Capítulo 14: Pulegona

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《 Narrado por Jackson 》

  O caminho para casa foi tenso, o sol já estava pra se pôr, o clima no carro era de puro luto, agradeço por não ter sido necessário enterrar minha mãe ou a dos meninos, sei o quão doloroso isso seria… prefiro imaginar que eles estão vivos e assim como nós, sobrevivendo por aí.

  Chegamos de forma apressada, a primeira coisa que fiz ao descer do veículo foi correr para que pudesse ligar às luzes, enquanto tal ato não foi feito eu não me acalmei.

  Ligo os 5 interruptores das luzes que começam a acender me fazendo respirar de alívio.

— Jackson? — ouço uma voz calma me chamar, olho para trás e dou um sorriso ao ver que ele havia parado de chorar.

— oi Leno, você tá melhor? — ele concorda com a cabeça mas nenhum sorriso.

— vocês tem certeza que essas luzes vão ser capazes de segurar os monstros? — sua pergunta me deixou um pouco curioso.

— como vocês sobreviveram durante todos esses dias? — perguntou me aproximando.

— com Pulegona — ele diz com uma naturalidade como se soubesse disso a muito tempo.

— o que seria isso? — vejo a namorada de sua irmã chegando até a porta.

— mostra pra ele Leno — ela se encosta na porta com uma expressão de simpatia e o garoto concorda com a cabeça. Leno levanta a camisa me deixando ver uma grande cicatriz em sua barriga, eu conheceria aquele tipo de corte de longe.

— como sobreviveu? — indago.

— eu estava bebendo um chá de hortelã quando isso aconteceu, um deles quebrou a janela da sala e entrou para dentro… ele veio até mim em seguida, me atacou, como eu estava com medo, joguei o chá para cima, caiu nele que começou a se decompor, literalmente, como se estivesse queimando ele — o garoto explica e vejo que ele é mais forte do que eu pensava.

— fizemos pesquisas logo depois — completou a garota — Leno descobriu que na Hortelã existe um composto químico chamado Pulegona, e que pode ser bem tóxico para certas espécies, inclusive muitos ratos já morreram por causa deste composto, desde então, sempre nos protegemos com Pulegona.

— então... se injetarmos essa Pulegona nas balas, conseguimos matar eles? — os dois me olharam agora com um pequeno sorriso de esperança, em questão de segundos parei de ver os sorrisos, tudo ficou escuro.

— Jackson? — escuto Leno falando alto e o puxo mais para perto usando minha mão para tapar sua boca.

— não faz barulho — com a mão que estava livre, tento ligar as luzes novamente mas não obtive sucesso — droga, o gerador… vamos sair daqui.

  Pego a lanterna que sempre está em meu bolso por questões de segurança e vou iluminando o caminho, começamos a andar rapidamente procurando os meninos, que estavam do lado de fora da última vez em que os vimos. 

  Vi uma luz mais a frente semelhante a da minha lanterna, havia deixado uma com o Nick, que chegou junto à Chris e Lia.

— pro quarto — Nick sussurrou mandando que todos entrassem no quarto que havíamos dado a Leno.

  Entramos e fechamos a porta, com a ajuda dos meninos colocamos um guarda-roupa encostado na porta, Nick pediu para que todos ficássemos abaixados e logo o fizemos.

— isso não estava nos nossos planos, o gerador parecia ter mais durabilidade — Christian diz sussurrando enquanto tira uma das duas armas que havíamos dado a cada um — vamos lá.

— espera — Leno se arrasta até sua mochila e tira de lá uma garrafa com um líquido verde, logo depois, pede a nós três as balas antes de pôr nos pentes.

  O garoto molhou as balas com o líquido que tinham um forte cheiro de menta, expliquei rapidamente aos meninos o motivo de ele estará fazendo aquilo, em questão de instantes ele nos deu para que colocássemos nos pentes, Chris nos ensinou o que pode em questão de minutos sobre como carregar uma arma, como segurar e ela e como não atirar em seus amigos, espero que seja o bastante para sobreviver mais esta noite, não passamos esse tempo todo nos preparando para morrer na primeira queda de energia.

— se um deles nos achar, vai mandar sinal pros outros — Lia disse enquanto recebia a mochila do irmão e retirou duas mp5 de dentro.

— isso é a mochila de uma criança ou de um foragido da polícia? — Chris pergunta sussurrando ao terminar de carregar seu pente.

— todos se preparem, hoje não serão os humanos que irão morrer, eu tenho um plano! — Nick termina de por o pente no mesmo tempo em que eu termino — não é um plano 100% bom, não sabemos se eles irão morrer com essas balas, eles não andam em bandos, no máximo uns três, mas sabemos que depois que um deles nos localiza, manda sinal para os outros, se um deles conseguir entrar no quarto, o matamos, e a segunda parte do plano é…

  Antes que Nick pudesse terminar de falar um dos aliens pulou quebrando a janela com seu corpo e entrando dentro do quarto, mirei a arma em sua direção e atirei, os meninos fizeram o mesmo, nenhum de nós acertou o monstro.

  Lia levantou com as duas armas em suas mãos mirando na direção do alien e atirou sem errar nenhuma das vezes, aconteceu exatamente o que o Leno havia dito, ele começou a se decompor como se estivesse sendo queimado fazendo um barulho enorme, em questão de segundos ele parou de se mexer, havia morrido.

— hoje não serão os humanos que irão morrer — ela diz tirando sarro da frase de Nick e estica a mão pro mesmo o ajudando a levantar — qual a segunda parte do plano?

— correr — ele diz ao apontar a arma em direção a janela e atirar, havia outro alien lá, com toda certeza já deveria ter recebido o aviso.

  Tiramos o guarda-roupa do meio, iniciamos a corrida até os quartos em busca de nossas bolsas que sempre deixamos preparadas para ocasiões como esta, enquanto o outro alien fazia barulhos estranhos do lado de fora.

  Saímos para fora da casa, a luz da lua nos fez enxergar melhor do que estávamos dentro de casa, vi que os aliens haviam destruído todas as luzes que ficavam ao redor da Fazenda, não iríamos conseguir repor, temos que fugir.

— meus cavalos — Nick diz ao ver que seus animais estavam deitados no chão sangrando.

— temos que ir — digo segurando sua mão.

  Escuto um latido vindo de longe, olho para trás e mesmo no escuro eu reconheceria aquele latido.

— faróis — grito para Lia que já estava dentro do automóvel e fez o que pedi.

— corre raio — digo me abaixando estalando os dedos, foi quando percebi que ele não estava só correndo para vir até nós, e sim para se salvar.

  Levanto a arma e aponto em sua direção, tudo aconteceu muito rápido, em um piscar de olhos um dos aliens um pouco menor do que os que estamos acostumados, pulou em cima de raio, sua boca foi direto na pata do cachorro que caiu e gritou de dor.

— raio — Nick e Chris gritaram ao mesmo tempo e levantaram as armas.

  Começamos os três a atirar no monstro que soltou a pata do animal ao sentir a dor e começou a se decompor, peguei raio nos braços e o levei correndo até o veículo.

Para onde vamos agora? (Romance LGBT/Ficção)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora