Capítulo 12

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                Manu se levantou e pediu ao irmão que me fizesse companhia enquanto ela ia ver se a mãe estava precisando de alguma coisa. Fiquei muito sem graça. Será que a Manu estava tentando funcionar como cupido? Mas, por quê? Um rapaz que precisa de ajuda para conseguir suas namoradas só pode ter algum problema.

               O Bruno se sentou na cadeira em que a Manu ocupara anteriormente; pediu desculpas por estar suado, e perguntou se eu já conhecia o restaurante.

               – Não... eu nem imaginava que existia um lugar tão... – tentei achar uma palavra – "diferente..."

               – Diferente? – ele perguntou, pedindo explicações.

               – Eclético... ­– foi a palavra que eu consegui; mas continuei tentando explicar: – parece muito honesto em tudo, não sei se você me entende...

               – Eu acho que é isso, sim; não tenta vender uma imagem... – Bruno comentou, olhando ao redor. Fiz o mesmo, e continuei:

               – Isso! Não tem nada aqui que parece ter sido encomendado a um profissional de marketing... – essa frase tinha soado melhor na minha cabeça. Em voz alta, soou como uma crítica.

              – Tudo foi feito pela minha mãe e pela tia Sara... ­– acho que ele tinha entendido meu comentário.

              – Até o preço é honesto! – falei, apontando para o cardápio no mural, e ele sorriu de volta.

              Nina apareceu, então, trazendo uma garrafa de água mineral e dois copos com gelo. Colocou-os sobre a mesa, sem tirar os olhos de mim, como se estivesse tentando me mandar alguma mensagem. Pena que eu não entendi. Bruno agradeceu, e ela saiu.

              – Você vai trabalhar aqui? – ele perguntou, servindo a água nos copos.

              – Eu ainda não sei. Eu adoraria! – respondi, olhando mais uma vez levava a olhar ao redor – mas não sei como eu posso ajudar. Eu não sei fazer nada!

             – Você já foi lá em cima? – ele perguntou.

             Olhei para cima. Eu tinha visto que havia um piso superior; tinha reparado na escada, mas não sabia ainda o que funcionava naquele andar. De onde estávamos era possível ver algumas portas atrás de vitrais coloridos. Imaginei que fosse um espaço para eventos.

            – Não. O que tem lá?

            – Vem. Vou te mostrar. – Bruno se levantou, deixando o copo sobre a mesa, e eu o imitei. – É o meu segundo lugar preferido nesta casa – disse ele, aumentando minha curiosidade.

            Bruno fez um gesto para que eu passasse adiante dele. Enquanto subíamos a escada, ele comentou:

            – Esta casa era do meu avô materno. Ele era dentista. Minha avó era artista plástica. Os quadros que estão lá embaixo são dela.

            Eu não tinha reparado, mas ergui as sobrancelhas e balancei a cabeça como se me soubesse exatamente do que ele estava falando, e aproveitando para dar uma olhada para o andar inferior, em busca dos tais quadros.

            Ele abriu o portal de ferro cujos vitrais se viam do térreo; era muito bonita, mas estava um pouco enferrujada e empoeirada. Ele acendeu a luz para a sala: era, realmente, um espaço de eventos, mas não como eu imaginara. Era uma espécie de galeria de arte. Estava uma bagunça, mas dava para ver que muita coisa acontecia ali. Quadros, pinceis, tinta, cerâmica, espalhados em mesas de madeira crua compridas. Nas paredes, alguns trabalhos estavam expostos.

Contrata-se, com ExperiênciaWhere stories live. Discover now