q u a r e n t a e c i n c o

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lorenzo

Era sábado de manhã enquanto eu olhava pela janela da cozinha do meu apartamento, a rua cheia de pedras lisas, eu podia ver alguns vizinhos voltando da padaria com suas baguetes, o sol estava fraco, o clima um pouco ameno. Mais um dia qualquer em Positano.

Voltei para dentro, ouvindo a cafeteira apitar, caminhei até ela e retirei dali o pequeno bule de acrílico, e a desliguei, para me servir. Eu não costumava tomar nada mais que um café pela manhã, e talvez mais tarde saísse para almoçar em um restaurante de comida caseira nas redondezas e dar uma volta com a minha moto por ai, ou talvez eu coma alguma coisa congelada e fique jogado no sofá tomando cerveja e vendo filmes do Jason Statham... Vai depender da minha disposição.

Peguei meu celular, para ver se tinha mensagens... Da Malvie.
Passamos quase a semana inteira sem nos falar, ela me mandou algumas mensagens, eu a respondi depois do quarto dia, onde eu já não aguentava mais de vontade de falar com ela, ou pelo menos ouvir sua voz. Verdade seja dita, ela me tira do sério. No bom e no mal sentido.

E eu ando cada dia mais irritado com nossa situação, venho trabalhando mais e talvez focando a cabeça no trabalho, pra ver se o tempo passava mais rápido.

Eram quase quatro meses, sem nos ver, sem que eu pudesse a tocar, isso era frustrante de muitas formas. E inferno, só eu sei como é difícil.

Respirei fundo, ignorando esses pensamentos por agora, olhando para o meu apartamento: estava uma bagunça. Minha mãe dizia que eu puxei essa desorganização do meu pai.

Fazia quase duas semanas que esse lugar não era adequadamente limpo, e tendo em vista que a Isabella, que mora a umas ruas a frente, era a quem eu pagava para dar um jeito no lugar uma vez por semana, já não vinha mais, pois eu a dispensei quando voltei da Inglaterra, (porque as vezes, ela me esperava chegar da vinícola e nós ficávamos) e se eu a mantivesse aqui e a Malvie desconfiasse de algo assim... Nem que eu ficasse na chuva só de boxer por um mês inteiro.

Comecei a recolher as roupas espalhadas, e as coloquei em um cesto, as levaria pra lavanderia na segunda.

Quando eu pensava em dar um jeito na louça acumulada, ouvi a campainha tocar, e boa parte de mim desejou que fosse a senhora Rosetti com um pedaço da sua torta de limão e a outra estava rezando para não ser o Adamo pedindo conselhos de como se declarar para Florence sem que pra isso precise levar uma surra do namorado dela, um lutador de MMA sem muito futuro, mas gigantesco.

Abri a porta esperando ver qualquer rosto conhecido... Menos aquele.

— Oi, Coban... Foi bem complicado achar você, se quer saber. — Disse Malvie Wright, a mulher mais linda que eu já vi, parada na minha porta.

A surpresa foi tanta que eu demorei um tempo para me mexer.

A trouxe em prontidão, para um abraço, a ouvindo rir, tirei seus pés do chão, a apertando contra mim, sabendo que isso era muito pouco perto da saudade que eu sentia dela.

Sorri como um garoto bobo, sentindo meu coração bater com força.

— Meu Deus, não acredito que está aqui! — Falei contra os seus cabelos que cheiravam a jujubas.

Afastei-me então, o suficiente apenas para beija-la, com toda vontade que eu tinha acumulado por esses meses, e deixando minhas mãos ao redor de seu rosto embrenhando minha mão em seus cabelos, a beijando como se fosse a última vez que faria, sendo retribuído da mesma forma. E eu queria muito mais.

A puxei comigo para dentro do apartamento, sem nos separar.

— Ei! — Ela protestou, ao cortar nosso beijo. — As minhas malas estão no corredor... — Disse nos trazendo pra realidade, onde a excitação não tinha tomado tudo.

ResoluçãoWhere stories live. Discover now