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+Lee Seokmin+

Meus pés doem. Doem pelo tempo que estou andando de um lado para o outro no convés recém limpo pelos meus homens. Odiava não saber o que fazer, ficar sem reação ou saída. E no momento eu realmente precisava de uma.

"Ela chegará em segurança ao norte, eu prometo."

Onde eu estava com a cabeça? Não consigo nem ao menos cuidar de mim mesmo, quem dirá de outra pessoa. Que maravilha... Preciso mantê-la em segurança, mas se eu não arriscar seu pescoço todos morreremos de fome.

Estamos navegando a dois dias. O galpão do Moon seria fácil de encontrar naquela pequena cidade que já era visível no horizonte, no entanto nenhum dos meus homens poderá falar com os senhores que cuidam do galpão, não sem causar um alarde. E precisamos de alguém que consiga permissão para atracarmos e abastecermos. A nossa última aventura teve uma repercussão maior que o esperado e a poeira ainda não baixou o suficiente para conseguirmos passar despercebidos então a chance de encontrarmos com oficiais e eles nos reconhecerem é maior do que a normal.

Moon Soo Yun é a resposta. Ninguém faz ideia de que ela está conosco e qualquer oficial perderia o foco ao olhar para aquele rostinho bonito. Contudo, ainda seria arriscado e de qualquer forma teríamos que nos virar se ela se recusar a ajudar. Nesses dois dias ela não saiu da cabine, tudo o que vejo é sua figura enterrada em uma pilha de livros que cresce mais a cada hora que passa, ela mal toca na comida que levamos para ela ou diz alguma coisa.

Ela ainda é um mistério. Pela forma que seu pai falava dela eu tinha uma visão diferente de como Soo Yun seria, a pequena princesa mimada do papai que não se importa com nada além dela, mas até agora não foi isso o que vi. Mesmo com tudo o que aconteceu, não a vi derrubar uma única lágrima, ou se lamentar pela situação e isso me surpreendeu. Talvez eu esteja errado em julga-la pela sua família ou não, no fundo estou apenas esperando um certo... Drama.

— Você vai acabar quebrando o piso assim. — A voz de Wonwoo me faz parar de andar e pela primeira vez sinto o vento frio da noite soprar em meu rosto. — Decidiu o que vamos fazer?

— Ela é nossa melhor saída, não vejo outra opção. — Deixo um suspiro escapar, não quero ter que pedir isso a ela, não quero ter que despejar algo tão importante sobre suas costas. — É arriscado, mas a chance de dar certo vai ser maior.

— Vai falar com ela agora? Creio que ela ainda está acordada, lendo. — Assinto pegando o chapéu que estava descansando sobre o timão e o colocando. — Ela leu quase metade da prateleira em apenas dois dias. Nem eu faço isso.

— Parece que nossa carga é de fato, muito interessante... — Juntos descemos os degraus e recebo um olhar nada feliz de meu amigo.

— Não fale dela assim, não é como se ela tivesse alguma escolha nessa situação, trate-a como uma convidada. Afinal, sabemos muito bem o que é perder a família. — As vezes o lado racional de Wonwoo me irrita, ele sempre está certo no que diz e não posso nem ao menos refutar.

Ele tocou em uma velha ferida, que estava cicatrizada a muito tempo, mas ainda incomoda e está claramente marcada e visível para mim. Por fim meu imediato toca meu ombro e desce as escadas a minha frente, sumindo depois do mastro principal. Há essa hora da noite, meus marujos devem estar dormindo ou bebendo pelos compartimentos do navio, espero que eles estejam descansando, amanhã será um dia agitado.

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