CAPÍTULO 13

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— Tem planos para hoje a noite? – quis saber Oliver, enquanto punha a camisa de volta.

— Nada em especial! – eu disse, esperando ser convidado para mais um jantar de boas vindas.

À verdade, é que desde que entrei na vida de Oliver e Kate, ficar sozinho parece ser a coisa mais terrível do mundo. Às noites se tornam longas e tenho pesadelos quando pego no sono, pesadelos estranhos, que me dão a vaga impressão de serem fragmentos esquecidos, porque quando eles vem, é como se eu estivesse revivendo uma lembrança esquecida.  Talvez seja apenas coisa da minha cabeça, mas sinceramente, há momentos que isso me causa dúvidas. E um pouco de medo, admito.

O mais recente deles aconteceu no vôo de volta para cá. Eu estava em uma estrada escura, nem tanto, pois os faróis de uma camionete surrada iluminava o caminho. Haviam outras duas pessoas comigo, elas estavam distantes, imóveis perto do veículo, buscando ficar onde a luz focava mais. Eu sentia que as conhecia ao mesmo tempo que elas tornavam-se simplesmente pessoas. O cenário era real e tão diferente, que por mais que eu me esforçasse para tentar buscar uma lembrança referente ao sonho, nada, absolutamente nada se encaixava.

Mas é só questão de tempo para essa paranóia se tornar um absurdo e eu voltar a recobrar a consciência. Não faz o menor sentido que fique achando que esses sonhos são parte de...Sei lá o quê! Um dia, eles irão deixar de me atormentar, então não haverá rastro algum deles em minhas memórias.

— O que acha de dormir com a gente? – pediu. E sua bochecha revelara o quão realizar a pergunta fora embaraçoso.

Eu sorri para ele, revirando os olhos.

— Seria ótimo!

— Hmm...– ele pensou indiferente e continuou: — Algo me diz que você quer, mas não pode.

Oliver está certo. Por mais que eu queira muito passar a noite com os dois, estaria exagerando nessa coisa de padre descaminhado. Não que eu me importe com o fato de estar burlando praticamente todos os meus limites, mas a maior parte da cidade sabe quem sou, se me verem entrando e saindo da casa deles todos os dias vão pensar coisas. E essa coisas provavelmente se tornarão uma bola de fofocas até chegar nos ouvidos dos meus superiores. A vida de Oli e Kate iria acabar sendo prejudicada por minha causa, por tanto é melhor ponderarmos  e nos encontrar na surdina, bem longe dos olhares ardilosos de Sioux Falls.

— Tenho muito trabalho. – passei o olhar pela igreja e Oliver soube a que eu me referia.

— Tendi. Então nos vemos por aí.

Despendido-se com um aceno de cabeça, ele apanhou seu casaco sobre o banco, deu cinco passos para frente e parou, voltando-se a mim com uma expressão de dúvida.

— Henry!

— Quê? – eu pergunto, arrumando a clérgima.

— Por que ainda está fazendo isso?

Precisei de uns minutos para processar sua pergunta e entender onde ele queria chegar com ela. E para falar a verdade, nem mesmo eu sabia o que estava fazendo.

— Eu não sei! – respondi na defensiva.

— Não? – perguntou novamente.

Houve um silêncio constante, rompido por barulhos  de pássaros na clara-bóia da igreja. Nós olhamos juntos para o teto, avistando quatro deles. Pombos brancos e cinzas bicando a vidraça a seis metros acima de nossas cabeças.

— Visitantes indesejados. – eu ri. Oliver retribuiu da mesma forma.

— Preciso ir, não posso me atrasar. – ele falou.

Mas antes que fosse embora, eu segurei seu rosto com as duas mãos selando nossos lábios. Desci uma delas até alcançar a parte de baixo de Oli, apertando com força seu membro através do jeans escuro. Envolvido pelo toque dos meus lábios no seus, ele me permitiu o beijar com mais intensidade até perdemos completamente o fôlego.

— É ...Eu...– gaguejou. — Tenho que ir.

— Oliver! – fiz ele parar novamente. — Se falar com Kate, diz que eu estou louco para comer àquela boceta gostosa. – sorri maliciosamente.

— Vai se fuder, Padre. – ele apontou o dedo do meio para mim arrancando me gargalhadas.

Observei Oliver desaparecer quando a porta da igreja foi aberta e assim que saiu, o ambiente voltou a escurecer.

ψψψψ

As horas passavam cada vez mais devagar, era como se o tempo não estivesse ao meu favor. Cinco minutos pareciam durar duas horas alí dentro. Eu precisava me distrair um pouco antes que houvesse movimento na igreja e então eu estaria preso alí por mais tempo do que eu precisasse.

No quase infinito período de confinação — como passei a chamar minha solitária estadia — eu organizei o máximo de livros sagrados que consegui por ordem alfabética no armário da sacristia. Tomei dois cálices de vinho barato. Limpei prateleiras que há muito haviam sido esquecidas. Quebrei duas jarras, um copo de cristal que fazia parte de um conjunto muito caro e quase pus fogo na cortina da janela. Nada proposital. Eu notei que mesmo tentando me distrair com outras atividades, eu sempre acabava pensando no que eu e Oliver tínhamos feito frente ao altar sagrado.

Algumas vezes eu até me pegava sorrindo daquilo. OK. Foi sádico e inapropriado, porém divertido e muito gostoso. Merda, eu tinha que arrumar uma forma de não pensar sobre aquilo.

ψψψψ

Bom, não foi minha primeira alternativa mas não era como se eu tivesse muitas opções. O relógio marcava cinco da tarde e as pessoas —sendo a maior parte delas mulheres mais velhas corpulentas —entravam na igreja para fazer suas orações de rotina. Elas me davam 'oi' ou trocavam três ou quatro palavras comigo com a desculpa de não querer me incomodar já que eu estava "lendo a bíblia".

De certa forma, a bíblia estava lá na mesa de altar, servindo de camuflagem para minha revista da playboy de 2017. Fazia parte de coisas que eu havia comprado e desistido de usar na época. A Revista, recém tirada do plástico estava tão nova que parecia um catálogo deste ano. Com uma equipe de mulheres peladonas que me deixavam excitado pra caralho.

— Boa noite, padre Henry. – desejou uma senhora corcunda.

Rapidamente eu afastei a bíblia para que ela não pudesse ver a revistar pornô entre suas páginas.

— Boa noite, senhora. Deus lhe abençoe. – eu disse, me fazendo de padre correto.

— Ao senhor também. Amém!

A senhora corcunda fez o sinal da cruz, me obrigando a sorrir como se sentisse orgulho de seu gesto católico.

— Amém! – repeti.

— O que senhor ler? – ela perguntou.

— Ah, é...

A página bônus de uma mulher gostosa,  com peitões enormes, cintura de violão, bumbum que eu adoraria comer até não poder sentir mais meu pau.  Não qualquer página com uma mulher qualquer, mas sim a página de uma deusa pornô. Pensei. Me recompondo e respondendo a senhora gentilmente:

— O livro do apocalipse! – sorri.

ψψψψ

Boa noite lindas(os). Estes foram os capítulos da maratona. Deveriam ter sido 4. Mas fui obrigado a ir dormir por umas leitoras aí rsrrs. Por isso não conclui os outros  dois.

E aí? Que acharam deste? Ansiosas(os) para se aprofundar mais nesta história? Eu também. Espero que tenha gostado bastante deste razoável capítulo.  Então votem e comentem aí pessoal. Em breve voltarei com mais para vocês. 

E a proposito, quem ainda não está me seguindo, vai lá, ajudem este autor independente a ficar cada vez mais visível. Eu ficaria grato. E temos um grupo de Whatsapp, quem quiser entrar, link na bio.

Bom final de semana. Bjs:3

O Padre:(+18) COMPLETOWhere stories live. Discover now