Capítulo 33

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-Killy, você tem certeza? –indagou Lucas
-Sim. -respirei fundo.
-Isso é cruel, até para você.
Eu precisava safar Joe, o deixei em casa e fui arrumar a bagunça que eu estava prestes a fazer. Eu estava rodando com Lucas pela cidade procurando alguém com características semelhantes as de Joe, para mata-lo e mandar a foto para Lauren, e a pior parte não era o que eu faria com aquele pobre garoto, e sim o fato de eu não me importar, isso pra mim era algo banal, que precisava ser feito. Quando você ama alguém, assim como sempre amei meu irmão, chega a ser meramente considerável fazer esse tipo de coisa, pelo menos para mim.
-Olha, Lucas. Aquele garoto. -apontei.
-Ok, vamos segui-lo?
-Sim.
-Eu ainda não sei porque eu estou fazendo isso.
-Porque eu te pedi, meu amor.
Seguimos o garoto, até que ele entrou em uma rua deserta, aproveitei e então encostei o carro para supostamente pedir informação ao garoto, enquanto ele tentava me explicar, Lucas saiu do carro e abordou o garoto o fazendo inalar clorofórmio, o que fez ele desmaiar, logo em seguida, colocamos ele no carro e saímos daquela região o mais rápido possível.
-E agora, Killy?
-Você pegou as roupas de Joe?
- Mas o que você quer com as roupas dele?
-Vestir o garoto com as roupas para se assemelhar mais com Joe.
- Droga, eu esqueci!
-Parabéns, seu otário. Vamos ter que voltar lá.
Dei meia volta com o carro, em uma manobra proibida mesmo, eu estava brava com Lucas e queria chegar até a casa dele logo e acabar logo com isso. E quando  chegamos perto da casa de Lucas, havia um carro estranho na frente, na verdade nem tão estranho assim.
-Killy, você sabe que carro é esse, não sabe?
-Por favor, me diz que esse não é o carro dela? –bati a cabeça no volante –Droga!
-E agora?
-Agora, a gente entra. -eu disse isso da maneira mais segura possível, mas na verdade, eu não estava tão segura assim
Paramos o carro ali perto, preparamos as armas e entramos. Não precisamos fazer muito esforço, ela estava sentada no sofá com Joe ao lado dela.
-Olá Killy, olá Lucas. – e um sorriso assustador se abriu em seu rosto.
Estávamos em silêncio olhando um para a cara do outro.
-Olha, eu sei o que não era para isso estar acontecendo, mas eu posso explicar -tentei aliviar a situação.
-Você acha mesmo que eu não sabia que ele era seu irmãozinho adotivo?
-Como? -indaguei com um tom de ódio.
-Meu amor, você precisa entender uma coisa, eu sei de qualquer coisa que eu quiser saber.
Cerrei os punhos, minha vontade era de pular na garganta daquela mulher, Lucas notou que eu estava estressada e decidiu se envolver na conversa.
-Então diga, o que você quer aqui?
-Bom, eu vim dizer que vocês podem ficar com o garoto, e que ele será o pagamento das duas próximas missões que eu tenho pra vocês.
-Que missões?
-Você, minha doce Alice, vai ir até a casa de Anthony pegar algo que me pertence, e você, Lucas, matará Theodoro.
-O que? Theodoro é o cara que gerencia o maior ponto de drogas da região, mexer com ele é suicídio.
-Bom, que bom que não sou eu quem fará isso. -riu.
Levantou-se e estava indo embora, mas antes disse algo.
-Lembrem-se, eu sei de tudo. Depois eu mandarei informações mais detalhadas sobre as missões.
Assim que ela partiu eu pensei que explodiria de raiva, peguei um copo para beber um pouco de água com açúcar, mas acabei o quebrando pela quantidade de força que usei para o segurar.
-Ei, ei, ei! -exclamou Lucas- Sua mão está sangrando. Meu Deus! Você quebrou esse copo?
-Por favor, me deixe em paz.
-O que seu irmão vai pensar de você te vendo quebrando copos na mão? -abriu um meio sorriso.
-Nada pior do que ele já deve pensar.
-Deixa eu cuidar disso.
Mesmo depois de tanto tempo, eu ainda fico impressionada pela maneira da qual Lucas me trata, eu não mereço nem metade de tudo que ele fez e ainda faz por mim. Mesmo quando eu explodo, sou grosseira com ele, o ignoro, ele ainda está aqui. Eu entendo que as vezes ele também explode e age errado comigo, mas comparado com a maneira da qual eu trato ele, ele é um anjo. Olhando ele cuidar dos meus ferimentos, eu quase poderia jurar que eu queria passar o resto da minha vida com ele. Mas eu precisava tomar cuidado, nessa vida que levo, o amor pode ser a morte pra mim, é um pensamento bem egoísta, eu sei, nunca me orgulhei disso. Só que agora, se houvesse que escolher entre a minha vida ou a dele, eu realmente não saberia responder.

Assim que Lucas terminou o curativo decidi ir conversar com Joe.

-Oi.

-O que houve com sua mão?

-Estresse.

Ele riu, foi agradável ver um sorriso depois de tudo.

-O que você vai fazer hoje a noite?

-Você realmente está perguntando o que um garoto nessa situação vai fazer á noite? Provavelmente assaltar a geladeira.

-Pensei que você poderia gostar de ir jantar fora, eu e você.

-E Lucas?

-Ele pode ficar com a parte de assaltar a geladeira.

-Ou podemos trazer algo pra ele.

-Você ta puxando muito o saco dele, hein. -sorri.

-Vocês são namorados?

-Difícil definir nossa relação. Nós estamos juntos. -parei um pouco para pensar- É, isso aí.

-Gosto dele. Ele parece ser bem legal com você.

Sentei no sofá ao lado de Joe, mexi no cabelo dele.

-Eu te amo. -foi o que ele me disse antes de se encaixar nos meus braços.

Acredito que só se pode compreender o amor de irmão quando de tem um irmão, é uma ligação muito forte, tudo bem que eu e Joe não éramos irmãos de sangue, mas era como se nossas almas fossem unidas, algo muito mais forte do que qualquer outra coisa que já senti, é mais que amor. Com certeza é, muito mais.

Eu queria sair daquela posição, mas depois de um tempo de carícias no cabelo, ele adormeceu, não estava nada confortável pra mim, mas ele estava tão bem daquele jeito, seria um pecado acordá-lo.

Lucas estava parado na porta da cozinha olhando para mim e Joe no sofá, ele estava com um olhar de satisfação, com um daqueles sorrisos irresistíveis, do qual não tem como escapar e não sorrir de volta.




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