Capítulo 15

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                Decidi procurar um lugar em que eu pudesse pensar e organizar minhas ideias. Um lugar em que eu me sentisse em casa, onde as coisas parecessem fáceis. Esse lugar era o shopping; por isso voltei para lá.

                 Procurei um banco vago para me sentar e refletir. Minha situação era a seguinte: além de um emprego e de um empréstimo estudantil, agora eu também tinha que conseguir um lugar para morar. Não tinha parentes na cidade, nem amigos, como a Débora bem ressaltara. Era verdade. As pessoas a quem eu chamara de amigas eram somente para sair, conversar bobagens, rir. O Edgar, talvez, fosse meu único amigo, mas estávamos tão distantes desde o fim do ensino médio; e mesmo nessa época eu nunca contei para ele as coisas que aconteciam na minha casa – eu não queria expor minha família, apesar de algumas coisas terem saído até nos jornais, no passado.

                   A única pessoa que parecia ser capaz de entender o que estava acontecendo comigo era a Brenda. A Brenda tinha emprego, financiamento estudantil, morava sozinha... a Brenda devia entender o que eu estava passando.

                   Finalmente recebi uma mensagem sua:

                    "Você esteve na casa da minha mãe?"

                     "Sim", respondi "eu queria uma roupa para ir na segunda-feira para o escritório. Vamos juntas?"

                      Ela não respondeu.

                      Levantei-me instintivamente e fui andando, até passar novamente pela loja de sua tia, e... lá estava a Brenda. E estava usando o terninho de risca-de-giz. Bem diferente do estilo que ela costuma usar para o trabalho, com roupas de lycra ou jeans que pareciam fechados à vácuo.

                        Ao me ver, Brenda continuou trabalhando normalmente, mas quando me aproximei, perguntou, antes que eu dissesse qualquer coisa:

                          – Por que você não foi hoje? – e largou o que estava fazendo, e ficou me olhando com um ar surpreso.

                           – Como assim? Para onde? – eu estava confusa. Quem não tinha ido era ela! À aula desta manhã!

                            – Para a seleção do estágio! Por que você não foi lá hoje?

                            – Como assim?! – voltei a perguntar, surpresa - Você disse que era segunda-feira!

                            – Ah, mas eles ligaram dizendo para ir hoje! Eles não te ligaram?

                            Senti uma leve tontura.

                             – Não! Do que você está falando?

                             – A seleção do estágio foi antecipada!

                             – Por que você não me ligou? – perguntei quase gritando, atônita, enquanto tirava meu celular da bolsa.

                             – Menina, foi uma loucura, e eles ligaram em cima da hora; eu só tive tempo de passar o terninho, e eles disseram que estavam ligando para todo o mundo, e quando eu cheguei e não te vi, até quis te ligar, mas não deu tempo... nossa, foi tudo muito corrido!

                              – Vou ligar para lá e ver se ainda dá tempo de participar – e vi que havia uma mensagem da Manu – mas era uma propaganda de um curso que ia acontecer no Raio de Sol.

Contrata-se, com ExperiênciaWhere stories live. Discover now