CAPÍTULO DEZ

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Em frente à sala de aula da professora de Transfiguração, Ellie aguardava por James, sentada no chão e abraçando as pernas com os braços. A garota mordeu o lado interno da bochecha, deixando explícito o seu nervosismo.

Ela não deixaria de admitir que James não estava errado em agredir aquele que merece um soco, mas estava com medo das consequências do ato do amigo.

A porta se abriu e Ellie se esgueirou atrás de uma parede que levava a um dos numerosos e grandes corredores do castelo. Não desejava provocar a desconfiança da professora por estar quase escutando a conversa.

Macmillan saiu da sala e a jovem de cabelos claros estremeceu um pouco. O seu rosto estava muito machucado, arranhões escuros preenchiam os lábios e um roxo circundava o olho direito. Em seguida, James atravessou a porta, estalando os dedos da mão ao mesmo tempo.

James viu Ellie se escondendo atrás da parede e deu um riso de escárnio. Ele caminhou até o encontro da menina e estendeu uma mão para ajudá-la a se levantar do chão.

— Brincando de esconde-esconde?

— Brincando de não ser pega escutando a conversa de outras pessoas — Ellie se levantou. — Pode me dizer o que aconteceu?

— Eu acabei com ele — James deu de ombros e beijou os punhos da mão. — Eu não sabia que eles eram tão bons assim.

— Eu quero saber o que aconteceu antes que eu entrasse no salão.

— Nada — James mentiu.

— É claro que aconteceu alguma coisa.

— Não aconteceu nada.

— James Fleamont Potter —disse Ellie, séria.

— Por Merlim, você me dá um medo surreal — ele arregalou os olhos. — Primeiro, você está brava pelo soco?

— É claro que não — Ellie revirou os olhos. — Eu não consigo ficar brava com você. É como ficar brava com um cupcake.

— Isso foi um pouco fofo — James deu um sorriso confuso. — Segundo, quer mesmo saber o que aconteceu de verdade?

— Não, eu estou perguntando porque sou uma idiota — ela caçoou. — James! Para de me enrolar e fala logo!

James colocou as mãos nos ombros da menina e os seus olhos encontraram o chão. Ellie desconfiou da atitude de James, mas não expressou nenhuma reação. Nenhuma reação em seu rosto, porque dentro do corpo, havia um milhão de borboletas voando para todos os cantos apenas por sentir o toque das mãos do garoto.

— Você está me deixando preocupada.

— Ele estava dizendo coisas horríveis sobre você para os amigos dele — James murmurou, raivosamente. — Eu fiquei com muita raiva.

Os olhos da menina marejaram com as lágrimas, ela sentiu uma onda de raiva e vergonha simultaneamente entrando em seu corpo. O seu estômago revirou apenas de pensar na cena que James presenciara antes de sua volta para ao Salão Principal.

— Você não ia me contar se eu não perguntasse.

— Eu ia contar! — James protestou. — Olha, eu odeio ver você mal, entendeu? Eu estava tentando achar alguma maneira de contar sem que isso acontecesse, mas não sabia como fazer isso.

— Não tem como não me sentir mal com isso — Ellie desviou o olhar.

James viu uma lágrima sorrateira escorrendo pelas bochechas da menina.

Ele se aproximou um pouco e os seus braços envolveram Ellie, uma das mãos se enredando nos fios claros do cabelo para trazer a cabeça dela para mais perto. A garota enterrou o rosto no pescoço de James, tremendo e soluçando descontroladamente.

— Não chora — ele suspirou. — Parte o meu coração ver você assim.

A garota não conseguia parar. Ela arquejou em busca de ar e estremeceu. Mesmo que James tentasse acalmá-la, não obtinha sucesso. Ele se soltou do abraço, fazendo Ellie olhar em seus olhos.

— Eu odeio ele.

— Eu sei — James assentiu. — Mas você precisa se acalmar.

— A última coisa que eu quero fazer agora é me acalmar — a menina soluçou. A tristeza se misturou à raiva em seu corpo. — Quer me soltar? — ela reclamou, procurando se desvencilhar dos braços do garoto. — Eu vou atrás dele.

— Não.

— Por que não? — ela indagou, incrédula.

— Há outras maneiras de resolver esse problema — disse James, ouvindo a voz da razão ecoando em sua mente.

Caso dissesse que não pensou em amaldiçoar o garoto da Corvinal no Salão Principal, seria uma mentira, mas ele sabia que era um pouco arriscado. A professora não pensaria duas vezes antes de assinar a sua expulsão da escola. Ele também não deixaria a menina da Lufa-lufa correr o mesmo risco.

— Não é justo — ela arfou. — Você contou para a professora?

— Sim — ele assentiu com a cabeça. — Ela disse que precisava analisar a situação com o diretor e os outros professores.

— Enquanto a situação é analisada, ele já deve estar espalhando boatos sobre outras pessoas pela escola — ela lamentou.

James colocou uma expressão pensativa em seu rosto.

— O que foi? — a menina perguntou, analisando a feição do amigo.

— Prometa que não vai me bater.

— O que você fez? — Ellie rosnou.

— Não fiz nada — James respirou fundo. — Prometa que não vai me bater.

— Fala — disse, friamente.

— Eu não acho que seja ele quem anda espalhando todos os boatos — ele admitiu. James fechou os olhos. — Você não me bateu.

— Tenho autocontrole — Ellie ironizou. — Por que acha que não é ele?

— Não faz sentido.

— Ótimo argumento — ela riu, ironicamente.

— Não fica estressada comigo — James implorou, os olhos eram exatamente como de uma criança suplicando por algum doce. — A única pessoa que Macmillan quer magoar é você. Ele não ficaria perseguindo outras pessoas da escola.

Ellie mordeu o lábio inferior. Ela pensou um pouco e demorou alguns instantes para revelar o que mantinha em sua cabeça. A sua mente se assemelhava a um furacão, girando e destruindo os seus pensamentos. Problemas demais afetavam o seu cérebro.

— Fala alguma coisa — James soltou um gemido aterrorizado.

— Faz sentido — ela deu de ombros. — Ele também é uma pessoa ocupada com outras tarefas como o Quadribol.

— Exatamente — ele estalou a língua. — Ou não é ele, ou está fazendo essas coisas com a ajuda de outra pessoa.

— Não vou tirar ele da nossa lista — Ellie disse, determinada. — E se descobrirmos que ele é culpado por todas essas coisas, é melhor torcer para não me expulsarem e me jogarem em Azkaban.

— Ai, papai, apaixonei — James deu um sorriso fraco e sussurrou.

— O que você falou?

— Nada — James se engasgou com as próprias palavras em sua garganta. — Eu não falei nada.

A menina de cabelos claros deu de ombros e os dois jovens seguiram o caminho até as suas próximas aulas do dia, sem dizer mais nenhuma palavra.

FALLING - JAMES POTTEROnde as histórias ganham vida. Descobre agora