Parte Vinte e Oito

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Sicília, Itália. 1955 d.C.


Perséfone estava com a mão na testa encabulada.

— Sullivan, eu havia deixado extremamente claro que ninguém deveria se aproximar de Portland. Deixei você responsável por cuidar de Nova Iorque, porque lá está havendo um grande contingente de bruxos e seres místicos. Nova Iorque está virando cede mística do mundo, principalmente agora que irão inaugurar aquele tal de Passo Místico, graças aquele centauro nojento.

— Mac, minha senhora. – Sullivan cortou a fala da deusa para dizer o nome do fundador do Passo Místico.

— Não. Me. Interessa. O. Nome. Dele. – Perséfone disse pausadamente, se curvando para frente do trono. – Eu disse que não devíamos nos aproximar de Louis, e você faz o quê? Pega Decatur e mata dois bruxos na entrada do Clã BPM. Mata! Se tivesse ao menos só atacado, seria um problema menor.

— Perséfone, aqueles dois pirracentos estavam fugindo das regras, e eram de Nova Iorque. Os dois não falaram o papoulônes quando fiquei cara a cara com eles. Eles fugiram de Nova Iorque causando algazarra pelos Estados Unidos inteiro até chegarem as portas de Louis.

— Você foi incompetente duas vezes, Sullivan! Na primeira em deixá-los fugirem de Nova Iorque, e a segunda em continuar atrás deles, mesmo depois de estar em Portland.

O Caçador de Dragões esperou um momento e então disse:

­— Por que você teme tanto, Louis? Por que não o matou quando foi possível? Por que os filhos dele ainda estão vivos? Por que obedecê-lo?

— Vamos lá, Sullivan. Você não é tão burro quanto se faz. Sabe muito bem que se eu matasse Louis, todos os Imortais iriam se virar contra mim. Não é questão de temer, é questão de saber jogar. Os filhos de Louis morreram logo, isso eu lhe garanto, assim como ele e Isadora. Eu só estou esperando o momento certo, para que eu continue com o apoio dos Imortais. – Perséfone pausou e olhou ao longe, pensando no futuro que esperava ter. – Hécate está terminando de afrouxar a maldição para que eu cubra os bruxos, depois disso os Francher serão apenas história.

— Você não acha que os Imortais cairão sobre você do mesmo modo? Você deu 10 anos para Louis se isolar, ensinar os bruxos que estão sobre os cuidados dele a te odiar, e sabemos que ele vem criando um movimento rebelde entre os seres místicos. Quando Hécate terminar o que está fazendo, Louis terá um exército enorme, temporário.

Perséfone fechou a cara.

— Você achou mesmo que os seres místicos não iriam se aproveitar que a maldição vai estar fraca para ficarem de frente para você? – Sullivan riu. – Eles atacarão! E sobre o comando de Louis. Mesmo que eu não tivesse cometido o erro de matar aqueles dois bruxos, uma hora o Francher atacaria.

A deusa e seu conselheiro ficaram pensativos durante alguns minutos quando as portas se abriram e delas entrou um pequeno menino. Pequeno o suficiente para chegar à metade da perna de Perséfone. Ele corria todo atrapalhado, com os olhinhos cor de vinho tinto brilhando.

— M-minha s-senhora! – Ele reverenciou Perséfone ao chegar ao sopé do trono. A cabeça virando para trás para poder olhar a deusa. – M-meu n-nome é Plue. Eu fu-fui escolhi-lhi-do para vir lhe tra-trazer as no-notícias.

Perséfone riu do duende todo atrapalhado.

­— Trazer esses pequeninos para trabalharem no palácio foi uma ideia genial! – Sullivan acompanhou a deusa na gargalhada. – Aracne merece um troféu pela genialidade.

­— Desembuche garoto. E tente não gaguejar. – Perséfone ainda sorria.

— Fo-fomos avisados de q-que Louis convocou to-todos os seres que o-o apo-poiam contra você. Pa-parece que ele já co-começou mov-ver algumas tro-tropas para fora de Portland.

— Quem lhes deu essa informação, Plue? – Perséfone percebeu a ameaça que sofria.

­— Quem mais tem teias por todo o mundo? Quem mais consegue ter contato com todos os seres do mundo? Quem possuí insetos por todos os lugares que zumbem no meu ouvido tudo que preciso saber?

— Aracne. – O Caçador disse entredentes.

A gigante viúva-negra com cabeça humanoide entrou, caminhando rapidamente, e sem ruídos, sobre as oito pernas. Plue saiu da frente e correu para fora da sala aos prantos.

— Aracne, o que você sabe sobre isso tudo? – Perséfone se levantou para encarar a aliada.

— Eu só irei dizer o que os meus insetinhos me passaram se você prometer que irá criar um grupo que possa te ajudar. Não os Imortais, um grupo formado por aqueles que te apoiam e que você livrou da maldição. Está na hora de ganharmos visibilidade e trabalharmos de verdade na causa, não apenas realizar favores para você. – A aranha bateu as pinças. – Se o seu plano der certo, e tudo vir por água abaixo, os deuses retornarão mais fortes do que nunca e nos castigarão ao Tártaro para todo a eternidade. De acordo?

— Tudo bem! – Perséfone bufou. – Eu criarei um grupo, mas depois que isso tudo for resolvido. Parece que temos uma guerra para travar.



Perséfone - A Origem (Bruxos e Deuses)Where stories live. Discover now