Capítulo 23

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Apesar do rosto um pouco familiar, eu nunca tinha o visto antes, mas, ele me olhava como se soubesse exatamente quem eu era.

-O chefe já me falou sobre você, eu confesso que não acreditei, mas agora, olhando pra você eu não tenho dúvidas.

-Eu não estou entendendo, dúvidas de que? - as coisas já não estavam fazendo sentindo.

-Lucas, ela não sabe? - indagou o homem.

-Não... - Lucas abaixou a cabeça já esperando a bronca.

-Espera aí. Lucas? O que você sabe sobre mim? -naquele momento eu já não consegui manter a calma e me estressei.- Você quer que eu confie em você sendo que você não confia em mim.

-Ali... Quer dizer, Killy, por favor...

-Me fala, agora. - gritei.

-Eu não posso, desculpa. Eu recebi ordens diretas pra não fazer isso.

-Mas eu não recebi... -disse o homem.- Sente-se aqui, tenho um boa história para te contar.

Haviam dois sofás e uma poltrona, me sentei em um dos sofás que estava um pouco sujo, aliás, a casa inteira estava, não era exatamente um lugar aconchegante onde alguém em sã consciência gostaria de viver. Haviam armas por toda parte, em cima da mesa de jantar, na estante, encostadas na porta, na parede haviam posters de mulheres nuas. Com certeza ele vivia só.

Lucas se sentou ao meu lado e tentou convencer o homem a não falar. Em vão.

-Pois bem, Killy. -prosseguiu- Me chamo Mike, mas pode me chamar de tio. E eu acho que por isso, não preciso chamá-la de Killy, minha querida Alice. Esse nome tão lindo... sua mãe que o escolheu. Olha, vou deixar algo bem claro, seus pais biológicos estão vivos. E sim, eles te deixaram no orfanato por vontade própria, para protegê-la. Porque eles, é... Digamos que não sejam o tipo de pessoa correta e dentro da lei, que seriam capazes de criar uma criança em segurança. Mas, vendo você aqui, agora, eu consigo ver que isso está no sangue, eles tentaram te afastar e aqui está você. Eles nunca foram casados ou tiverem algum relacionamento oficial, mas sempre estavam juntos. Porém, depois de você eles acabaram entrando em desavenças e hoje em dia, não se falam mais. Você deve estar se perguntando, como saber disso sendo que a última vez que te viram você era apenas um bebê. Eis aqui a prova - esticou-se até uma mesinha de canto abriu a gaveta que havia e apanhou uma foto antiga.- Bem, -me entregou a foto- olhe essa mulher ao meu lado, é Lauren. Minha irmã.

-Meu Deus... -me choquei com o que vi- Ela é igual a mim, extremamente idênticas, incrível. -estremeci por um instante, as coisas começavam a se encaixar.- Ela é minha...

-Mãe. -completou Mike. Depois que o chefe te viu, investigou o seu passado a fundo, e conseguiu tudo que precisava para poder confirmar que era você mesma.

-Mas e minha mãe onde ela está?

-Alice, Alice... Sua mãe... Não a vejo a mais de 10 anos, depois que ela deixou de ser apenas uma prostituta para ser a nova "cafetona" da região, ela sumiu do mapa, disseram que ela mudou de nome, que vive pelas sombras, Lauren Martell deve ter morrido, com toda certeza, e dado lugar a alguém que eu não posso mais chamar de irmã. Ela faz parte da facção inimiga a nossa, tenho certeza que se houver novamente contato entre nós, será guerra. Portanto, procure manter-se longe.

-Mas e meu pai?

-Calma, um passo de cada vez. Temos um treinamento pra fazer. -riu- Se você fizer tudo certinho, quem sabe eu te conte.-levantou-se, apanhou as duas armas que estava na estante e me entregou.- Está preparada?

-Eu não estou preparada, eu sou preparada.

Partimos para o quintal, onde Mike preparou rapidamente alguns alvos. Lucas, sentou-se em um banco e observava tudo.

-Prepare a arma.

Destravei como Lucas havia me ensinado uma vez.

-Muito lenta, mais uma vez.

Isso se repetiu dezenas de vezes, até o momento que eu consegui ser realmente rápida. Meu tio me olhou com um olhar de satisfação e disse firmemente em meu ouvido.

-Mire.

Estiquei o braço e segurei o revólver com firmeza.

- Atire pra matar.

Esse treinamento se estendeu por semanas, Lucas já não acompanhava, ele apenas me deixava lá pela manhã e buscava á noite. Aprendi a usar diversos tipos de armas, aprendi técnicas, a ser discreta. E ele aperfeiçoou minha auto-defesa. Essas semanas, ou meses foram essenciais, pois além de aprender muito eu estive pela primeira vez, em família, sangue do meu sangue.



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