CAPÍTULO 33: FIM?

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Oie pessoas lindas do meu coração que acompanharam até aqui a história desse padre problemático, tudo certo?

Enfim, o último capítulo. Espero de verdade que gostem deste "final"

Então boa leitura, votem, se estiverem a vontade comentem e indiquem aos amigos de vocês.

Leiam a nota no final do cap e ouçam a música fixada no capítulo s2

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Uma semana depois

Todas as acusações levantadas a respeito da tentativa de homicídio que cometi haviam sido retiradas e arquivadas numa gaveta de casos esquecidos no gabinete da xerife Agatha Morris. Eu estava livre para ir a qualquer lugar sem que ninguém pudesse me impedir.

Os boatos espalhados pela cidade tinham se perdido nos ouvidos daqueles sem o menor interesse em padres assassinos, se é que eles existiram de verdade. As pessoas não comentavam mais sobre isso e algumas não tinham a menor ideia do que acontecia um mês atrás embaixo de seus narizes.

Mas nesse meio tempo, apesar das coisas terem sido "normalizas" eu não quis sair de casa, preferi ficar recluso com meus pensamentos esperando a solidão que nunca vinha. Por alguma razão, após tantos anos eu não me sentia só e tenho certeza absoluta que dessa vez a sensação de não estar era real.

A ideia de ter parte de mim se desenvolvendo em algum lugar a cada segundo trazia esse sentimento de companhia, mesmo sabendo que jamais teríamos como construir a relação de pai e filho pois alguém em especial faria isso no meu lugar.

Honestamente, não consigo dar a importância necessária para reivindicar meus direitos sobre essa questão. Não que fazer parte de algo tão grande e importante assim não seja bom, é que não fazer parte também não é ruim. Talvez fragmentos do que o meu pai foi estejam começando a romper as barreiras que construí para tentar parecer menos com ele. Confesso que me assusta saber que estou abrindo mão dessa responsabilidade, mas parte dela se dá pelo fato de Oliver usar minha liberdade para conseguir o que tanto queria.

Embora tenhamos nos desentendido aquele dia, a visita que relutei fazer a ele e que se tornou inevitável acabou sendo menos constrangedora, esperei que nos estranhássemos a ponto de discutirmos como dois adultos feridos, ele usando a desculpa da agressão e eu por ter sido usado. Mas não aconteceu como acreditei que aconteceria.

Tudo ocorreu, digamos, pacificamente bem. Claro, o passado ainda manchava nossas feridas, feridas essas que jamais cicatrizariam, sobretudo porque estávamos ligados agora mais do que nunca, pelo resto de nossas vidas.

Não falamos sobre o ocorrido, nem sequer passou pela minha cabeça tocar no assunto, temia deixar o clima desconfortável para nós dois e senti que Oliver pensava o mesmo. Ele tinha passado por muita coisa desde que eu quase tirei sua vida, não vi razões para trazer lembranças traumáticas que o distanciasse mais do que já estava.

Oliver esteve em coma por três semanas e alguns dias. Quando chegou ao hospital, estava inconsciente, coberto de sangue por todos os lados, no cabelo, no rosto, no pescoço e nas roupas também. Chegou na sala de cirurgia quase sem pulso, com uma hemorragia gravíssima no cérebro. A operação durou um dia inteiro e no fim os médicos conseguiram estabilizá-lo, entretanto só estaria fora de risco após uma semana de observação sem que houvesse retrocesso.

Em duas semanas os exames mostraram uma taxa de recuperação altíssima e agora ele estava se recuperando mais rápido.

Mas eu não estava preocupado com seu processo de recuperação, no fim das contas eu sempre soube que sairia dessa sem carregar sequelas. A verdade é que tive uma boa razão para visita-lo, seria necessário muito mais do que afeto para me convencer a ir vê-lo. Bom, a razão de certa forma existia, mas aqui entre nós uma coisa não teve nada a ver com a outra. Eu estava decidido a fechar de uma vez por todas esse ciclo assustador da minha vida e precisava me despedir das pessoas responsáveis por dar sentido a ela.

Então nos despedimos cientes de que nunca mais nos veríamos de novo.

Noite passada tive um sonho. Pesadelo, quero dizer. Mas ele não me assustou e nem me atormentou durante o dia, pensei nele como uma lembrança porque era uma lembrança. No sonho Oliver estava em meu apartamento, eu estava tomado por raiva e desespero, nós brigávamos muito alterando as vozes no limite, lançando provocações e desentalando segredos. E num milésimo de segundo Oliver encontrava-se imóvel no chão entre o sofá da sala e o balcão da cozinha. Ele lutava para se defender enquanto eu desferia socos e batia sua cabeça contra o carpete. A última coisa que falou antes de apagar era que sentia muito por me causar tanta magoa. Quando acordei as coisas continuavam estranhas, porém tranquilas.

Resolvi que assim que eu estivesse o mais longe possível, jamais voltaria a pensar nisso. É dolorosamente angustiante abandonar uma vida e não poder mais lutar por ela, aceito que perdi, que não tem volta e que a probabilidade de dar certo é equivalente a zero.

Eu voltarei para Sevilha, sim, é verídico. Foi lá onde tudo começou e é lá onde tudo deve terminar. É o que dizem, um fim necessário para um começo necessário. Mas antes eu precisarei viajar até a Cidade do Vaticano para uma reunião eclesiástica onde decidirão se serei descomungado ou não. Independente do que acontecer vou voltar e enfrentar cara a cara meus demônios. Chega de fugir, de me esconder e de procurar abrigo onde não tem, eu sou o único que posso lutar por mim mesmo.

Mais cedo arrumei as malas, coloquei só o que eu poderia levar descartando coisas que me trouxessem lembranças tristes. Levy cuidaria do resto, doaria alguns objetos e venderia outros. Tanto faz o que decidisse fazer afinal de contas eram só coisas, podem ser facilmente substituídas, assim como algumas pessoas. Aí está uma observação intrigante.

Não demorou muito para meu voo ser anunciado, passei pelo desembarque, ocupei o assento próximo a janela, descansei, acordei, assisti um filme aleatório e ouvi um pouco de música no spotify. Horas depois o avião pousou em Roma, o tempo passou tão depressa que em minutos eu já estava acomodado num quarto de hotel. No dia seguinte partiria cedinho para o Vaticano e a tarde pegaria outro voo.

Durante a noite, pensei em como minha vida seria e como eu lidaria com ela. Seria boa ou ruim? A verdade é que eu não fazia ideia, não tinha mais a voz na minha cabeça para me guiar ou dizer o que eu tinha que fazer. Pela manhã chamei um táxi e no caminho xinguei o nome de todos que estariam presentes pois a sensação de passar por àquilo era mais assustadora do que imaginei que seria.

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Espero ter superado as espectativas de vocês. E caso não tenha, saibam que é um final para um bom começo.

Henry aparentemente se sente bem com ele mesmo e está voltando para onde tudo deu início. Por tanto, saibam que O Padre terá uma sequência, com nova história, novos personagens, novos conflitos, talvez um romance mais profundo, suspense também e muita coisa nova.

Obrigado de verdade quem acompanhou essa trajetória. São importantes para mim s2

O Padre:(+18) COMPLETOWo Geschichten leben. Entdecke jetzt