esverdeado que ficou sem jeito.

 — Ah, não sei...

 — Bem, tá se divertindo?

 — Tô.

 — É o que importa. — a mulher no palco então passou a cantar uma música específica que fez com que a outra transbordasse de felicidade — Eu adoro essa!

 Se afastou procurando mais espaço para dançar, não importava quantas músicas tocassem, a rosada nunca se cansava. O bicolor, até então quieto enquanto ingeria sua bebida alcoólica, decidiu engajar em interação social mais uma vez:

 — Então tu é gay?

 — Como? — era impossível saber se realmente não tinha escutado com a música alta ou se estava receoso do que viria depois de uma resposta direta.

 — Eu perguntei se você é gay, pelo que eu peguei da conversa seus amigos são bi? — o jeito calmo que proferiu as palavras e a preposição correta acalmaram o homem de cabelos verdes.

 — Ah, bem, é... por que?

 — Porque te achei bonito.

 Travou no lugar, não que estivesse se mexendo muito, o único movimento feito nos últimos minutos era o braço a levar a abertura da lata à boca, a qual no momento se encontrava vazia já, só percebendo o último fato quando tentou ingerir mais e só encontrou ar. Amassou um pouco o alumínio devido ao nervosismo, as bochechas esquentando e mudando de cor enquanto tentava decifrar como prosseguir:

 — V-você também é...

 Todoroki separou os lábios em um sorriso, o qual logo desapareceu com o barulho alto que veio em seguida, assustando a multidão inteira:

 — Quem tá soltando bomba? — questionou Kaminari na completa inocência.

 — Que mané bomba, é tiro, idiota! — Sero agarrou o loiro pelo braço e começou a correr assim como o resto dos civis — Nem parece que mora na favela.

 Próximo a uma parede, Overhaul arregalou os olhos ao notar Shigaraki e os outros principais membros da Liga da Quebrada armados até os dentes, incrédulo na ousadia da facção rival em realizar uma invasão no momento escolhido:

 — Filhos da puta. — puxou o fuzil e o destravou.

Boku no morroWhere stories live. Discover now