Capítulo 25

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Logo pela manhã, fomos incomodados por batidas insistentes em nossa porta, nenhum de nós estava afim de atender.

-Deve ser a camareira, ela pode vir mais tarde.

As batidas persistiam, eram batidas fortes, ficamos desconfiados, nenhuma camareira bateria na porta daquela maneira, logo pegamos nossas armas e esperamos que seja lá o que fosse entrasse e então resolveríamos ali mesmo. Armas destravadas e apontadas para a porta. Uma cena interessante, enfatizando que estávamos de roupas íntimas, é, talvez isso tenha tornado a cena mais interessante. Meu lingerie rendado definitivamente não era apropriado para aquela ocasião.

A porta foi arrombada, entraram dois caras do tipo "armário" e ainda por cima armados, não era bem o que eu gostaria de ver numa manhã de ressaca.

-Quem são vocês e o que querem aqui? - perguntou Lucas.

-Eles não querem nada. -surgiu uma voz vinda de fora que aos poucos se aproximava- Eu quero. - Joyce apareceu entre os dois homens.

-Você não devia ter aparecido aqui - rosnei.

- Será mesmo? -riu- Lucas, olhe para a cabeça de Killy.

Havia uma luzinha vermelha, uma mira, bem no meu cérebro.

-Por que você está fazendo isso? -indagou Lucas.

-Você sabe... Eu sei que você sabe. Ou você achou que eu não acharia seu amiguinho hacker que te ajudou a interceptar as ligações?

-Onde ele está? O que você fez com ele sua... -foi interrompido.

-Sabe... Ele é bem mais forte do que eu imaginei, para um nerd desengonçado. Ele suportou bem, os choques, as surras, ele só contou quando começamos a arrancar os dentes dele, é... Isso deve doer. -ela dizia isso como quem diz o que comeu de almoço ontem- E respondendo sua pergunta, ele, ou melhor dizendo, eles, estou me referindo aos pedacinhos, estão em algum rio, navegando por aí.

-Sua desgraçada! Eu vou meter uma bala na tua fuça! -Lucas disse enquanto se engasgava em ódio.

-Eu vou meter uma bala na fuça dela. - me preparei para mudar de posição.

-Não, não vai. Sabe essa mira que está bem no meio da tua cabeça? Antes que você atire em mim, ela atira em você.

-Vamos ver quem age mais rápido então.

-Ora, ora. Vamos melhorar essa brincadeira então, antes de atirar em você, ele atira no Lucas.

O atirador atirou na mão de Lucas, fazendo com que ele derrubasse a arma. Um dos capangas o imobilizou apontando sua arma na cabeça dele.

-Vamos meu bem, solte essa arma... -Joyce se aproximou de mim e eu apontei a arma para ela, que respondeu meu gesto apontando para Lucas.

-Killy, não se preocupe comigo...-tentou dizer enquanto recebia coronhadas.

- Pode até não se preocupar com ele, mas talvez se preocupe com a mira que está na sua cabeça. -tirou a arma de minhas mãos, eu não podia impedi-la, eu jamais colocaria Lucas em perigo. Assim que pegou minha arma tirou a munição e em seguida me devolveu.

-Vamos, temos alguém para ver.

-E o que eu faço com ele?- perguntou um dos brutamontes.

-Se você fizer algo com ele...

-Nada, - me interrompeu- ele vai conosco. Apenas apague ele.

Senti uma picada em meu pescoço, provavelmente era um sossega leão bem forte, pois em segundos eu apaguei.

Minha consciência estava aos poucos voltando.

-Desculpe, pelo sossega leão, imaginamos que seria melhor que você não soubesse onde está.

Eu estava amarrada em uma cadeira, abri os olhos e me deparei com uma mulher, usava sapatos altos e caros, tinha belas pernas, um belo vestido vermelho, belos cabelos, e um rosto como o meu envelhecido, o que entregou sua identidade, estava sentada em sua mesa de mogno, em uma sala muito bem decorada. Aquele lugar cheirava a sofrimento. Lauren, ou minha mãe, era difícil saber como chamá-la, me olhava de uma maneira, como se sentisse pena, ou algo parecido.

-Por que eu estou presa? Você acha que eu vou fazer o que? Afinal, como eu devo te chamar? De mamãe?- debochei.

- Acredito que Mike tenha te contado sobre mim, suponho que também saiba sobre seu pai... Depois nós colocamos nossos laços familiares em dia, enfim, você está presa porque você precisa ver algo, que talvez você não queira, e que talvez você fique um pouco nervosa, digamos. E eu sei que você é muito bem treinada, te deixar solta não é um bom negócio.

Era estranho vê-la assim, não era nada maternal o tratamento que eu estava recebendo naquele momento, eu não sei o que eu esperava dela, talvez mais do que vi, não que ela merecesse alguma expectativa, depois do que Mike me contou, era difícil saber o que eu encontraria.

-Traga ele aqui. -berrou para alguém.

Um dos caras que estava no hotel levou Lucas até a sala onde eu estava, ele estava com o rosto coberto, o homem o deixou ajoelhado bem na minha frente. Lauren removeu o pano que cobria o rosto de Lucas, ele estava amordaçado, cheio de hematomas, cortado, sangrando, era insuportável vê-lo assim.

-O que você fez com ele?-suspirei- Quando eu sair daqui, eu acabarei com você.

-A questão não é o que eu fiz, e sim o que eu farei com ele. -apanhou a minha arma e me mostrou- Ta vendo esse revólver? Creio que Anthony tenha te dado ele, era meu, era o meu favorito. Olhe para ele, é belo e fatal, é como eu.

-Acredite, eu não me importo com o seu revólver. O que ele tem a ver com isso? Até onde eu saiba essa conversa é entre nós, deixe-o ir.

-Bom, tem algo em você que precisa morrer, e ele está totalmente ligado a isso. Seu lado afetuoso, você precisa sofrer, ter o coração quebrado, para você mostrar seu melhor lado, o frio, o calculista, aquele que jamais age de maneira sentimental. -passou o revolver em meu rosto- Mantenha os olhos bem abertos, e preste atenção na mamãe.

Ela destravou o revolver lentamente, olhava para mim com um olhar assustadoramente tranquilo, sorriu de maneira pavorosa enquanto o apontava para cabeça dele.

-Não, você não pode... -gritei, tentei me mover para impedi-la, mas o máximo que consegui foi balançar a cabeça desesperadamente.

Ela atirou.

KillyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora