s e t e

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Um dia depois.

malvie

"O procedimento foi um sucesso, temos agora que esperar para ver como ele reage, afinal foi uma cirurgia de risco e podem, como os informei de antemão, acarretar sequelas, ele está no pós operatório".

E isso foi o que ouvimos do médico na madrugada anterior. Caius havia sido operado, na cabeça. Uma cirurgia arriscada devido a um traumatismo craniano.
Nossa família, se resumindo a mamãe, papai e a mim passamos quase duas noites ali, na recepção da clínica, esperando por qualquer notícia, sem que pudéssemos ve-lo.

Qualquer esperança, de uma boa notícia.

Kyle estava ali comigo, Summer minha única amiga também veio, me dar uma força e saber do meu irmão, ela parecia bastante preocupada mesmo ela e Caius não se dando muito bem, eles vivem trocando farpas porque meu irmão acha que Summer influenciou Ann Marie, a prima dela a dar um fora nele na oitava série (sim, ele é extremamente rancoroso), mesmo ela querendo ficar, precisou voltar pois era cuidadora de uma idosa e não podia a deixar sozinha.

E agora com os ânimos mais calmos, papai levou mamãe em casa, ela não dormiu, e ficava apenas andando de um lado para o outro, orando e chorando, sem comer ou descansar, e eu permaneci esperando que eles voltassem, para que eu pudesse ir tomar um banho pelo menos. Eu não iria para a delegacia de novo, haviam me dispensado dos meus serviços e eu de qualquer forma, não conseguiria fazer nada, eu estava um caos. Caius e eu brigavamos como cão e gato, ele era cheio de erros e eu também, a gente vivia discutindo, Caius era esnobe e cheio de si, bem ciumento quando se tratava de mim, e na adolescência isso encheu bastante o meu saco. Mas era meu irmão e eu o amava demais, admirava muito, quando eu era nova me lembro que todas as redações da escola sobre a pessoa que eu admirava eram sobre ele, que estava em Oxford, orgulhando nossos pais, e eu até sentia falta dele em casa. Nós queriamos sempre o último pedaço de pizza, competiamos pelas atenções de nossos pais, e eu não buscaria uma água pra ele na cozinha, mas se eu precisasse realmente de algo, ou ele... Eu faria de tudo. Quem doou sangue para ele foi papai, mas quando o médico perguntou quem poderia, eu quis ser A+ para poder ajuda-lo. Eu faria tudo para ve-lo bem, e eu sei que ele faria por mim. E eu não queria perder o meu "encosto", meu chefe, meu melhor amigo, o delegado pé no saco, que me colocava em trabalhos aleatórios para não me colocar em perigo de verdade.

Algo me fez lembrar daquela noite da festa em que conheci o infrator, foi uma excessão, pois não havia ninguém para ir até lá. E nos fomos. Golpe estranho da vida, pois afinal, o infrator não se mostrou em nada o que eu achei que era, quando o vi pulando uma janela de uma casa em uma festa universitária ou quando me fez comprar um vinho ruim. Mais tarde eu o agradeceria pelo apoio ontem. Ele foi incrível comigo que até então, sempre o tratei com grosseria.

Eu não era assim, grosseira ou rude, pelo menos não de graça, mas Lorenzo, tinha a capacidade de me fazer agir assim. Na defensiva.

Senti Kyle, que me abraçava pelos ombros, me apertar contra ele, estando ambos sentados um dos sofás na sala de espera.

- Se quiser ir pra casa, Kyle, fique a vontade, já ficou o bastante, descanse. - Falei, afinal ele já fez muito, me dando apoio. E isso contava muito pra mim. Nossa área de atuação se limitava a escolta, rondas e investigação, como Kyle, era minha dupla, logo teria que retornar.

- Não, eu posso ficar mais. - Me apertou mais. - Afinal, eu quero provar pra você que eu mereço uma chance.

- Chance?

- É. Sabe que eu quero ficar com você... Sabe, a cirurgia do Caius correu bem, então sei lá, se quiser ir... Então nos podemos ir até lá em casa tomar um banho, comer alguma coisa... - Soltou com um sorriso de lado, eu sentia a malícia em cada palavra proferida.

ResoluçãoWhere stories live. Discover now