CAPÍTULO TRINTA E CINCO

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— Por medo — Peter gaguejou.

— Por que ainda não me chamou para um encontro? — Sirius encarou o garoto com os olhos semicerrados.

— Nós já tivemos um encontro e você quase colocou fogo no meu cabelo. Eu não vou chamar de novo.

— Aquilo não foi um encontro — Sirius retrucou. — Em minha defesa, o fogo no cabelo foi parte de um feitiço que você me mandou fazer enquanto a gente estudava nesse encontro falsificado.

— Quem estuda em um encontro? — James franziu as sobrancelhas.

— Uma espécie muito rara chamada lupus stranhus — Sirius caçoou. — Mais conhecido como Remus Lupin, o meu namorado.

Um choque súbito preencheu a conversa entre os cinco estudantes reunidos em frente ao Lago Negro.

— Namorado? — a menina exclamou com um tom eminente de animação. — Vocês estão namorando e não me contaram?

— Eu achei que o fofoqueiro do seu namorado já tinha contado para você — Sirius apontou para James com o dedo indicador.

O garoto de cabelos despenteados arregalou os olhos com a insinuação do melhor amigo.

— Quem disse que eu sou fofoqueiro? — James esbravejou.

— Eu — Sirius deu de ombros. — Depois de muito tempo com Remus insistindo em um namoro, eu resolvi dar uma chance e aceitar o pedido.

— Foi você quem pediu — Remus disse, interrompendo o discurso contraditório do namorado.

— Estraga-prazeres — Sirius estirou a língua. — Como você pretende chamar a menina para um encontro?

— Faça perguntas mais fáceis.

— Como você está nesse dia frio, Rabicho?

— Eu disse perguntas mais fáceis, não perguntas mais difíceis — ele ironizou. — É melhor não convidar ela para um encontro. Eu não quero passar vergonha e me lembrar disso pelo resto da minha vida.

— Rabicho — Remus apoiou a mão no ombro do menino. — Você está se subestimando. Jasmine é uma pessoa adorável, ela nunca seria rude com você por convidar ela para um encontro.

— Você já tem a negação — disse James, enquanto brincava com uma mecha do cabelo da namorada. — Agora pode ir atrás da humilhação.

— Você não está ajudando nem um pouco — a lufana encarou James com um olhar de reprovação. — Eu tenho certeza de que ela vai adorar sair com você, Peter. Conheço a Jasmine.

— Merlim ouça você.

Diante das palavras da lufana, o garoto deixou a motivação e o alívio invadirem o seu organismo. Por mais que o receio da rejeição consumisse o seu coração e fizesse o seu estômago revirar dentro de seu corpo, ele encontrava-se determinado a chamar Jasmine para um encontro no vilarejo bruxo.

— Eu tenho aula de Transfiguração em dez minutos — disse Ellie, conferindo o relógio em seu pulso. Ela tentou se desvencilhar do namorado em seu colo, mas James se negou a levantar dali. — James Fleamont Potter.

— Tudo bem — ele se levantou. Um suspiro triste escapuliu de sua boca. — O carinho estava ótimo.

— Não faça chantagem emocional — a menina se levantou da grama e apanhou todos os seus pertences, colocando-os na mochila de ombro. — Você sabe que não funciona nem um pouco comigo.

A garota se despediu do namorado com um beijo rápido, porém caloroso suficiente para causar arrepios em sua espinha. Ela acenou para os outros garotos e caminhou em direção a sala de aula de Transfiguração, a aula seria compartilhada entre os estudantes da Lufa-lufa e Corvinal.

O caminho até a sala de aula era rápido e longe de ser exaustivo. Quando virou a esquina do primeiro corredor ao entrar no saguão do castelo, a lufana estranhou a ausência de estudantes que sempre se apinhavam nos corredores. Um corredor naquela situação era descomunal.

Nada.

Ninguém.

Nem mesmo os fantasmas das casas rondavam aquele corredor.

A garota ajeitou a mochila em seus ombros e continuou a andar pelos corredores com a mínima atenção. Os seus sentidos se aguçaram ao ouvir um estalo atrás do seu corpo, fazendo a menina se virar em um súbito, ao mesmo tempo em que preparou a sua varinha.

Nada.

A velocidade de seus passos se intensificaram, assim como os seus batimentos cardíacos. A apreensão e a aflição a distraíram por um minuto e a menina se viu diante do caminho errado para a sala de aula.

Ela parou a sua caminhada e olhou para os dois lados.

Sem nem mesmo conseguir esboçar uma reação, a garota desabou ao chão, um feitiço excruciante havia atingido as costas dela em cheio e com força.

— Que droga!

Ela rastejou pelo chão de joelhos, não conseguindo se manter sobre os próprios pés, e se virou para encarar quem havia a acertado de forma covarde. A sua visão embaçou e a garota não viu nada além de uma sombra no fundo dos corredores.

Quando observou a sombra turva andando em sua direção com os passos lentos, a lufana arrastou a mão pelo chão em busca da varinha caída. Ela alcançou e preparou a varinha em suas mãos, enquanto procurava focar a sua visão e se levantar do chão frio.

— Expelliarmus! — ela exclamou, girando a varinha com pouca destreza e muita dificuldade.

A sineta tocou e o som rígido invadiu os corredores. A sombra desapareceu do campo de visão da garota da Lufa-lufa e ela sentiu o ódio inundando completamente o seu organismo, deixando-a com o rosto avermelhado e as veias saltadas no pescoço.

A jovem apoiou a mão esquerda em uma das grandes paredes no meio do corredor e esfregou a mão direita em seus olhos, recuperando a visão anteriormente turva e desfocada.

— Senhorita Lupin — ela ouviu uma voz rigorosa e reconheceu a professora de Transfiguração caminhando em passos rápidos até a sua aluna. O tom de preocupação em sua voz e o receio em seus olhos estavam nítidos. — Por Merlim. O que houve?

— Alguém me atacou.

Por mais que a dor execrável causada pelo feitiço inundasse cada canto do seu corpo, a decepção de não ter reconhecido a pessoa responsável por aquele momento de tensão conseguia o maior destaque em seu organismo. A fúria e a decepção conseguiam se sobressair diante de qualquer dor física.

FALLING - JAMES POTTERWhere stories live. Discover now