Parte Trinta e Três

11 0 0
                                    

Faziam dezenove anos que Perséfone estava na busca pelo último Francher vivo, ou o que ela imaginava ser o último. O anel dava-lhe visões nebulosas e apenas a sensação de que a família de Francher estava crescendo. Ela não ousava chegar perto do Clã BPM por conta do grifo, e para evitar uma segunda guerra com os bruxos e seres místicos, mas tinha a intuição de que encontraria quem procurava bem longe dali.

O anel-estelar mostrou à Perséfone a visão do Clã Bassour, no Egito, durante uma noite. Ela não esperou pelo amanhecer, acordou Sullivan e Decatur na madrugada e os três rumaram para a África.

— Sully, Louis teve três filhos. – Perséfone tinha esperanças de que aquele fosse o fim da sua busca pelos Francher. – Eu matei Katherine, Decatur matou outro. Então estamos atrás do último filho de Louis.

— Você não disse ter sentido que as pragas podiam ter se procriado? – O caçador indagou.

— Eu espero estar enganada.


África, Egito. 1978 d.C.


O calor do Saara deteriorava as forças de qualquer um, exceto daquele trio que trazia medo há séculos por onde passavam. Decatur se sentia confortável demais em altas temperaturas, assim como Sullivan. Perséfone era uma deusa, logo alguns graus não lhe afetariam, mas mesmo assim materializara para ela e Sullivan roupas de lã escura para caminharem até chegarem ao Clã Bassour.

Diferente dos outros clãs, o Bassour não tinha proteções mágicas que o escondesse da vista de curiosos. Era uma enorme pirâmide intacta no meio do deserto. Bruxos vestidos com as mesmas roupas de lã que Perséfone e o Caçador de Dragões usavam guardavam a entrada para a pirâmide.

— Se apresentem por favor! – Um dos seguranças anunciou.

— É ela, Drake! – O bruxo ao lado pisou no pé do primeiro que se pronunciou, Drake. – São eles!

— Parece que alguém aqui me conhece. – Perséfone abaixou o turbante, mostrando sua face aos guardas do clã. – Decatur, espere aqui fora. E fique na espreita para o caso de fuga, não queremos perder mais tempo nessa caçada.

— A senhora... – Drake engasgou nas palavras. – Perséfone, o que vem buscar no Clã Bassour?

— Cale a boca, miserável! – Sullivan empurrou o bruxo e avançou com a deusa para dentro da pirâmide.

A entrada era um enorme corredor estreito, o que garantia segurança contra a entrada de monstros. A temperatura logo começara a baixar. Ruídos a distância indicava movimentação. Foram uns quinze minutos de caminhada até que Perséfone e Sullivan chegassem em uma área ampla. Haviam ali uns 14 bruxos, que aparentemente já os aguardava.

— Bem-vinda ao Clã Bassour, Perséfone. – Um bruxo assumiu a frente do grupo e falou sem muita emoção na voz. O homem era um pouco rechonchudo, tinha os cabelos ruivos e sardas por todo o rosto. – Meus pais me falaram muito sobre você. Sou Antony, filho de Ballard e Eyle. Na ausência deles eu assumo o controle do clã.

Perséfone olhou para Sullivan e o homem lhe respondeu:

— O que chamam de o Grande Elementar.

— Antony, estou à procura de uma pessoa. O último Francher. E tudo indica que ele está aqui com vocês. A única coisa que precisa fazer é me entrega-lo e iremos embora em paz. – A deusa soltou um sorriso ganancioso.

— Albert, por favor. – Antony puxou pelo braço o homem que estava atrás de si. – O homem que procura é este.

Albert tinha o cabelo loiro bem curto, olhos verdes e era esguio. Mas uma coisa ele não tinha: o nome de Ethan ou Perseu, filhos de Louis.

Perséfone - A Origem (Bruxos e Deuses)Where stories live. Discover now