CAPÍTULO DEZOITO

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— Profissionalismo é tudo — Sirius deu um sorriso em direção ao garoto das cicatrizes lupinas. — Agora vamos votar em quem achamos que é.

— Isso é uma enorme perda de tempo — Ellie bufou.

— Silêncio no tribunal — James brincou com a amiga.

Ela respirou fundo, controlando a sua paciência. Estava irritada por terem feito ela desconfiar das pessoas mais próximas e que gozavam de uma boa parte de confiança por sua parte. Apesar de saber que as pessoas podiam mentir ou serem más, gostava de enxergar que a maioria das pessoas eram boas e detestava duvidar de sua visão.

— Quando eu falar o nome, vocês levantam as mãos se desconfiam — Sirius explicou. Ele leu no pergaminho. — Joana.

Somente James levantou a mão esquerda.

— O que ela fez para você? — Ellie ficou indignada.

— Ela pode ter me trancado em uma sala — ele respondeu, lançando uma piscadela com apenas um olho.

— Agatha — Sirius passou para o próximo nome. — Me rejeitou, leva voto.

James e Sirius levantaram as mãos. A única garota presente no dormitório masculino da Grifinória encarou o seu irmão mais velho com um olhar de súplica misturado à raiva. Remus deu de ombros.

— Isso está me deixando irritada.

— Liam — ele ignorou a reclamação de Ellie.

James foi o único a votar no monitor da Corvinal. Ele levantou as duas mãos e se firmou na cama para levantar as pernas. Ellie mordeu o lado interno da bochecha, e em seguida, movida ao ódio, deu um soco fraco no braço do garoto.

— Ellie!

— Você merece!

— Vocês não estão votando usando a lógica — Remus interrompeu a próxima leitura. — Já perceberam isso?

— Sim — James assentiu com a cabeça. — E não dou a mínima para o meu método de votação.

— Peter — disse Sirius, com desgosto.

— Me recuso a votar nele — James protestou, abaixando as mãos.

— Eu também — Sirius e Remus disseram em uníssono.

— O problema é de vocês — Ellie ergueu a mão no ar. — Eu voto.

Os três garotos fuzilaram Ellie com os olhos. Ela não deu atenção para a reação deles e Sirius voltou a ler o nome dos suspeitos no pergaminho.

— Todo mundo que tem cérebro vota na acusação do David — ele anotou, dando uma risada abafada. — Agora, só falta o Ranhoso.

James e Sirius ergueram as mãos para o alto.

— Não consegue falar o nome do garoto? — Ellie criticou, indiretamente. — Já votamos em todo mundo. Eu acho que ninguém aqui vai votar na próxima pessoa.

— Não consegue falar o nome da garota? — James revidou a provocação, franzindo uma sobrancelha.

— Eu estou esganando você com o meu olhar — ela deu um riso sarcástico. — Não se mexa até toda a minha raiva por você agora sair do meu corpo.

James soltou uma risada baixa e desdenhosa.

— O mais votado foi David — Remus se moveu na cama com a ajuda de uma mão. — E não chegamos a lugar nenhum com isso.

— Você mesmo disse que achava que não seria ele — Ellie apontou para James, lançando a ele um olhar sugestivo. — E eu acho que se fosse ele mesmo, já teríamos descoberto. Ele é um pouco descuidado.

— Eu concordo — o irmão mais velho de Ellie assentiu.

— Agatha e Ranhoso foram os segundos mais votados — Sirius rabiscou um asterisco ao lado de ambos os nomes.

— Isso não vai levar a gente para nenhuma conclusão — Ellie deitou a cabeça no travesseiro de James. — Eu vou dormir.

— O caminho para a sua sala comunal é por aquela porta — James caçoou.

— É claro que eu vou sair nos corredores meia-noite com uma pessoa que quer me fazer mal à solta — ela o encarou.

— Isso é desculpa para dormir com você, James — Sirius cantarolou. Ele riu enquanto se cobria com um cobertor com quadrados vermelhos e dourados.

— Eu vou dormir desse lado e você dorme do outro lado — Ellie sugeriu. — Eu até dormiria com o meu irmão, mas ele se mexe muito durante a noite.

O garoto de cabelos desajeitados puxou um de seus travesseiros e se deitou do outro lado da cama. Cada um estava diante da visão dos pés um do outro.

— Boa noite — Sirius deu risada antes de se virar para repousar em seu travesseiro. — Já estão até dormindo juntos. É um começo bem avançado.

— Cala a boca — James e Ellie disseram juntos.

As luzes do dormitório masculino foram desligadas. Apenas as luzes das estrelas na janela reluziam sobre as camas.

Por mais que estivesse repleta por exaustão, Ellie não conseguia pregar os olhos. Ela olhou em direção ao garoto que dormia ao seu lado e viu que ele se encontrava na mesma situação.

— Pensando demais? — James sussurrou.

Ele apoiou a mão em uma das pernas da garota. Ellie sentiu o corpo estremecendo com o toque e se amaldiçoou internamente por sentir as borboletas esvoaçando em seu estômago.

— Sim — Ellie sussurrou de volta. — Eu me sinto mal em estar desconfiando de algumas pessoas. Principalmente dos meus amigos.

— Você gosta muito dele — ele suspirou, referindo-se ao garoto da Corvinal.

— Eu acho que sim — ela franziu a sobrancelha. — Talvez — continuou Ellie. — Para falar a verdade, eu não sei muito bem. É muito complicado lidar com os meus sentimentos.

Uma fraca chama de esperança acendeu no coração de James. Por muito pouco, um sorriso não cruzou os seus lábios.

— Eu entendo você — ele cessou o silêncio. — Até demais.

— Por mais que eu tente ver o lado de vocês em relação a ele, não consigo parar de alimentar a minha confiança. É como deixar de confiar em você, no Remus, no Sirius, na Agatha ou na Joana — Ellie choramingou. — Eu me odeio por não conseguir desconfiar dele.

— Você não precisa se odiar por ser alguém que confia demais nas pessoas — James segurou a mão da menina. — É melhor você descansar ou a sua mente vai explodir de tanto pensar nessas coisas.

Ellie apertou a mão de James com força e deu um sorriso fraco.

— Obrigada, James — disse ela, ainda sorrindo. — Boa noite.

— Boa noite — James retribuiu o sorriso e fechou os olhos assim que viu a menina se preparando para adormecer na cama.

FALLING - JAMES POTTEROnde as histórias ganham vida. Descobre agora