q u a r e n t a e u m

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malvie

Depois do almoço, onde acabei comendo com Lorenzo, no quarto, para lhe fazer companhia, eu acabei ficando ali com ele, conversamos apenas amenidades, e ele me fez dar umas boas risadas, mesmo com toda tristeza em que essa casa (e eu mesma me encontrava). A febre felizmente havia cedido mas ele estava bastante sonolento por conta da gripe, depois de lhe dar uns antiinflamatórios para garganta, ele parou de teimar contra o sono, e eu resolvi descer pois a louça do almoço ainda estava suja, e aparentemente deixaram por minha conta, sem me avisar. Que meigos.

Nesse meio tempo, um Caius bem vestido apareceu, e deixou Peter comigo sem nem avisar onde ia, mas a sua expressão não era muito boa também.

Então quando terminei com a louça, como eu já tinha prometido ao Peter na noite anterior, eu fiz suco e pipoca com bacon para assistirmos um filme.

Nos deitamos no sofá debaixo das cobertas, para assistir um clássico, Rei Leão. Se tinha uma coisa que Peter amava era isso, assistir. Ele, apesar de tão pequeno, amava fazer peças da escolinha e ir ao teatro, vivia pedindo para o levarmos. Ele ficava quietinho com os olhinhos vidrados, pois vivia dizendo que queria ser ator.

Mamãe ficava toda orgulhosa por ter mais alguém apaixonado pelas artes, em casa. Ela por exemplo, estava em seu quartinho de pintura, era o maior hobby dela, pintar e desenhar, ela fazia isso muito bem, e precisava mesmo se distrair nesse momento, para não se deixar sucumbir.

Peter e eu ficamos assistindo, até que eu ouvi barulho de passos descendo as escadas... Lorenzo descia devagar, ainda embrulhado naquele edredom azul, naquela feição "estou doente" estampada em seu rosto, ele terminou de descer e se aproximou do sofá.

— Eu... Quero beber água. — Disse como um pedido.

— Cozinha. Geladeira. Ou filtro.—  Falei, afinal eu estava com preguiça demais para levantar. — Fique a vontade.

Ele balançou a cabeça afirmativamente antes de se guiar até lá, pouco tempo depois retornou.

— Ei, fique aqui. — Pedi, ele assentiu antes de dar a volta e se sentar, perto de mim, se ajeitou ali, como o sofá era em formato de L... Peter estava de um lado e ele de outro.

— Rei Leão, faz muito tempo que não vejo... Eu amava na infância, assisti um milhão de vezes. — Comentou.

— Eu também, e eu ficava muito triste imaginando que meu pai era o Mufasa. Eu chorava por isso. — Falei, lembrando disso. Meu pai.

Senti Lorenzo segurar minha mão, fazendo carinho em seu dorso, como se dissesse "estou aqui".

Suspirei deitando a cabeça em seu ombro, evitando puxar lembranças agora, eu não queria chorar.

— Vou passar gripe para todos dessa casa. — Murmurou ele, desviando o assunto, um tanto rouco, pegando pipoca no meu baldinho e levando até a boca.

— Estou vendo isso. — Falei, erguendo os olhos pra ele, que também me fitou, ambos se olhando sem nenhum motivo, sorri, pois a ponta do seu nariz estava avermelhada, e era engraçadinho.

— Está se sentindo melhor? — Perguntei, passando a mão por sua testa, para ver se ainda estava quente. Não estava, e isso me aliviou.

— Um pouco. — Sorriu. — Mas acho que vou precisar que você cuide de mim por muito tempo. — Sussurrou, fazendo-me semi-serrar os olhos em sua direção, prendendo um sorriso.

— Coban, você... — Comecei mas fui prontamente cortada.

Fica silêncio! — Peter protestou. — Filme vê caladinho. — Disse bravinho, e voltou os olhinhos pra TV.

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