q u a r e n t a e d o i s

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malvie

Pela manhã, por volta das oito, depois de passarmos pelo hotel para que Lorenzo se trocasse, nos guiamos a passos lentos e conversas amenas, pelas ruas de Harrow, nosso plano era ir até um lugar para tomarmos café juntos. Ambos dentro de casacos pesados, ainda gripados.

O senti segurar minha mão, enquanto caminhavamos, nada falei enquanto entrelaçava nossos dedos, evitei sorrir pensando que nunca me imaginaria, assim com ele, nas ruas de Harrow, depois de tanto tempo.

— Ficou calada. — Comentou.

— E isso é estranho?

— Você está sempre falando. — Riu.

— Está me chamando de tagarela? — Perguntei dando um passo largo para o lado, para ficar na frente dele.

— Estou. — Disse me dando um abraço de urso, me fazendo rir, nossas roupas de frio, davam uma sensação mais reconfortante.

— Eu quero te beijar. — Disse me fitando. — Posso fazer isso aqui, detetive?

— Hm, no meio da calçada as oito horas da manhã? — Perguntei sugestiva, olhando suas feições, ele parecia um homem gripado e feliz.

— A rua está quase vazia. — Tentou. — E você já está gripada mesmo.

— Você quer misturar os nossos ranhos? Isso é uma forma curiosa de romântismo! — Soltei implicante e o vi fazer uma careta instintiva.

— Você acabou com todo o clima, sabe disso? — Riu comigo, enquanto eu assentia, rindo contra seu peito, então me afastei e o peguei pela mão, o puxando. — Vamos tomar café, anda! — Chamei, o arrastando comigo.

Paramos em frente ao estabelecimento, na rua conhecida.

— Sente saudade daqui? — Perguntei a ele, o olhando de esguelha, sua expressão era indecifrável.

— Eu cresci nesse lugar. — Disse, ainda olhando para o prédio.

Era um café e confeitaria.

Onde se localizava, antes, a adega da família do Lorenzo.

Entramos no estabelecimento, olhando em volta, estava realmente bem diferente do que eu me lembrava.

Era uma dessas confeitarias em tons pasteis, com vários enfeites de donuts, cheias de coisas fufflys.

Lorenzo e eu pedimos dois machiatos e uma fatia de torta de limão para cada, para a garota uniformizada que atendia ali, e nos sentamos em uma das mesinhas coloridas.

— Ficou tão diferente. — Coloquei em palavras, o que já tinha pensado anteriormente.

— Bastante. — Riu. — É bem... Ridiculamente fofinho?

— Sem uso de diminutivos, é extremamente e estupidamente fofo — Fiz uma pausa — Mas se a torta estiver boa, é o que importa. — Pontuei, e ele concordou.

Segurei sua mão, livre sobre a mesa, o sentindo me olhar, eu ficava um tanto nervosa quando ele ficava me olhando assim... Prestando atenção em mim como se eu fosse seu mundo inteiro.

— Pare de me olhar assim, eu fico com vergonha. — Pedi, sem soltar sua mão, enquanto ele brincava com meus dedos, como sempre.

— Você não é do tipo que fica com vergonha com tanta facilidade. Eu acho interessante poder fazer isso com você, Malvie Wright. — Disse sem desviar os olhos de mim.

— Me desarmar? — Quis saber.

— Mexer com você. — Confessou em um sussurro, com um sorriso no canto dos lábios. Não neguei, pois era verdade, e ele estava me atraindo pra si.

— Agora quem quer te beijar sou eu. — Falei, sem pestanejar, vendo o sorriso crescer em seu rosto.

— E misturar nosso ranho? — Soltou.

— Lorenzo! — Protestei. — Eca, nós vamos comer. — O lembrei, enquanto ele ria.

E como se estivesse cronometrado, a garota apareceu com nossos pedidos e a comanda, e logo saiu para atender uma senhora que havia entrado no recinto.

— O atendimento é bem 7,5. —  Lorenzo falou dando uma nota pra isso, me fazendo rir desacreditada, enquanto provava da torta, era divina.

— Você está de implicância com o lugar, Lorenzo! Morrendo de ciúme. — Falei e prossegui. — O atendimento da adega era 2,5 tendo em vista o que você me vendeu um vinho ruim de propósito. — O lembrei disso.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— E ainda vendi pelo dobro do valor. — Contou sem nenhum tipo de vergonha naquela cara bonita.

— O que? Seu cretino! — Soltei, indignada. — Vai ter volta, você vai pagar toda a torta que eu comer aqui, para quitar sua dívida.

Ele deu de ombros, sem se importar que eu comesse as suas custas.

Começamos a tomar nosso café, e eu pedindo fatias de variadas tortas, é claro.

— Essa torta está ótima. — Falei, com a boca cheia.

— Pra onde foram essas quatorze fatias? — Perguntou perplexo.

— Cabe mais, até.

(...)

— Eu preciso ir ao banheiro. — Grunhi.

— Não estou surpreso. — Lorenzo declarou, enquanto eu me levantava, enjoada, com o fecho da calça aberto, debaixo do sobretudo.

A torta de pêssego era a melhor, mas não caiu bem comer cinco fatias dela.

Fui até o banheiro, e quando pude retornar, encontrei Lorenzo falando com alguém no celular, me sentei a sua frente, o vendo finalizar a chamada, sua expressão preocupada, me pegou desprevenida.

— O que foi? — Perguntei a ele, que respirou fundo, procurando as palavras.

— Senhor Vittorio está com problemas na vinícola, e ele tem que fazer uma cirurgia pois está com pedras na vesícula, nessa sexta, e...

— E...

— Eu preciso voltar amanhã pra Itália.

____________

Oi amores❤

Esse capítulo foi necessariamente mais curto, ele é uma daquelas ligas necessárias.

~ logo agora que estava tudo indo bem

~ esses últimos capítulos, eles aaaaa

obrigada por lerem, fico mto mto feliz

beijos

- cris

ResoluçãoWhere stories live. Discover now