Capítulo 28

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Quando Lauren entrou na sala, antes de dizer qualquer coisa ela colocou duas maletas em nossa frente, apoiou-se na parede mais próxima de braços cruzados.

–Abram as maletas. –ordenou.

Obedecemos, as malas estavam recheadas de dinheiro, uma excelente quantia.

-O que significa isso? –perguntei.

-Significa que vocês não trabalharão de graça. Agora vocês são meus funcionários, só e unicamente meus e sem direito a demissão. –riu – Pois bem, agora vocês irão para o interior, para aquela cidadezinha insuportável de onde vocês vieram. –me entregou um celular. –Cuidem bem desse celular, será através dele que vocês terão informações sobre as vítimas, os pagamentos e através dele manterei contato com vocês, então, não o percam.

-Então, simplesmente você quer nos transformar em... Assassinos de aluguel sem nem perguntar nossa opinião sobre, como se isso fosse completamente aceitável? –Retrucou Lucas.

-Meu amor, você acha que eu não conheço suas histórias? Não haja como se fosse um santo, com essa de "você quer nos transformar", eu não estou transformando ninguém em nada que já não seja, ou tenda a ser. Tenho certeza que no fundo você vai adorar fazer isso. Eu o observo há anos, ninguém ganha tanta confiança do chefe sem sujar as mãos com muito sangue. Se Killy acredita na sua cara de cãozinho abandonado, eu não acredito.

Aquilo foi o suficiente para calar Lucas, naquilo vi que ele tinha mais a esconder do que eu pensava, e sem dúvidas eu descobriria o que ele guardava, ah se iria. O clima ficou pesado. O carro de Lucas estava lá, Lauren havia pedido para um de seus capangas irem buscar junto com nossas coisas, assim feito. Estávamos prestes a ir embora, mas ela ainda tinha algo a dizer.

-Vocês vão agir normalmente, para todos dirão que Joyce pediu para vocês voltarem. Não dirão nada a ninguém sobre esse trabalho, a discrição é o mais importante. Lembrem-se nós estaremos por toda parte, se vocês falharem... –passou os dedos no pescoço –O outro terá problemas.

Estávamos andando em direção ao carro quando Lauren parou Lucas e sussurrou no ouvido dele. Eu não ouvi, mas a cara dele me deixou curiosa, tinha muita coisa errada ali, coisas que eu não sabia. Minha imaginação flutuou, e as coisas ficaram confusas, eu sempre soube que Lucas tinha algo a esconder, mas eu pude ver que era algo muito pior, o rosto dele me dizia isso em cada olhar desconfiado.

Entramos no carro, a estrada seria bem mais longa dessa vez o clima estava estranho, sem trocar nem uma palavra se quer. Havia apenas pequenas trocas de olhares desconfiados, até que eu percebi que eu deveria perguntar sobre o que Lauren estava falando.

-Lucas... Você sabe que uma hora você vai ter que falar sobre aquilo que Lauren estava dizendo.

-Essa hora com certeza não é agora.

-Tudo bem, mas ela tem que chegar, na situação que estamos não podemos guardar segredos um do outro. Afinal, sua vida está dependendo de mim e vice e versa. –suspirei, e então vi que aquela conversa precisava acontecer naquele momento. –Lucas, vai, me fala agora, preciso saber.

-Eu não vou te falar nada agora! –gritou. Uma atitude que me assustou, pois ele nunca havia usado esse tom comigo antes.

-Por que você está gritando? Não tem ninguém gritando com você aqui. –gritei na mesma medida.

-Então você quer discutir? Vamos discutir. –freou bruscamente fazendo com que eu batesse a cabeça no painel.

-Viu o que você fez? –passei o dedo no meu supercílio e estava cortado- Que ótimo agora além que brava, eu estou sangrando.

Dirigiu até o acostamento e estacionou lá.

-Desculpa, de verdade. Eu não queria te machucar, mas é que você me tirou do sério, você precisa entender que eu não quero falar sobre meu passado, não agora. No meu tempo eu vou te contar. –houve uma pequena pausa silenciosa – Meu Deus, você está sangrando, me deixe ver isso. –tentou colocar a mão no meu machucado.

-Não encosta em mim! –disse firmemente enquanto afastava a mão dele de mim.

-É claro que eu vou encostar em você. –mexeu no porta-luvas do carro, onde havia um pequeno kit primeiros socorros, ele pegou o algodão e um pouco de álcool e limpou meu ferimento ele parecia tão cuidadoso, e preocupado que eu estremeci, não consegui mais sentir raiva ou qualquer outra coisa que eu estivesse sentindo antes. Ele é o tipo de pessoa que não tem como ser frio com ele, ele te derrete. E além de tudo, depois de fazer o curativo ele me deu um beijo na testa. Golpe baixo.

De qualquer forma, seguimos viagem sem dizer nada muito mais do que o necessário.

KillyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora