CAPÍTULO VINTE

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— Não — a ruiva reafirmou. — É só que não pude deixar de notar como vocês são um com o outro. Eu acho que você gosta dele.

As bochechas de Ellie enrubesceram. Aquela pergunta conseguia deixá-la mais nervosa do que as perguntas nos exames finais da escola.

— Não fica envergonhada — Lily ofereceu um sorriso genuíno como apoio. — Pode me contar a verdade.

— Eu acho que sim — ela engoliu seco antes de dar a sua resposta. — Eu sou uma péssima pessoa para lidar com essas coisas. Você deve me olhar e pensar como sou idiota de me apaixonar por alguém que me pediu conselhos para te chamar para sair.

— Eu te conheço há tempo suficiente para saber que você não é idiota — Lily revirou os olhos. — A gente não pode controlar os nossos sentimentos, Ellie, é normal.

— E o que você acha disso? — Ellie perguntou, tímida.

— Eu acho que ele também gosta de você.

Aquelas palavras demonstravam verdade por parte da jovem da Grifinória. Porém, a lufana apenas pensava em como Lily estava dizendo aquilo para ser gentil com uma amiga. Ao contrário de borboletas, o seu estômago foi inundado por uma sensação semelhante a socos.

— Não — Ellie desviou o olhar para as pedrinhas no chão. Com uma mão, ela apanhou uma delas e atirou no lago. — Ele não gosta de mim.

— Não seja boba — Lily bufou. — Nem precisa reparar bem para perceber que ele está caindo de amores por você.

— Ele não age como se estivesse caindo de amores por mim — a garota arremessou mais uma pedra, observando o caminho que ela fazia na água. — E você sabe bem como James é.

— Chato? — Lily brincou, fazendo Ellie dar uma risada curta. — Um pouco insuportável quando quer ser? Eu sei bem como é, mas deveria agradecer por ele não ser assim com você.

— Definitivamente, eu jogaria ele nesse lago se fosse daquele jeito comigo.

— Troque lago por torre de Astronomia. Era essa a minha vontade — a ruiva riu. — Por que não conversa com ele?

Os seus olhos encontraram a expressão gentil e aconselhadora no rosto da garota da Grifinória. Pensou em uma resposta, mas nada vinha em sua mente. A ansiedade por uma resposta concreta inundou seus pensamentos e ela deixou um suspiro de derrota escapar.

— Eu não sei.

— Você deveria tentar uma conversa — continuou ela. — Aquele garoto pode ser o idiota que for, mas ele nunca iria brincar com os seus sentimentos se contar a verdade.

Um sorriso genuíno cruzou os seus lábios.

— Obrigada pelo conselho.

— De nada — Lily pousou a mão sobre o ombro da menina. — Apenas ajudando uma amiga.

Um pouco mais distante do Lago Negro, Peter, Remus, Sirius e James estavam sentados debaixo de uma árvore.

O último garoto observava o movimento nos jardins, muitos alunos curtiam e apreciavam o dia de um verão próximo, mas os seus olhos correram instantaneamente em direção às duas figuras femininas que conversavam em frente ao lago.

— Como se sente vendo essa cena? — indagou Sirius, um sorriso maroto estampado em seu rosto.

James encarou o garoto de cabelos longos com uma expressão de falso desdém.

— Não me sinto de jeito algum.

— Mentiroso — Sirius revirou os olhos. — Deveria voltar às origens e convidar ela para sair com você.

— Sinto falta do James correndo atrás do que quer — Peter comentou, enquanto se distraía com a sua gravata.

— Eu tenho uma pergunta — Remus olhou rápido das meninas no lago para James.

— Quer que eu te dê cobertura para fugir? — Sirius caçoou, colocando a mão no ombro de James.

— Dependendo da pergunta e da resposta, sim — James respondeu.

— Cala a boca — Remus deu um tapa fraco no braço de Sirius. Ele voltou a atenção para o James. — Você ainda sente alguma coisa pela Lily?

— Responde com cuidado — Sirius sussurrou.

— Sem pressão — disse James, abrindo um sorriso fraco no canto dos lábios. — Eu acho que não sinto nada. Vocês sabem que não chamo mais ela para sair.

— Há duas semanas — lembrou Sirius. — Um recorde jamais alcançado.

— Se você não calar a boca, você vai ver — Remus ameaçou o garoto.

— Dependendo do que eu vou ver, eu não tenho medo — Sirius ironizou. Um sorriso estampou os seus lábios ao ver Remus corando um pouco nas bochechas.

— Que péssimo flerte.

Uma voz feminina caçoou atrás dos meninos. James rapidamente reconheceu a lufana e deu um sorriso fraco, Sirius reparou na reação do melhor amigo e começou a rir descontroladamente até encontrar o olhar de reprovação de James.

— Melhor ser péssimo no flerte do que fingir que não flerta — Sirius piscou.

— Quem finge que não flerta? — James e Ellie perguntaram ao mesmo tempo.

— Acho que não preciso responder depois disso.

As bochechas pálidas da menina ficaram em um tom rosado. Ela revirou os olhos e se juntou aos seus amigos, sentando-se na grama bem esverdeada do jardim e aproveitou o último dia no castelo ao lado deles, no mesmo lugar onde ouviu a proposta de James no meio do ano.

FALLING - JAMES POTTEROnde as histórias ganham vida. Descobre agora