q u i n z e

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malvie

— Não entendi o por que da sua amiga não ter sequer aparecido desde então, sequer para jantar, e é trabalho dela me dar os remédios. — Caius disse sentado na bancada da cozinha, acabando de tomar os remédios que eu lhe dei, os de depois do jantar.

Eu terminava de lavar a louça, de frente pra ele. Depois da torta maravilhosa que mamãe fez para me agradar, o mínimo que eu poderia fazer, é lavar a louça pra ela.

— Ela não está se sentindo bem, ser mulher é complicado, cólicas são um verdadeiro inferno. — Menti descaradamente.

Verdade seja dita, Summer apenas se recolheu, querendo ficar sozinha, quieta. E eu entendia muito bem, mas me sentia mal por ela se deixar ser tão afetada pelo meu irmão.

— Tudo bem, não vou ser eu a querer ser processado por estresse no ambiente de trabalho. — Resmungou, coçando a barba desleixada que estava aparecendo em destaque pelo rosto, que era normalmente liso. O deixava mais velho.

— O mínimo que deveria fazer era ir perguntar como ela está. — Ralhei com ele.

— Eu... Não sei como fazer isso. — Disse desconfortável, me deixando supresa pela sinceridade.

— Não sabe se importar com as pessoas?

— Eu me importo com as pessoas! Eu me importo com nossos pais, com você, eu realmente amo vocês, e também me importo com meus amigos, com a droga dessa cidade que eu tinha que cuidar, e até mesmo com sua amiga, que ferrou minhas chances com a Ann Marie no ensino médio. — Começou bem, mas terminou a frase de forma azeda como sempre. Caius só podia ser niilista.

Mas me fez sorrir, sequei então minhas mãos em um pano de prato e dei a volta na ilha da cozinha rapidamente, para envolve-lo num abraço.

— Eu também te amo. — Murmurei o abraçando pelos ombros e dei um beijo estalado em sua bochecha, o vendo fazer uma careta.

— Quando sentimentalismo pra uma terça a noite. — Resmungou.

— Você é um chato e precisa fazer a barba!

— Não estou tentando atrair ninguém,  estou pronto para morrer sozinho.

— Você namorou a Brianna, Caius. Isso deveria fazer você querer morrer sozinho. — Soltei, pois foi mais forte do que eu. — E bem, porque ela te colocou pra fora do carro dela hoje?

— Ela não colocou, eu quis sair. — Contou.

— O que ela te disse pra você fazer isso?

— Bem, ela insinuou que eu havia matado a Nora de propósito. Perguntou se eu queria me livrar dela... — Disse baixinho, para que nossos pais, que assistiam um filme, na sala, não escutassem.

— Você não a matou. — Afirmei.

— Não de propósito.

— Foi um acidente.

— Eu sei.

— Eu sei que você foi no cemitério. — Contei, ele ergueu as sobrancelhas, e riu sem demonstrar surpresa. — Te fez bem?

— Acho que sim. Bem... Eu nunca fiz promessas para Nora, sabe? Ela sabia como eu sou, ela era como um fetiche, uma mulher mais velha, linda e proibida, e dizia que me amava, faria qualquer loucura, queria que fugíssemos juntos, mas eu não faria isso. Eu não sou um homem apaixonado e irracional. E é isso. Eu não posso mudar nada agora. E se eu pudesse mudar, não teria me relacionado com ambas. — Assenti, satisfeita por ele estar se abrindo comigo assim.

— Seres humanos são complicados. E relações humanas, mais ainda. — Falei tocando seu ombro.

— E o que podemos falar de você? Está saindo com o cara que prendeu... — Disse sem nem um pingo de vergonha. Mas como ele sabia?

ResoluçãoWhere stories live. Discover now