CAPÍTULO 19

5.1K 248 193
                                    

Sextouu! Com capítulo novo de OP pra vocês. Votem aí babys!

P.S.Capítulo do mau!

ψψψψ

Na época do meu exílio no seminário em Sevilha, um velho padre me contou uma parábola antiga que diz o seguinte: Uma cobra que rastejava pelo chão, passou por cima de um serrote que a machucou levemente. Irritada, a cobra mordeu o serrote com muita força. Então, o serrote cortou profundamente sua boca. E foi assim que a lâmina afiada do serrote provocou cortes profundos na cobra ocasionando sua morte certa.

Onde quero chegar com tudo isso? Bom, da mesma forma que uma fábula tem uma moral, um outro tipo de história também tem...Imagino que ainda não tenha ficado bem claro. Eu explico: Na maior parte das vezes que nós, no geral, nos sentimos machucados, reagimos com raiva contra quem nos fez sentir assim. O interessante é que apesar de revidarmos, só estamos abrindo uma ferida ainda maior e mais dolorida.

Não é àquilo que muitos dizem por aí, a vingança é um prato que se come frio? Pois eu digo, há algo que vocês não sabem sobre mim e que por hora só eu sei. De modo que essa seja a principal questão da história, a minha história. Por tanto vou começar a contar a partir daqui, pois parece que não tenho outra saída...

No livro de Lucas 12: 2 diz que não há nada escondido que não venha a ser revelado nem oculto que não venha a se tornar conhecido. E outros complementos é claro mas que não vem ao caso. Quando o repórter do noticiário leu esse trecho, vinculado ao assassinato de Jon — cuja pessoa eu conhecia— vários fragmentos confusos surgiram na minha cabeça disparadamente, eu sentia que havia uma chuva de meteoros dentro do meu cérebro. As dores voltaram mais intensas e só pararam quando pude raciocinar direito. O alívio foi tão grande que percebi que a mensagem bíblica não era apenas uma ameaça a mim, ou a Zach, sei lá. Ela significava que o esforço que fazemos para nos esconder é em vão, porque cedo ou tarde temos que parar de nos esconder. Até mesmo de nós mesmos!

Kate me seguiu por algum tempo após minha saída suspeita da padaria, apesar da insistência ela concordou que eu estava precisando de um momento sozinho. Ela respeitou isso. Na igreja passei quatro horas exatas lendo e relendo àquele maldito parágrafo, li mais vezes do que eu possa contar. Quando finalmente entendi todo o contexto que o assassino de Jon quis passar, tudo que tive de fazer foi vincular coisas semelhantes da minha vida que me dissuadiu a tal ato.

Achei certo me encontrar com Zach, o garoto de cabelo azul que me apresentou a Jon na noite do bar, em Brandon. Assim que sai da igreja eu liguei para ele marcando um encontro no final da tarde em algum lugar longe dos olhares curiosos. Só tive tempo de chegar em casa para trocar de roupa, pois a fantasia de padre não era nenhum pouco apropriado, então dirigi aproxidamente quatorze quilômetros para outra cidade só para encontrar alguém que mal conhecia. Além do mais a primeira vez que estivemos juntos mostrou quem ele era de verdade.

No caminho uma coisa ficou martelando meus pensamentos sem parar. Somos pessoas boas ou não? Sim, talvez sejamos, entretanto aparentemente ninguém é bom o suficiente, todos temos um lado sombrio. Um passado conturbado que nos tornou nosso próprio inimigo. É como a parábola da cobra e do serrote, só que um pouco diferente, porque agora não podemos machucar quem nos machucou, por tanto acabamos machucando quem não nos machucou, simplesmente porque procuramos suprir a necessidade de acabar com essa sensação amarga no peito.

Saio dos meus devaneios quando ouço um barulho estranho de motor. Ando para longe da beira do penhasco, procurando encontrar o responsável por aquela zoada incômoda. Tive esperança que fosse Zach, eu já o esperava alí sozinho fazia um tempão e confesso que pensei em voltar para Sioux antes que ficasse mais tarde.

O Padre:(+18) COMPLETOWhere stories live. Discover now