CAPÍTULO 11

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Levy Portman nem sempre fora o homem  estruturado, bem equilibrado e por consequência de atos insanos de seu passado; religioso. Cujo assunto pode ser resumindo em uma única palavra. Tudo que  construía agora, acontecia graças ao  enorme muro que crescia com base a prostituição e a vida sob efeitos de múltiplas drogas e, é claro, escolhas mal sucedidas. Esses problemas haviam sido deixados para trás quando ele permitiu mudar totalmente a sua vida para melhor.

Eu o conheci há três anos, numa noite de sexta-feira tempestuosa quando o mesmo não sabia mais para onde ir. O abriguei na igreja até que a chuva parasse, era o mínino que eu podia fazer por ele. E nesse meio tempo, decidiu que precisava confessar seus pecados e só então conseguiria mudar. Verdadeiramente falando, nunca tive tanta fé que fosse algo possível de acontecer. Mas acabou sendo.

Embora na época eu estivesse errado sobre sua mudança, em parte meu palpite sempre esteve certo. Levy não era o tipo de cara que largaria as drogas e a rotina de programas para embarcar no catolicismo, nada disso, pois a maior parte dos dependentes de qualquer efeito viciante, por assim dizer, optam pela religião opositora, o suposto evangelismo liberalmente e especificamente dedicado “as leis de Deus”. O que para mim não faz o menor sentindo. Ainda que naquela mesma noite, de alguma forma eu o tenha ajudado a perceber que apenas mudar nunca seria o suficiente, ele acreditou em sua própria teoria.

Torna-se católico envolvia diversas questões que passou a desaprovar. E acho que tenho uma parcela de culpa na negação que ele sofrera, já que para mim também não era uma época muito fácil. Bom, essa não é uma justificativa muito plausível, mas refuta algumas coisas de que falei para ele e que acarretou numa série de pensamentos positivos sobre a religião evangélica.

Quando eu o encontrei, Levy era apenas um homem esguio e baixo demais para sua idade. Tinha o cabelo desidratado que alcançava a superfície de seus ombros, os olhos apagados pelo tempo e os dentes castigados por conta do excesso de maconha, nicotina, álcool e a falta de escovamento. Ele não era mais aquele homem empobrecido mentalmente, o deixara para ficar no esquecimento. Levy jamais voltaria a ser o que um dia foi, pois agora, ao passar pelos anos de mudança, ele é forte, do tipo que frequenta acadêmia todas as manhãs e, talvez tenha crescido alguns centímetros. Seu cabelo é raspado nas laterais, em cima um topete longo e perfeitamente penteado para trás acrescenta um toque especial no seu visual masculino. O brilho de seus olhos voltara junto com todo o resto e já não tinha sinal algum de dentes mal cuidados, eu me veria neles se chegasse mais perto a cada vez  que ele abria a boca para falar.

Para um pastor dedicado, Levy passou a ser submisso da vaidade parcialmente, tanto que suas roupas de hoje em dia compunha nos  mais caros e estilosos tecidos. Utilizados para a fabricação de peças sob medida pela melhor estilista da cidade.

Levy entrou na igreja justamente quando Oliver e eu estávamos dentro da sacristia, pondo em ordem alguns objetos importantes. Quer dizer, quando eu o havia pressionado contra a parede próximo a pequena imagem de Cristo pregado na cruz feito de argila. Ele reclamou que o que quer que eu estivesse pensando em fazer, ele não estava de acordo, principalmente se envolvesse fazer ali mesmo. E para tentar aliviar seu nervosismo e o medo de comenter o errado, eu corri a mão direita para a mini estatueta pendurada e deixei de cabeça para baixo.

Oliver abriu os olhos meio apavorado, meio distante e voltou a deixar Cristo como estava. “Você ficou louco?!” ele perguntou minutos antes de sermos interrompidos. Então eu o pressionei cada vez mais o forçando a se apoiar com uma das mãos na mesa ao lado. Nossos rostos ficaram perto o bastante para que eu sentisse sua respiração irregular, perto o suficiente para eu admirar os contornos de seus lábios vermelhos e a pele áspera de seu maxilar que revelou minúsculos pelos laranjas.

E instintivamente eu peguei uma das velas acesas encontradas no castiçal, deixei a chama derreter a cera até gotejarem nas costas de sua mão depositada na mesa. Oliver gemeu  ao sentir a cera quente queimar a pele, dilatou os lábios e delicadamente permitiu que eu mordiscasse alí...E então fomos interrompidos por uma  voz vinda lá de fora. Para Oliver foi um alívio. Nós recobramos a postura e saímos logo em seguida.

— Padre Henry! – Levy falou ao me ver. — Estava mesmo procurando por você. Está ocupado?

Olhando para Oliver e constatando a expressão sem graça estampada em seu rosto eu me perguntei o motivo da visita de Levy. Não nos víamos muito, mas de vez enquando nos encontrávamos aleatoriamente por aí. Além do mais a igreja da qual ele pastoreava ficava a duas quadras daqui.

— Levy! – eu disse curioso. — É sempre bom revelo.

Desci a escadinha do altar e o cumprimentei como se fossemos amigos, o que de certa forma parecia ser verdade.

— Respondendo a sua pergunta: Não! Só estávamos acendendo velas. – eu sorri, imaginado a cara de Oliver, o pensamento por pouco não me fazia
recuar para terminar o que havíamos começado.

Levy olhou Oliver por cima do meu ombro permitindo escapar um  aceno de mão a ele.

— A propósito, este é Oliver Bennett, um grande amigo da igreja.

— Ah, muito prazer senhor Bennett. – Levy o cumprimentou espontâneo arrancando um sorriso de Oli.

— Ele tem sido o meu braço direito. Eu nem sei o que seria sem ele esta manhã.

Levy assentiu.

— É, que tal se falassemos em particular lá fora?

— É algo importante?

— Sim!

— Está bem! Oliver, não se importa de esperar aqui um pouco?

— Sem sombra de dúvidas. – ele engoliu seco.

Nós atravessamos a passagem do altar para fora nos aproximando da mureta da escadaria. Levy respirou fundo e disse:

— Serei bem objetivo – ele olhou a hora em seu relógio de pulso. — tenho pouco tempo. Estou organizando um evento célula da igreja e como sei que não haverá nada aqui, queria pedir emprestado algumas cadeiras? Se possível. O bastante para mais vinte pessoal. Vamos receber gente de...

— Tudo bem! – eu o interrompi.

— Sério?

— Claro. Pode vir buscar depois? Tenho um assunto pendente pra resolver.

— Sim. Sim claro. Eu venho buscar. E obrigada Henry, você salvou a minha. Agora tenho que ir mesmo. Estou cheio de tarefas. A gente se ver. – despediu-se.

Entrando na igreja novamente, eu fechei as portas atrás de mim e caminhei para onde Oliver estava. Ele sentava nos bancos da frente com os pensamentos longe e nem me percebera chegar.

— E então, onde estávamos? – eu perguntei, com dedos nos botões da sotaina.

ψψψψ

E fim! Do capítulo 11 hehehe

Que será que vai acontecer? Eu não sei infelizmente rsrsrs.

Votem e comentem aí gente. Amanhã volto com a sequência deste capítulo! Um beijão a vocês. Espero que tenham gostado da leitura. :3

O Padre:(+18) COMPLETOWhere stories live. Discover now