CAPÍTULO 25

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Oiee!! Como o prometido. Mais um capítulo do nosso padre pra vocês.

Tenham uma boa leitura. E leiam o aviso no final do cap, blz? Bjs:3

P.S. O Capítulo é reflexivo

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— Diga-me, Henry, o que você ver?

Instruindo pela voz suave da Dra.Austin viajo quilômetros de distância para longe de onde estou, mas não é uma viagem comum, nem muito menos física. A medida que me aproximo fica cada vez mais difícil suportar a angústia no peito. Sinto que quero abrir os olhos mas não posso. Não consigo. É como se um peso de uma tonelada e meia estivesse sendo descarregada sobre o meu corpo me pressionando contra o acolchoado da poltrona. A sensação é estranha, vazia e superficial. Não sei explicar com clareza.

— Henry, preciso que me diga exatamente onde estar. Você consegue descrever isso pra mim? — Ela pergunta outra vez.

A verdade é que não sei ao certo. Eu vejo onde estou, eu caminho pelo chão de pedras e passeio os dedos pelas paredes ásperas, ainda assim não consigo dizer uma palavra. Talvez eu esteja atordoando por está alí, por não está alí,  por não querer ver nada daquilo. Tenho que me afastar. Embora essa seja a minha maior vontade minha mente outra vez me engana, empurrando-me para mais a fundo, para além do meu objetivo. Talvez afinal eu queira continuar, queira descobrir o que há de errado comigo, lembrar do que fora esquecido e então guardar de uma vez por todas essas memórias ruins.

Ouço o tic-tac do relógio batendo, uma respiração...uma respiração paciente e esperançosa, também ouço pássaros lá fora, é uma cantiga reconfortante, há barulhos de veículos, carros e motos. E a voz dela...

— Concentre-se! Não preocupe-se com o que acontece no mundo externo, tente manter o foco no interior dos seus pensamentos. Prenda-se nisso, apenas nisso. — Ela pede. Está mais confiante do que antes.

Respiro aliviado. Preste atenção no que ver, essa é sua chance, tente não falhar dessa vez, Henry. Eu não vou falhar, hoje não.

— Eu...— Penso. — É um corredor. Eu vejo um corredor! — Sim! Eu tenho certeza de que é um corredor. Eu me lembro, vagamente, mas eu me lembro agora. — Fica no terceiro andar. Estou lá agora.

— Onde? — Ela quer saber.

— No seminário, onde estudei teologia e filosofia...

O corredor é estreito, claustrofóbico, mesmo com dois janelões sinto-me apertado pelas paredes. Estou exausto. Está um pouco frio lá dentro. São cinco da tarde, a pouco claridade distorce minha visão. Ouço passos vindos do outro lado da porta, parece vir daquela direção. Há escadas alí, longas escadas que levam a vários lugares do prédio. A construção rústica me assusta. Não gosto de estar alí, sinto medo. Pavor. Quero escapar mas não saberia para onde ir, não tenho ninguém. Não conheço pessoas nem alguém que possa me abrigar, minha única alternativa é ficar alí e suportar até onde der. Por que não ando? Por que não vou na outra direção? Nada acontece, fico alí, parado, quase imóvel. Esperando...

— Henry?

Henry

Henry

Henr...

O sussurro é repetitivo e distante. Estou sufocando enquanto meu cérebro derrete dentro do meu crânio. Procuro manter a calma, não há motivos para alarde. Fique calmo, você prometeu. Não posso, não posso fazer mais isso. É demais pra mim.

— ...ouça a minha voz. Quando eu pedir você acorda, tudo bem? Agora, Henry. Acorde...

Acorde!

Abro os olhos devagar. Estou de volta ao consultório da Dr.Austin. Está mais claro aqui e a sensação é muito melhor.  Lentamente, acompanho uma gota de suor escorrer da minha testa, o formigamento que ela causa na minha pele me traz novas lembranças, lembranças que procuro esquecer, estou completamente esgotado. Um pouco febril por sinal.

O que faço aqui? Quando tudo parece está caminhando nos trilhos as coisas  voltam a desandar. Quem eu quero enganar? Nada está melhorando, nada. Só piora. Fecho os olhos e abro. O barulho do relógio agora é rápido, o tempo começa a andar depressa e os carros percorrem seus destinos como de costume.   

— Como se sente?

Viro o rosto para ela. O que a doutora pensa sobre o que acaba de acontecer? Com certeza deve me achar um caso perdido. Tento adivinhar seus pensamentos mas não tenho sucesso. Ela está preocupada mas ainda assim não tem muita expressão. Aliás, ela não está alí para se preocupar comigo, apenas faz o que tem de fazer, cumprir com seu trabalho.

— Péssimo! — Respiro fundo, virando o rosto para a janela. — Não estou nos meus melhores dias.

— Quer me contar o motivo?

— Acho que não.

Ela assente.

— Acha que consegue lembrar de alguma coisa, talvez uma pequena parte, um detalhe? Seria um progresso, não? — Insiste.

Olho para o alto. Para o teto. Bem alí no centro vejo um círculo, translúcido pela luz, meio apagado, meio invisível. Aquela imagem me devolve velhas recordações do passado, elas estão embaralhadas e outras estão faltando pedaços. Pedaços de lembranças esquecidas, não sei do que se trata, elas estão longe, mal posso alcançar os detalhes mais óbvios. Por que é tão difícil? Elas estão aqui, comigo, dentro da minha cabeça. Não deveria ser assim. Lembre-se...

— O que houve comigo, Dra. Austin? — Murmuro, apreciando aquele vazio.

Seu olhar passeia o meu por vários segundos. Ela está séria. Seu rosto é uma mistura de porcelana com verniz.

— Meredith! Por favor. Vamos recomeçar por aí.

Balanço a cabeça concordando. Ela escreve algo e volta para mim, dessa vez parece ter centenas de perguntas que não sei se poderei responder com exatidão.

— Você mencionou um corredor, certo...?

— Por que eu estou aqui? — Interrompo ela. Meredith me lança um olhar curioso e pensativo.

— Me diga você, Henry. Por que está aqui?

Reflito.

— Tudo que tenho feito é cruzado aquela porta algumas vezes na semana. Deitado nessa poltrona. Dou respostas a perguntas que não entendo. Você faz aquela coisa com aquilo, eu vejo absolutamente o mesmo de sempre. Então eu volto pra casa achando que está tudo melhorando e percebo que não está. — Desabafo.

Para a minha surpresa, Meredith apenas sorriu e largou seu bloco de notas na mesinha ao lado. Ela parecia satisfeita, aquilo me irritou profundamente. Ela cruzou os braços e continuou com a mesma expressão.

— O quê?

— Quer um conselho, Henry? Não fique procurando respostas que justifique os motivos que o trazem aqui. O que fazemos juntos é bem simples. Trabalhamos o seu consciente e o seu inconsciente, o deixando relaxado o bastante para que sinta-se a vontade. Se não se sente a vontade significa que não há progresso algum, e se não há progresso não temos com o que trabalhar. Então toda a terapia não passa de uma perca de tempo! — Explica ela.

— Sinto muito. — Fecho olhos. Canalizo todas aquelas informações. Talvez eu seja o culpado. Estou dificultando as coisas para ela. Talvez ela queira realmente me ajudar.

Caramba! Eu devo ser uma pessoa horrível.

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Gostaram? Comentem aí o que vocês esperam para os próximos dez capítulos que vou dizer se concordo ou discordo.

E, falando em 10 Capítulos esses próximos 10 serão os últimos. Ou seja o livro acabará no capítulo 35.

Não esqueçam de votar e compartilhar o livro. É importante, vai me ajudar muito a crescer como autor aqui no wattpad. E quem não me segue, segue aí. Agradeço.

Em breve volto com mais capítulos. O próximo é maior e mais apimentado, prometo. Bjs:3 amo vcs...

O Padre:(+18) COMPLETODonde viven las historias. Descúbrelo ahora