Parte Vinte e Seis

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Oświęcim, Polônia. Novembro de 1944 d.C.


A entrada era feita de tijolos vermelhos, para lembrar a todos o que acontecia ali dentro. O portal de entrada tinha uma torre de visão, e dele saia dois trilhos de trem intercalados. O campo gramado ao redor disfarçava as mortes que ocorriam o tempo inteiro ali, dando a impressão de ser um ambiente tranquilo. Perséfone estava na frente dos onze Imortais, guiando-os para entrar naquele inferno.

— Estão no Auschwitz II, Birkenau. – Sussurrou Emma.

— Não apenas os nazistas saberão de nós, mas o mundo inteiro. – Louis comentou. – Ainda acho que devemos ficar invisíveis e fazer isso o mais discreto possível.

— O mundo inteiro, Louis? – Perséfone indagou como se o Primeiro fosse um idiota. – Os nazistas nunca deixarão vazar a notícia de que bruxos invadiram o campo de concentração deles. Irão guardar com eles esse fato e morrerão com ele. São orgulhosos demais para compartilhar a nossa existência com o mundo.

— Ela está certa, Louis. – Marx olhou incisivamente para o amigo.

— Espero não ser tarde demais. – Disse Wilson do ombro de Jett, os pelos dourados chacoalhando com o sopro do vento.

Perséfone agitou as mãos quando guardas de Auschwitz se aproximaram deles, lançando os homens para longe e abrindo os portões. Os doze bruxos entraram no campo jogando todos que vinham para cima deles para os lados e abrindo passagem para Birkenau.

— Qual o nome do wicher que controla isso, Isadora? – A deusa questionou sem olhar para o rosto horrorizado da mulher.

— Heinrich Himmler, senhora.

— Esse cara deve estar adorando queimar vários bruxos de uma vez só. – Jannete sibilou.

— E mesmo assim ele ainda não é o nosso problema maior. – Acrescentou Christiny. – Ainda não sabemos como eles se organizam para nos atacar. Quem os lidera...

— Tenho certeza que esse Heinrich deve estar no comando dos wichers agora. – Ballard comentou fazendo um enorme pedaço de terra se desprender do chão e soterrar quatro guardas. – Ou ao menos numa posição de poder favorável.

— Iremos cuidar dele depois. – Perséfone falou cortando a conversa. – No momento temos que recuperar os bruxos que ainda estão vivos. Isadora, você aguenta lutar?

— Sim. – Isadora levou a mão até sua barriga proeminente da gravidez.

Birkenau era um complexo de enormes construções de tijolos de barro. Os gritos dos presos eram agoniantes e torturantes. Dali a câmara de gás era visível e fumaça saia do seu topo.

— Não toquem nos humanos. – Perséfone se virou para os Imortais. – Por mais deplorável que seja a situação deles, temos que resgatar os nossos apenas. Os outros não são nossa responsabilidade.

Cada bruxo se direcionou para uma das construções.

— Fique aonde está, mulher! – Berrou um guarda para a deusa enquanto ela se aproximava da câmara de gás.

Perséfone virou a mão, torcendo o pescoço do homem sem ao menos tocar nele.

— Nunca imaginei que vocês se atreveriam a invadir Auschwitz. – Uma voz calma falou por trás de Perséfone.

O homem usava uma roupa que mostrava seu status elevado. Poucos cabelos na cabeça e óculos redondos que faziam seus olhos pequenos refletirem o caos que era aquele campo de concentração.

Perséfone - A Origem (Bruxos e Deuses)Where stories live. Discover now