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+Moon Soo Yun+

Antes mesmo de abrir os olhos pude sentir cada parte do meu corpo gritar de dor. Não pude fazer muito além de agradecer quando abro os olhos e não há luz no cômodo, há algo de reconfortante na escuridão e no som do mar contra o navio, era em muitas maneira acolhedor para mim, que sempre podia deixar minha mente flutuar em meio a escuridão. Não controlo o impulso de olhar para o lado, Seokmin ainda dormia, calmo e sossegado, imerso em uma mansidão que não combina com sua agitação rotineira. Ele me arranca um sorriso quando se vira para o outro lado do grande sofá e abraça uma das almofadas como uma criança carente.

Tento não perturbar o silêncio quando me levanto, mas a dor que vem das minha costelas quase me faz deixar vários xingamentos escapar. Respiro fundo e sinto tudo doer novamente.

Decido aproveitar que o capitão está adormecido para trocar a camisa destruída que uso pela antiga de tecido negro que está em boas condições. E na escuridão eu me arrumo, voltando a me tornar Yunho, o chapéu do capitão cobre minhas tranças e o casaco vermelho faz o mesmo com as roupas negras. Aquilo era pouco tradicional, mas eu gostava, já não ligava mais para os hanboks coloridos, ou os vestidos caros que meu pai trazia de outros continentes, muito menos dos penteados elaborados e da maquiagem. Parece tudo tão fútil agora.

Sempre pareceu.

Ouço Seokmin resmungar e como um animalzinho com frio ele se encolhe. Ele teve pesadelos durante o sono, mas não acordou. Sempre que eu acordava porque via o rosto daquele homem caindo em uma imensidão azul e vermelha, ele estava ali, resmungando coisas desconexas e eu não pude fazer muito além de acariciar seus fios de cabelo e vê-lo se acalmar no minuto seguinte.

Então faço o mesmo, passando meus dedos pelo seu couro cabeludo em uma carícia que fazia para afastar os pesadelos de Jaehwan quando éramos crianças e deixo que fique com o meu casaco. O cubro e ele logo para de resmungar, se aninhando ao tecido vermelho vivo e bordado em vários arabescos.

— Tem o cheiro... Da Soo Yun...

Nunca irei admitir para alguém além de mim mesma, mas meu coração se aqueceu e a escuridão foi a única testemunha do meu sorriso.

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— O que faz aqui em baixo? — Não preciso me virar para saber quem está logo atrás de mim, reconheceria sua voz em qualquer lugar.

— Perdi minhas espadas e preciso de balas para a pistola. — Suspiro pegando minha pistola e mostrando para ele. — Lee Chan me disse que iria encontrar as armas que trouxemos aqui. E você, Jihoon?

— A vi vindo para cá e fiquei curioso.

— Agora que acabou sua curiosidade pode voltar ao que estava fazendo.

— Assim você fere meus sentimentos. — Sorrio e antes de retrucar ele abre um baú com espadas. — Vamos encontrar algo para você.

Ele vasculha o baú, não demora muito até ele tirar três modelos diferentes de espadas longas e colocar a minha frente.

— Sério? Espadas longas? — ele apenas dá de ombros.

— Por que não?

Nego com a cabeça e passo a prestar atenção nos modelos a minha frente. Já havia lutado com elas antes com o meu pai. Ele adorava espadas estrangeiras, principalmente as leves e rápidas francesas, como o florete que Seokmin usa, no entanto eles me lembravam das horríveis aulas de esgrima. Haviam outros dois modelos sobrando: uma espada longa e clássica ocidental não muito diferente do florete apenas mais longo, talvez europeia, uma rapieira, com o cabo adornado em volta do punho e a outra era uma katana japonesa, como as que o meu irmão sempre fora fissurado.

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