Parte Dezessete

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— Um ano, Sullivan! Esperamos você por um ano! Não podia ter sido um pouco mais rápido? – Perséfone fitou os olhos dourados do homem.

— Foi apenas um dia, minha senhora! – Sullivan estava atordoado. Tinha desembarcado na Sicília e viajado até o vulcão Etna, onde a deusa montara um pequeno acampamento e aguardara com Decatur sua chegada.

— Sullivan, Ogígia é um lugar onde você perde a noção do tempo. Achei que soubesse... Deveria ter agido com mais cautela e velocidade. – Perséfone sorriu maldosamente. – Agora deixe-me ver essa espada.

O Caçador passou a Excalibur para as mãos de Perséfone.

— E Calipso? – Decatur se pronunciou. – Será aliada de Perséfone?

— Sim. Ela fará tudo que for necessário para sair da ilha.

— Eu imaginava. – Perséfone estava com os pensamentos distantes enquanto olhava centímetro por centímetro da espada. – Certo, garotos! Temos que prosseguir com os planos agora.

— Conseguiu progredir em algo durante esse tempo, minha senhora? – Sullivan indagou.

— Ah, sim! Decatur e eu conseguimos trazer alguns aliados para o nosso lado, como Aracne, Equidna, Medusa, meus três filhos, meu irmão Pluto.... Achamos tanta gente que me apoia, Sullivan... – A deusa abriu um sorriso esperançoso. – A Aliança Púrpura está se formando aos poucos...

— E acharemos mais. Tenho certeza que não é a única a querer derrubar os deuses, os outros só não tiveram coragem. Está na hora do reinado dos olimpianos acabar.

— Teremos de esperar por um tempo antes de eu lançar a maldição. Precisamos de mais pessoas e outros preparativos... – Perséfone saboreou as palavras.

— Perséfone! – Um jovem veio correndo para o acampamento da deusa aos tropeços. – Perséfone... me... desculpe... o... atraso... – Ele ofegava com as mãos apoiadas no joelho.

— Não tem problema, Louis. Sullivan – Perséfone se virou para o Caçador e depois apontou o garoto. – Esse é Louis Francher, meu aprendiz.

— Olá, meu senhor! – Louis cumprimentou Sullivan. – Estava louco para te conhecer!

— Ah... – Sullivan não sabia o que dizer.

— Sullivan, se não se incomoda, poderia deixar eu e Louis a sós?

— Claro! Vou... Vou andar com Decatur. – Sullivan foi para o dragão e logo eram apenas um ponto no céu avermelhado pelo pôr do sol.

— Como está se saindo, Louis? – Perséfone se voltou para o menino fazendo a Excalibur sumir com um aceno. – Conseguiu usar a Aqualificação?

— Sim. Passei o dia inteiro tentando.

— Vejo que a magia está ficando maior em você. Seus olhos estão perdendo o castanho, posso ver o roxo surgindo ao fundo. – A deusa sorriu. – Logo mais você será o primeiro bruxo do mundo, Louis! O primeiro mortal a dominar a arte da magia.

— Eu posso pedir uma coisa, Perséfone? – O menino olhou para o chão envergonhado em pedir algo para a deusa.

— Claro!

— Eu queria trazer uma amiga para aprender comigo.

— Uma amiga? – Ela o olhou por um tempo. – Por que uma amiga se você pode trazer todos os amigos que tem?

— Sério? – Ele se empolgou.

— Sim! Eu não quero privar o dom da magia apenas para você, outros também querem e devem desfrutar dela. E dessa forma terei mais pessoas ao meu lado. Seus filhos terão grandes probabilidades de nascerem portando a magia, só vai ser necessário lapidá-los.

— E você treinará meus filhos?

— Não. – Perséfone riu. – Os segredos da magia devem ser passados adiante. Eu te ensino hoje. Amanhã você ensina seus filhos.

— Eu tive uma ideia. – Louis olhou pensativo para Perséfone.

— Diga! Não guarde nada para você.

— E se eu abrir um clã para os descendentes dos bruxos? Uma base de treino segura onde aprenderão a usar seus poderes.

— Por isso te escolhi para ser o primeiro bruxo! Você tem talento, garoto!

— Poderia se chamar Clã dos Bruxos Poderosos.

— Não, acho que não. Seria melhor Clã BPM. – Perséfone o olhou sonhadoramente. – Clã dos Bruxos com Poderes Malditos.

— Mas Malditos não seria meio... Forte e ruim? – Louis não entendia.

— Sim, Louis. Mas no futuro você entenderá o porquê do nome. Assim todos se lembrarão de quem criou os bruxos. – Perséfone sorriu. – Agora vamos prosseguir com nossa aula, senão não haverá bruxo para criar um clã. 

Perséfone - A Origem (Bruxos e Deuses)Where stories live. Discover now