Capítulo 29

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Era tão difícil estar naquela cidade depois de tanto tempo fora, toda minha história se resumia naquele lugar, meus dramas, minhas tramas, algum vestígio de felicidade, tudo ali. Lucas passou pelo parque onde eu levava meu irmão, Joe, para brincar, enquanto eu passava por lá eu quase podia ver nós dois brincando. Naquele momento, mais do que nunca, senti uma saudade imensa dele, eu queria vê-lo, mas eu não podia. O que ele pensaria de mim? O que eu diria pra ele? Eu não podia, o que me restava era rezar para que Deus cuidasse dele pra mim.

-Ei, o que você está perdida aí na janela? – perguntou Lucas com a mão em meu joelho.

-Nada, aquele parque me lembrou Joe. Sinto falta dele.

-Não fica assim, assim que tudo acabar, você poderá vê-lo.

-Você fala como se isso pudesse acabar bem. –ri.

-Você é muito pessimista, moça.

Continuamos seguindo até a casa de Lucas. O ar, as ruas, as pessoas e os comércios, tudo ainda parecia igual, eu me sentia em casa pela primeira vez em muito tempo. Chegando lá, nos acomodamos. Fui até a cozinha e havia um bilhete, que eu tomei a liberdade de ler antes de Lucas.

"Eu estive por aqui, estou sem notícias suas. Por onde você anda? Assim que ver isso, me liga.
-Srta. BP"

Isso me mostrou que tinha mais uma coisinhas que eu precisava saber, "Srta. BP" quem diabos é essa mulher? Se é que é uma mulher. Tinha muita coisa que não se encaixava. Mas pra variar mais uma vez a conversa teria que ser adiada, no momento em que terminei de ler o bilhete, o celular que Lauren havia deixado comigo tocou, era um torpedo. Guardei o bilhete comigo. No torpedo continha informações básicas sobre o indivíduo que teria que ser eliminado. Ele participava da facção de Lauren, mas ele era um infiltrado que mandava informações para a facção de Anthony. Ele tinha grande influência, era um risco eminente.

Contei a Lucas e ele usou conhecimentos que ele havia adquirido com seu amigo hacker para conseguir informações sobre o cara, ele se chamava Henri Clapton, morava na região norte da cidade, conseguimos o endereço dele e decidimos que antes de agir deveríamos vigiar a casa para descobrir os horário de Henri. Arrumamos nossas coisas e partimos para a vigia na manhã seguinte. Lucas queria levar muito armamento, o que eu julguei desnecessário por se tratar de apena um cara, levei apenas a pistola que era de minha mãe. E eu me garanti com ela. Durante nosso primeiro dia de vigia no carro, quebrei o silêncio que havia entre nós enquanto observávamos a casa.

-Lucas... -disse vagarosamente- Quem é "Srta. BP"?

-Como...? - eu podia ver o espanto nos olhos dele.

Mostrei a ele o bilhete que eu mantinha guardado no bolso da minha jaqueta.

-Onde você encontrou isso?

-Na sua cozinha. Agora você tem muito mais coisas pra explicar.

-Killy... Esse não é o melhor momento.

-E quando vai ser? Quando seus segredinhos matarem a gente? -perdi a paciência - Você vai me falar, e vai falar agora.

-Você acha que tudo tem que ser do seu jeito e no seu tempo, não é mesmo? Sabe o que você é? -fez uma pequena pausa- Você é uma garota mimada.

-Mimada por quem? Pelo meu padrasto que me estuprou ou pelos meus pais gangsters?

-Desculpe, eu não falei por mal...

-Ah imagina, você nunca fala. –falei sarcasticamente.

Voltamos ao silêncio mais uma vez, eu percebia que ele estava olhando para mim, mas eu fingia não perceber. Eu estava de cara fechada, eu já estava cheia dele esconder segredinhos, ele sabe tudo sobre meu passado, justo que ele me conte sobre o dele.

-"Srta. BP" é a Tenente Bella Peterson. -enfim me disse- Uma policial. Ela era minha namorada antes de eu entrar nessa vida, ela tentou me ajudar, mas eu recusei a ajuda dela e entrei mesmo assim, então eu tive que deixá-la, não faria sentido nenhum um integrante de gangue namorando uma policial, mesmo assim ela não me abandonou completamente. Antigamente eu fazia muita merda, mas eu não era discreto. Ela sempre limpava minha sujeira, eu sempre precisava de alguém antes de eu aprender a agir por minha conta, por isso ela tem a chave de casa, eu não tenho como saber quando eu vou precisar.

-Que merdas eram essas que você fazia que ela tinha que limpar? –eu estava imaginando muitas coisas, menos que "Srta. BP" era a ex-namorada policial dele, mas isso me deixou um pouco aliviada, pois poderia ser pior.

-É sobre isso que Lauren estava falando. Para entrar no cargo de confiança no qual eu estou, eu tive que sujar muito as minhas mãos, eu já matei muitas pessoas, meu bem. Muitas delas mereciam, mas nem todas. -abaixou a cabeça. Notei que ele se emocionou. Aquele era um assunto complicado para ele.

-Como assim "nem todas"?

-Bom, dentre tantas merdas que eu fiz, teve uma que foi a pior de todas, sem ajuda dela eu nem sei se eu estaria aqui... Uma vez nos tivemos uma pista sobre a localização da base da facção inimiga, todos queriam aguardar até terem a confirmação efetiva, e detalhes sobre o lugar. Mas eu fui inconsequente, sem nem saber o que me esperava, espalhei explosivos pelo redor do prédio, e os explodi, o lugar foi às ruínas, não sobrou nada. –respirou fundo olhando para os lados, desconcertado. –realmente tinha integrantes inimigos no local, mas aquela não era a base, era um orfanato, onde alguns fugitivos se escondiam. Eu explodi crianças, crianças órfãs, crianças como você. Eu fui inconsequente e burro, deixei pistas. Bella limpou minha sujeira, e me ajudou incriminando outras pessoas,essas pessoas que por um "passe de mágica" sumiram do mapa. O pessoal de Anthony não sabe disso, eles não admitem esse tipo de atrocidade, matar crianças inocentes. Além de Bella, meu amigo Leonne, o hacker que sua mãe matou, e você agora, Lauren também sabe disso. E ela disse que usaria isso contra mim.

Eu não sabia muito bem o que dizer os olhos dele estavam marejados, eu via a sua tristeza. Então eu simplesmente o abracei. Sem palavras bonitas, sem frases de efeito ou lições de moral, apenas um abraço apertado.

Depois disso, passamos mais dois dias observando a rotina de Henri. E no terceiro dia, era hora de agir. Ele sempre voltava para casa depois das 18h. Então decidi fazer uma surpresinha para ele. Antes que ele chegasse invadi a casa dele cuidadosamente para que ele não notasse, Lucas estava me esperando no carro, entrei pela janela, vasculhei os cômodos a procura de coisas suspeitas, não encontrei nada além de maconha e algumas revistas pornôs. Então, preparei minha surpresa, era um belo quarto, ele era um cara organizado estava bem arrumado, e a cara era enorme, me despi ficando apenas de lingerie, então deitei sensualmente na cama dele escondendo a arma atrás de mim. Aguardei até o momento que ele chegasse.

Quando ele chegou, eu ouvi os passos dele, e então me preparei na minha pose mais sensual, com a minha expressão mais maliciosa. Demorou um pouco até que ele subisse até o quarto. Assim que abriu a porta deu de cara comigo, seduzindo-o.

KillyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora