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Não consegui resistir ao ímpeto de piscar e coçar os olhos diante da cena, como se não fosse real e apenas fruto do vinho forte que tomei mais cedo em minha cabine. Contudo, ela estava ali, tentando estancar o sangue acima de sua sobrancelha e reclamando da escuridão daquele porão.

Vejo ela prender a respiração quando põe os seus olhos em mim. Mesmo ainda não a conhecendo direito podia ter certeza de que ela tentaria arrumar uma desculpa para o que havia acontecido ali, e por isso, decido manter minha boca fechada e minhas perguntas para uma hora apropriada. Não teríamos tempo para um interrogatório, pelo menos, não agora.

Sua boca se abre várias vezes, mas nenhuma palavra a deixa. Desvio minha atenção para os homens amarrados ali que agora olhavam tudo sem entender muita coisa.

— Estamos tomando o navio e estou disposto a deixar algo sobrar para levá-los até terra firme. — Surpresa passa pelos olhos deles e um burburinho baixo começa. — Com uma condição.

Os sorrisos murcharam, caretas tomaram o lugar da surpresa, mas alguns poucos olhos atentos e interessados me deu uma centelha de esperança.

— Quantos aqui já navegaram?  — Dez deles levantaram as mãos amarradas. Os outros ou apenas negaram ou continuaram a parecer que não entendiam nem metade do que eu dizia. — Preciso de tripulação, essa é minha condição.

Pude contar uns cinco que disseram que se juntariam a mim, mas os outros marinheiros viraram o rosto e disseram que não navegariam com piratas. Não me ofendi, mas fiz uma nota mental para deixá-los amarrados. Tentei falar com os outros homens e novamente eles não pareciam me entender. Soo Yun foi mais rápida que eu em perceber o que estava acontecendo, rapidamente ela se aproximou e começou a falar com eles, não em nossa língua, mas na deles, que reconheci como japonês mesmo sendo um péssimo linguista.

Sou pego de surpresa pela segunda vez quando eles nem ao menos hesitaram e concordaram em se juntar a minha tripulação.

— Eles irão nos ajudar. — Foi a única coisa que ela disse, ainda sem olhar em minha direção.

Um velho baú com sabres e espadas gastas descansa no canto e ouvindo o barulho alto da luta que vinha do convés eu levo até ela.

— Me ajude a soltá-los.

— Agora você quer minha ajuda? — O escárnio em sua voz me fez a encarar, sem acreditar na mulher que está na minha frente.

— Quero.

Não ouvi sua voz depois disso. Juntos fomos soltando aqueles que se juntariam a nós e distribuindo as armas. Os outros continuaram presos por garantia, apenas um ficou com a missão de soltar a todos quando a poeira baixar.

O tilintar das espadas e o cheiro de pólvora ainda era presente. Senti falta daquela algazarra depois de tanto tempo apenas navegando, sigo na frente saindo do porão e antes que possa me colocar na frente, ela sai em meio à luta sendo seguida pelos homens.

Suspiro sem paciência e a sigo com o florete em mãos.

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Uma garoa fina caía sobre nós, o que é um alívio já que mantivera o fogo apagado e o cargueiro flutuando. O capitão se debatia dentro do bote, suas mãos amarradas às costas só dificultavam a tarefa.

— Conseguimos o que queríamos. Vire o cargueiro para voltarmos ao noite eterna. — digo e Hyunjin assente, sumindo logo da minha vista e Hyunwoo passa por mim carregando uma pilha de novas roupas roubadas.

— Capitão Lee! — Ouço no meio da multidão e um rapaz não demora a aparecer para vir falar comigo. — Já ouvi muito sobre você.

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