Capítulo 13

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O taxi não ia até o fim, então ele me deixou na rodovia, perto da estrada de terra que leva até o casarão. Caminhei vagarosamente, eu ainda pensava em Joe, eu precisava desabafar com alguém, aquilo estava me matando. Peguei meu celular, olhei para o contato de Lucas. Pensei em ligar, mas por que ele me ouviria as 8h da manhã? Deixei quieto e segui em frente.

Minha "vida", se é que eu podia chamá-la assim naquela época, estava rumo ao abismo. Eu acabara de ver a única pessoa com a qual eu me importava me olhar com um triste desprezo. Com toda certeza eu não estava da maneira que ele esperava me encontrar, se é que ele esperava por isso. Eu só queria falar com ele, saber como andam as coisas, abraça-lo e quem sabe até me explicar, se ele quisesse me ouvir. Tudo isso estava fora de cogitação, mas era minha vontade. Eu sentia sua falta.

O portão estava escancarado, o que era estranho, então caminhei mais um pouco, havia marcas de pneu pelo chão, alguém estava apressado. Quanto mais eu me aproximava da casa, mais eu sentia um cheiro estanho, de início não consegui distinguir o que seria aquele cheiro.

Quando cheguei à porta, o cheiro estava perto. Estava aos meus pés. Sangue. O guarda que ficava na porta estava morto, banhando a entrada de sangue. O pouco que consegui ver pela porta entreaberta era apenas mais sangue.

Meu coração disparou naquele momento, eu estava apavorada, eu nunca tinha visto esse tipo de coisa de perto. Eu tremia, chorava, senti minhas pernas fraquejarem.

Eu precisava de ajuda, precisava de Lucas. Liguei para o celular dele.

Sem resposta.

Mais uma vez.

De novo.

E de novo.

Eu estava encolhida atrás de um arbusto. Decidi ligar para Lucas pela última vez.

-Alô? -disse com uma voz sonolenta- Olha Alice, pra você me ligar essas horas espero que seja importante.

-L-Lucas, eu estou apavorada, me ajuda. -sussurrei com voz de choro.

-O que houve!? - disse Lucas em tom de preocupação.

-Eu não sei direito, eu cheguei e vi o guarda morto na porta da frente. Estou com medo de entrar.-respirei fundo. -Vem aqui, por favor.

-Já estou indo, se esconda e não entre lá em hipótese alguma. -desligou.

Lucas morava longe dali, então me acomodei atrás do arbusto e pensei no tipo de coisa que eu podia encontrar por lá, os meus pensamentos eram perturbadores, eu não estava bem.

Um tempo depois, ouvi um carro em alta velocidade, era Lucas. Sai do arbusto e fui de encontro a ele.

-Caralho!- exclamou Lucas. - Olha esse carro,-apontou para uma caminhonete que estava parada perto da casa- ele está marcado com o símbolo da facção inimiga. Tem gente grande por aí. -abriu o porta luvas de seu carro e me deu uma pistola.

-Eu não sei usar isso. -minhas mãos ainda tremiam.

-Você aprende. Fique aqui, e se esconda eu já volto.-disse Lucas dando as costas.

-Nunca, eu vou com você. - o segui.

-Não! Eu jamais vou me perdoar se algo acontecer com você.

-Eu não ligo. -continuei o seguindo.

-Merda, você é teimosa pra caralho. Se é pra ir fique atrás de mim, com essa porra destravada. - me ensinou a destravar a pistola.

Fomos em direção a porta, dentro da casa o cheiro era ainda mais forte, haviam mais guardas mortos, prostitutas mortas. Uma carnificina.

Cada canto que entravamos era mais desesperador, na parte dos quartos haviam garotas mortas em suas camas. Entre elas, Anna, não eramos o que se chama de amigas, mas eu senti a morte dela, um pouco. Eu tremia cada vez mais a cada porta que Lucas abria. Estávamos no último andar, onde o chefão costuma ficar, até lá a casa estava limpa, aquele era o último andar, a última porta a ser aberta.

Lucas a abriu.

O chefe estava amarrado em sua cadeira e havia uma mulher com ele, ela estava de costas, aparentemente estava o interrogando, estava armada. Quando ela ouviu o som da porta riu.

-Finalmente, alguém chegou. Pensei que esse velhinho era mais amado. -riu monstruosamente.

Ela virou seu rosto para nós vagarosamente. Os olhos de Lucas se arregalaram ao ver o rosto da mulher.

-Mãe!? -berrou Lucas.

-Como esperei por esse momento, meu filho. -um grande e medonho sorriso se abriu em seu rosto.

KillyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora