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+Moon Soo Yun+

Encaro a pessoa no espelho, aquela imagem que está tão longe de ser a Soo Yun, mas que ao mesmo tempo, está tão perto do que eu sou de verdade.

Yunho era valente, corria perigo, fazia o que bem entendia quando queria.
Soo Yun nunca seria assim, jamais poderia. Isso me entristece de tal forma que cogito na possibilidade de parar no tempo e continuar vivendo só este momento.

Arrumo meu cabelo sob o lenço em um tom negro, mas alguns fios insistiam em escapar e depois de muito brigar desisto e deixo os fios da minha franja soltos.

As novas roupas serviram bem, com aquele aspecto largo que me acostumei em um piscar. Coloco, por fim, o chapéu de Seokmin e observo como as olheiras seriam o suficiente para desviar a atenção do corte em minha sobrancelha que cicatrizava e coçava de uma maneira irritante.

Mal dormi essa noite...

Meu sangue ferve, borbulha de raiva daquele sorriso. Seokmin não tem o direito de brincar comigo, de fazer meu coração disparar e meu corpo ansiar o seu. Contudo, não consigo esquecer seus braços à minha volta, sua respiração tão perto e isso só me faz ter mais ódio.

Ódio dele, por estar fazendo isso, ódio de mim por querer tanto isso a ponto de admitir para mim mesma.

Que droga.

Monto a pistola com pressa, calço as botas e verifico minhas lâminas, tentando me concentrar no que virá à seguir e não no que não chegou a acontecer na noite anterior.

Saio no corredor como se estivesse sendo seguida, infantil, idiota. Não encontro nada além de um corredor vazio, um suspiro de alívio é interrompido pela porta. Conto duas e meu coração para.

Vejo apenas um Wonwoo que parecia não se aguentar em pé.

E mais uma vez eu me odeio por estar reagindo assim.

— Bom dia, Soo... Yunho. — Ele encara o corredor como se tivesse sendo observado. — Seokmin saiu cedo. Se é que está procurando por ele.

— N-Não, não estou procurando por ele. — Estou gaguejando agora? Que ótimo... — Acabei de acordar, tenho que ir ao encontro do imediato do capitão Yoon.

— Ah sim, ele também te convocou para o serviço. Vamos juntos então.

— Está tudo bem?

— Creio que tenha me deixado levar na noite passada, nunca mais vou beber. — Sua careta me faz rir e ele se encolhe, percebo que está com dor de cabeça quando faz isso e opto por manter minha boca fechada. — Kim Mingyu deve estar nos esperando.

Se Wonwoo notou minha noite mal dormida, não comentou nada comigo. Gosto disso nele, o torna uma pessoa discreta.

Tento me recordar quem exatamente é Kim Mingyu. Foram muitos rostos a serem guardados ontem, mas me lembro dos capitães e seus imediatos.

O capitão Yoon me pareceu magro, as roupas todas em um preto chumbo destacavam isso e sua pele alva dizia que ele não sai com muita frequência de sua cabine e tudo ao redor dele cheirava ao tabaco de seu cachimbo. Ao contrário dos outros ele não usava nenhum chapéu, apenas um lenço que impedia seu cabelo, não muito longo, de cair sobre os olhos, ele não era alto, não perto de seu imediato. Mingyu me pareceu belo sob a luz da lareira da taverna, o cabelo escuro contrasta com a pele cor de caramelo e o rosto queimado pelo sol, eu o definiria como perigoso, do sorriso aos olhos, cada parte dele gritava perigo.

O outro poderia facilmente se passar por um corsário, Jisoo me parece estrangeiro, ele se porta diferente dos outros como se quisesse se lembrar de velhos hábitos. Sua postura era a de alguém que já foi nobre algum dia, mais ainda que o próprio Seokmin. Hansol, seu imediato, deve ser do mesmo país. Ambos têm o cabelo castanho claro e os olhos cor de mel. Eles não devem estar nesta vida à muito tempo a julgar pelo seu apego em parecer bem em público, a unica diferença marcante era que o imediato tinha o maxilar ligeiramente marcado enquanto seu capitão desfila uma aparência mais delicada.

Black Pearl » » Lee SeokminWhere stories live. Discover now