CAPÍTULO 10

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Na manhã  seguinte Kate  levantara  cedo  para ir ao tribunal  do condado onde haveria  de pegar alguns  documentos  e, possivelmente  logo depois  se reuniria  com a promotoria  de justiça, talvez o assunto que poriam  em pauta na reunião  envolvesse  jurisdição ou relações legais. Mas cá  entre  nós, sua profissão  não  me causava  de modo algum interesse.

Então,  após sua saída, tive de insistir bastante para poder tirar  Oliver  da cama e convencê-lo a ir tomar um café comigo na lanchonete mais próxima. Ele ainda sentia-se atordoado pelo álcool que ingeriu na noite anterior mas admitiu que morreria se não tirasse àquela ressaca de uma vez por todas. Apesar de sua aparência mórbida — olhos inchados e vermelhos e ombros arriados —, era tudo de que precisava para começar o dia, em geral, alguns minutos debaixo do chuveiro era mais que o suficiente para mascará a indisposição pela qual sua consciência estivera lutando desde que se levantou.

E assim que partimos, ele nos guiou de carro até o Caffe Diner, onde afirmou que passava para buscar todas as manhãs  um copo do melhor expresso da cidade e, assim, seguir para o trabalho. Oliver não iria hoje! E não era porque sua cabeça parecia explodir a cada barulho de motor de carro do lado de fora da lanchonete, muito menos porque seu estômago dava mil voltas ameaçando por para fora o jantar da outra noite. Ele havia tomado folga, pois, seu chefe de departamento o lembrou de suas horas extras que precisavam ser quitadas. Não tinha gostado nada da ideia de ficar em casa  pela parte da manhã e só voltar duas da tarde para dar início ou continuação a um novo artigo de notícias para a revista Koops. Onde o mesmo começara a trabalhar quando chegara na cidade há pouco menos de dois anos.

Mas naquele momento, segundo as palavras ditas ao som de uma voz esganiçada e preguiçosa, Oliver agradeceu ao senhor Carl por essa curta folga matutina. E de certo modo, eu também, precisava passar um tempo com alguém que não falasse de Deus toda hora e de sua milagrosa vida. O que me lembra que tenho que ir a igreja hoje. Há tanto a se fazer por lá que mal sei por onde devo começar primeiro.

Enquanto eu ouvia Oliver murmurar sobre seu emprego e seu mais recente artigo — que relacionara questões matrimoniais de diferentes casais —, observei a garçonete andar até nossa mesa com uma bandeja. Ela gentilmente pôs uma xícara grande entre os braços descansados de Oli que agradeceu logo em seguida e fez o mesmo a mim ao entregar o chá-gelado que pedi.

Ele não conseguiu não fazer uma careta ao dar o primeiro gole em seu café preto e acrescentou a frase “isso tá horrível” acompanhado por um tom de voz de repulsa intuitivo. Ele mal percebera que a garçonete ainda estava perto e no mesmo segundo que a notara alí, seu rosto enrubecera.

Eu sutilmente achei graça daquilo. E sua reação não melhorou nada quando decidiu dar um aceno de mão a garçonete como uma forma de desculpas.

Perto da janela, podíamos observar a movimentação nas ruas da cidade enquanto conversavamos e comiamos nossas panquecas.

Perguntei a Oliver o que achava de seu atual relacionamento com Kate, já que ele havia tocado no assunto sobre seu novo artigo. Foi o que conversamos por quase meia hora. E então o assunto sobre ontem surgiu de repente, quando nenhum de nós sabia o que falar para prolongar àquela manhã.

— Tem uma coisa que eu queria ter dito  enquanto jogávamos o seu jogo. – ele esboçou um sorriso safado.

Limpando a gargante, aguardei ele dar continuidade:

— Era a primeira vez que fazíamos juntos. Quer dizer...– ele coçou a têmpora com o indicador. — todas às vezes eram só você e ela ou eu e ela. Se eu não perdesse no jogo perderia a chance de ver Kate trepando com outro cara e nunca conseguiria descobrir qual era o meu problema.

Não muito surpreso com a revelação, me permiti relembrar de tudo que havíamos feito. Da parte em que tiravamos a roupa a cada relato de nossas experiência sexuais nem tanto surpreendentes. Das altas doses de vinho. Ah, sem esquecer da garrafa de vodka que Kate encontrou no armário da cozinha mas Oliver foi quem bebeu a maior parte. E finalmente o momento mais esperado da noite, a decisão daquele que assistiria os vencedores treparem até que seus corpos exauridos  dissessem que chega. E agora, vagueando as lembrança minuciosamente percebo que Oli tinha razão em pegar leve, mesmo que o álcool tivesse tomado a decisão por pelo menos setenta e cinco porcento dela.

— E você conseguiu? – pergunto, tomando um gole do meu chá-gelado.

— O quê?

— Você conseguiu descobrir o problema? – reformulei.

Pensativo, ele encarou o interior da xícara fumegante, procurando assimilar para si o que havia descoberto.

— E aí? – eu pergunto de novo.

— Descobri que não tínhamos você! – ele disse.

Nós não falamos mais nada após aquelas palavras. Na verdade, eu tinha um argumento importante sobre tudo o que aconteceu ontem, mas preferi deixar para lá.

ψψψψ

Oliver  decidiu deixar o carro estacionado no Caffe Diner para me acompanhar em uma caminhada calma até a igreja. Além do mais ainda tinha bastante tempo para ele passar em casa, pegar seu material de trabalho  e ir para revista.

— É confortável? – ele perguntou, após uma longa caminhada em silêncio.

Levei alguns segundos para entender a que se referia e só então respondi quando percebi seus olhos mirando as minhas roupas.

— Ah, sim! Bom, as vezes não. A sotaina é quente quando está calor mas é essencial quando se está frio. E a clérgima, há momentos que causa coceira mas eu já estou acostumado.

Ele fez um aceno de cabeça, enquanto caminhava, observava os próprios passos e apreciava o som que a sola de seus sapatos provocava nos blocos de cimento da calçada.

— É mais desconfortável quando estou usando a batina de tecido longo. Como às que uso nas celebrações. Mas esta aqui, é como uma camiseta que posso usar com um jeans ou uma calça social.

— Você é obrigado a usar ela o tempo todo?

— Não necessariamente.

Ao chegarmos a igreja, eu destranquei o portão principal  e nós  entramos. Oliver se disponibilizou para me ajudar no que eu precisasse pois não tinha nada melhor para fazer o resto da manhã.

ψψψψ

Oi gente. Tudo bem?

Hoje o capítulo foi razoavelmente calmo. E bem mais curto. Mesmo assim espero que tenham gostado. Não esqueçam de votar e comentar. E obrigado pelos comentários no capítulo anterior. Amei todos<3

Tenho uma novidade. Combinei há uns dias atrás com algumas meninas do grupo de fazer uma maratona de 4 capítulos. Que já deveriam ter sido postados de uma única vez, porém, houve várias interferências. E como estou de mudança quase não tendo tempo para concluir esses capítulos. Decidi postar eles sequencialmente. Ou seja, terá capítulos também nos próximos três dias.

Bom é isso, até amanhã. Bjs:3

O Padre:(+18) COMPLETOWhere stories live. Discover now