CAPÍTULO 20

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Oi fiéis, tudo bem? Quanto tempo, não? Rsrs. Bom, leiam a notinha no final do capítulo. Boa leitura...

ψψψψ

Passeio o olhar pelos cantos turvos da garagem, tateando a caixa de ferramentas com as pontas dos dedos. Há pouca iluminação aqui e a única luz de vez enquanto ameaça apagar, piscando e reacendendo depois. Eu quero dizer o quanto o lugar claustrofóbico atormenta meus pulmões, mas Oliver pediu minha ajuda e não me sinto na posição de recusar nada ultimamente. O que são duas horas preso dentro de paredes que a cada segundo parecem chegar  mais perto? Se Oliver não estivesse aqu...provavelmente eu também não estaria aqui agora.

Divago bastante sobre as duas últimas semanas enquanto deixo ele entretido com o conserto ou seja lá o que estiver fazendo debaixo do conversível. O tempo passou voando, em certas situações demoraria mais do que o previsto, o que não é o caso, pois já é a terceira semana desde àquele dia. Ainda consigo ouvir o pavor nos gritos de Zach, é como se o som estivesse se propagando das montanhas até meus ouvidos. Eu sei que eles vem de lá e estarão lá a todo momento, para sempre.

É evidente que eu não sinta remorso nenhum pelo que aconteceu.  Foi tudo tão rápido, de repente..Não sei explicar com palavras o que estou sentindo e muito menos o que deu em mim àquele dia. E não há sequer uma justificativa, não há absolutamente nada, só um vazio que parece crescer a cada segundo. Eu estava lá parado. Ele estava lá parado. Indefeso. Talvez com um pouco de medo, tanto quanto eu estava. Preocupado com o assassino de Jon e despreocupado com o seu. Despreocupado comigo.

O que eu me tornei? Um assassino!

Não matarás. Murmura uma voz sombria na minha cabeça.  Cacete. Percebo meus olhos fraquejarem e encherem de lágrimas antes mesmo que eu  pudesse contê-las.

Aqui não seu idiota, não na frente dele. Oliver tem andado preocupado de mais com seu irmão, tudo que ele menos precisa é de mais um problema. Merda, eu sou um problema. Sou um problema para eles dois. Para Kate e Oliver. O que eles pensariam de mim se soubessem da verdade, do que eu fiz? Me achariam um monstro. Me denunciariam as autoridades e eu seria preso por matar Zach, então eles me acusariam de matar Jon também. Mas eu não matei Jon. Mas eu matei Zach. Por que eu fiz àquilo?

Abafo um soluço na garganta, eu não podia deixar que Oliver me visse assim. Desse jeito. Perdido na minha própria confusão. Eles disseram que eu tenho que procurar ajuda. Um psiquiatra ou psicólogo, desconfiam que eu esteja passando por um conflito emocional, por isso estou tão distante as vezes, me fechando para algumas coisas e forçando-me ao máximo para sair de casa. Nem na igreja estou indo. Por que as pessoas me perguntam tanto sobre isso? Às vezes a gente só quer um pouco de silêncio.

A imagem do corpo inerte de Zach interfere meus pensamentos. Tem sangue escorrendo de um talho profundo no canto de trás da sua nunca. O pavor no seu rosto me assusta. Meu estômago dar voltas, por pouco mantenho o almoço no lugar.

Você matou uma pessoa, Henry! Murmurou a voz sombria e acusatória na minha cabeça repetidas vezes.

— Eu sei! Eu sei! Eu sei! — grito, esperando que ela pare.

O som metálico e estridente da caixa de ferramentas se dissipando no chão me trás de volta. Oliver balbuciou alguma coisa ininteligível, empurrou seu corpo sobre a prancha para longe do carro escapando dalí. Ele me encarou preocupado e só então notou o meu estado.

— Não! — eu falo, impedindo que ele se levante. 

— Tá tudo bem? — pergunta, agora mais preocupado.

— Sim! — minto. — Eu só...acho que cochilei em pé. Tive um pesadelo. — esboço um sorriso nada convincente.

— Você tem andando muito casado nos últimos dias. — observou. — Quer entrar e dormir um pouco? Podemos parar por hoje.

— Não. Eu to bem. Quero fazer isso. — respondo rápido.

Oliver me examina presunçoso, lendo minha expressão na tentativa de captar algo revelador, que mostre o quanto ficar alí na garagem não me distrai em nada.

— Beleza. — concordou, embora eu soubesse que estava apenas fingindo não se importar.

Antes de se arrastar de volta para baixo do veículo ele esticou uma das mãos desocupadas para o bolso da calça jeans tirando de lá um pedaço de papel.

— Kate deixou isso para você antes de sair.

Ele entregou a mim. O papel, sujo de graxa continha um endereço na North end West. Respiro fundo ao saber o que aquilo significava.

— Não precisa ir se não quiser. .

Faço que sim com a cabeça e guardo o papel no bolso da blusa.

— Eu vou juntar isso. — falo, me referindo as ferramentas espalhadas por todo lugar.

Me inclino para recolher toda aquela bagunça. Ouço o barulho das rodinhas da prancha se moverem e, quando vejo Oliver está de volta embaixo do conversível, ajustando parafusos e cantarolando uma música irreconhecível.

Assim que termino, ponho a caixa de ferramentas de volta na prateleira. Noto que não há nada que eu possa fazer para ajudar ele a consertar o carro. Oliver sabe consertar carros. Ele gosta de estudar seus motores e suas composições, ele mencionou que antes de fazer jornalismo fez um curso de mecânica por três meses. Ele é apaixonado por carros modernos, mas seu amor flui profundamente pelos mais clássicos. Tem três modelos diferentes na garagem, um Cadillac Eldorado, um Dodge Charger r/t 1969 e o Conversível. Provavelmente tem espaço para mais um e do que dependesse de Oliver o espaço já estaria ocupado, mas Kate é severa quanto a isso.

Ando de um lado para o outro, entediado. Sem ter no que pensar. E tudo de que preciso no momento é ocupar a mente com alguma coisa, ou aqueles demônios voltarão para me atormentar. Quero manter distância deles.

Paro diante de Oliver, ele continua deitado na prancha embaixo do veículo. Continua cantarolando sua música. Não reconheço a letra. Na verdade não sei tantas músicas que não se relacionam com a igreja. O murmúrio da voz dele conforta minha audição, ele não é bom cantor, mas sabe o bastante para causar um alívio em mim. 

Resolvo me agachar perto dele. Percorro o olhar dos seus pés calçados passando pela perna, os joelhos, a coxa, virilha e então paro no volume abaixo do umbigo. Um sorriso perverso se forma no canto dos meus lábios, mordo àquela região com força, sentindo a pulsação no meu membro me incomodar. Espio Oliver. Está entretido.  Relaxado. Bastante empolgado com o que faz.

— Se incomoda se eu ir dar uma volta? — pergunto, desistindo das minhas intenções.

Apesar de querer muito a sensação de ter ele na minha boca, sinto que não é um bom momento. Não é um bom momento para mim.

— Tudo bem, Henry. — ele responde, quase gritando. — To quase acabando aqui.

— Pode me levar a North end West mais tarde?

Houve um silêncio longo.

— É claro que sim.

Cacete. Ele estar feliz pela decisão que tomei. Oliver esperava que eu pedisse isso a ele.

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Espero que tenham gostado deste capítulo. Votem meus amores. É importante que façam isso. Seria bom se pelo menos  a metade votasse. Eu ficaria grato.

Qualquer dúvida relacionada ao livro gente, é só me perguntar, vou adorar responder vocês. Podem entrar no grupo de Whatsapp para falarmos disso lá também, o link está na bio do meu perfil. Serão muito bem vindos.

P.S. os próximos 3 capítulos serão bônus do Oliver, após eles os capítulos voltam a partir do 21. Bjs:3 amo vocês.

O Padre:(+18) COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora